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sexta-feira, 26 abril 2024

Igreja: Não à promiscuidade!

O cristão deve viver uma vida de santidade. Foto: Reprodução

Um novo tipo de comportamento sexual dentro da Igreja,ditado a partir do modelo do mundo, tem sido o grande desafio a ser vencido por pastores e líderes. O que fazer para conter a “invasão” da Igreja pelo mundo, protegendo o Corpo de Cristo e preservando a santidade?

Sempre existiu e existirá incompatibilidade entre a Igreja e o mundo. O pensamento cristão não se harmoniza com as filosofias de fora.

A fé em Cristo exige renúncia aos valores profanos. O próprio Jesus advertiu a seus discípulos que o mundo odeia a Igreja (João 15:18-19). Então, por que parece que algumas igrejas, erroneamente, têm buscado a aprovação do mundo, ficando cada vez mais parecidas com a secularidade em nome de não perder a audiência em seus templos?

Convencer o mundo de que a Igreja pode ser tão inclusiva, pluralista e“mente aberta” tem trazido um problema que precisa ser administrado com urgência por pastores e líderes: os valores distorcidos sobre o que é certo ou errado do ponto
de vista bíblico.

E uma questão bastante problemática que tem sido observada em muitas das igrejas cristãs diz respeito à sexualidade. É que muito líderes evangélicos têm feito “vistas grossas” ao se deparar com problemas que envolvam o assunto. Segundo o pastor Dinart Barradas, diretor nacional da Universidade da Família (UDF), coisas desse tipo não são novidade, nem criação do século 21. A tolerância com o pecado já era comum em Coríntios, era assunto recorrente nas cartas às igrejas da Ásia em Apocalipse.

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Igreja: Não à promiscuidade!“A exposição da sexualidade é uma questão de ibope. Outros pecados de menos visibilidade são igualmente tolerados com menos questionamentos. Em ambos os casos, a tolerância com o pecado trará consequências no devido tempo, tanto para os praticantes quanto para os que fizeram ‘vista grossa’”, avalia o pastor Dinart.

Para o psicólogo Samuel Costa, que ministra o curso Integridade Sexual pela Universidade da Família (UDF), o grande problema na questão de fazer “vista grossa” no que se refere à sexualidade é que a maior parte dos pastores lida com o assunto da forma como aprendeu. “Nos treinamentos que damos para liderança de jovens e adolescentes nas igrejas, normalmente pergunto a eles qual o significado da palavra luxúria, e quase nunca ouço uma resposta bem definida. Normalmente ligam ao luxo, ou excesso de alguma coisa”, diz.

No entanto, o psicólogo alerta para o fato de que a luxúria é a mãe de todos os pecados sexuais, ou como alguns consideram, parte dos sete pecados capitais. Ou seja, a falta de conhecimento é um dos maiores fatores que levam os líderes em geral (incluindo pastores) a se absterem desse tema nos ensinos e sermões.

O tabu é outro fator que os faz deixar de lado esse assunto tão importante. Certos costumes antigos e crenças erradas – e por que não alguns mitos? – a respeito desse tema levam pessoas em posição de liderança de se abster de falar ou falar de forma legalista, de um extremo ao outro.

“Os pastores e a liderança precisam se atualizar, fazer treinamentos e se informar sobre o assunto, conhecer. O pior problema é se omitir na busca de conhecimento, de verdade e de princípios bíblicos sobre o assunto”, destaca Samuel Costa.

O pastor Dinart revela que sexo continua sendo um tema para o qual não há medidas preventivas. Quando há, são de caráter restritivo e não educativo. “Como pastor, basicamente, lidei com sexo fora do casamento somente quando alguém me procurava para confessar a prática ou quando uma consequente gravidez exigia ação disciplinar. Falar em sexo na igreja é como falar sobre dinheiro: se fala muito tem algo errado, se fala de menos é omissão. É difícil mesmo achar o equilíbrio”, contrapõe.

Orientação sexual precisa começar cedo

As consequências da falta de orientação da Igreja quanto ao sexo tem gerado uma juventude que foge do casamento, para a qual o caminho mais próximo para o prazer rápido é não oficializar a relação, relativizando os valores, num comportamento descompromissado diante da Igreja e da sociedade. Em 1 Coríntios 6:18 está escrito: “Fujam da imoralidade sexual. Qualquer outro pecado que alguém comete não afeta o corpo, mas a pessoa que comete imoralidade sexual peca contra o seu próprio corpo”.

O pastor Júnior Fanticelli, diretor de Comunicação, no Espírito Santo, do ministério Casados para Sempre, explica que quando o sexo é pensado apenas como fonte de prazer, eliminam-se os demais aspectos positivos do ato sexual. “Sexo fora do casamento é como comprar um navio que está afundando: investiu errado, não tem qualquer garantia, vai vê-lo indo embora aos poucos e, pior, vai sair no prejuízo”, diz.

Fanticelli defende que a igreja tem grande responsabilidade na formação dos jovens e para isso precisa investir em ensinos constantes de qualidade. Se ela não trabalhar o tema como faz com outros pilares da vida cristã, os jovens evangélicos terão o mesmo comportamento sexual dos que não são da Igreja. Sexo não pode ser um assunto tratado apenas entre quatro paredes, mas também nos púlpitos e, principalmente, dentro de casa.

Igreja: Não à promiscuidade!“Precisamos urgentemente ensinar nossos adolescentes e, em alguns casos, até mesmo as crianças, sobre namoro e relacionamentos. Eu acho que estamos precisando de ações enérgicas e de cuidar bem dos corações de todas as idades.

A Bíblia não nos proíbe de pensar e nem de falar sobre todos os assuntos. Por que não falar de sexo?”, analisa o pastor. Desta forma, para evitar a relativização de valores e buscando orientar melhor seus membros, a Igreja Bola de Neve é uma das que vem realizando um trabalho diferenciado de discipulado. O pastor Wanderley Piccinini relata que a igreja tem focado no relacionamento, acompanhamento e ensino. Para ele, todos os membros da igreja devem ser orientados por meio de discipulado e ensino sobre como trilhar o caminho de uma vida consagrada e abençoada.

“Para os casais, a maturidade em Cristo e na Palavra deve vir primeiro, levando-os a renovarem os seus entendimentos pelo convencimento do Espírito Santo. Fechar os olhos e não aconselhar é colocar ‘panos quentes’. A Palavra de Deus nunca muda. Ela é eterna e poderosa, atemporal, transcultural e sobrenatural”, destacou. E orienta: “Para essa batalha, é necessária a utilização de linguagem apropriada, visão realista das batalhas enfrentadas, exortando firmemente, sem abandono, sem desqualificar seus membros. Esse é o primeiro passo para levar os jovens a lutarem pelo ideal de um namoro saudável”.

Sexo fora do casamento é pecado! Os pastores são unânimes ao reafirmar o que a Bíblia diz: se as pessoas têm vida sexual fora do casamento, pouco importa se são casadas, solteiras ou divorciadas: é pecado e ponto! Ao que parece, o mundo está moldando as igrejas, quando deveria ser o contrário (Rm 12,2). Há pastores e líderes mais permissivos e menos disciplinadores. Será pelo medo de reduzir seu rol de membros? Segundo o pastor Dinard, a sociedade de hoje tem a cara da igreja de daqui a 20 anos.

Quem diria que 20 anos atrás as pessoas veriam alguns fatos que acontecem hoje, na Igreja? Mas este é o processo do fermento ao qual o apóstolo Paulo se referiu: “Um pouco de fermento leveda toda a massa” (Gl 5:9). Para o pastor, a pequena tolerância de duas décadas atrás abriu o tremendo rombo de hoje. “Mudar este cenário?

Impossível. E que me perdoem os avivalistas de plantão, a previsão é de tempos difíceis e não de grande glória: Mateus 24:12, Lucas 18:8. O pecado vai ficando normal, não ao contrário. O que fazer então? Apocalipse 22:11”, adverte. Pessoas precisam estar menos vulneráveis A promiscuidade é um ponto que deve ser combatido com urgência dentro das igrejas. Mas como um líder ou pastor deve fazer isso, já que a questão ainda é um tabu em muitos templos evangélicos? De acordo com o pastor Dinart, o assunto deve ser trabalhado não somente pelo líder ou pastor, mas por todo chefe de família que quer manter a sua família unida. Alguns pecados pressupõem vulnerabilidade.

Pessoas vulneráveis espiritual e emocionalmente são mais propensas aos pecados de ordem moral. Para o psicólogo Samuel Costa, para resolver o problema é preciso haver envolvimento, capacitação e treinamento. Não se pode ensinar algo que não sabe como e o que falar. Uma sugestão seria ter pessoas capacitadas para lidar com esse assunto, equipadas com conhecimento bíblico, preparadas e sensíveis às necessidades dos outros.

Em nome da saúde da Igreja, a questão da sexualidade deve ser vista com prioridade, sem tabu. Quem já cometeu o pecado deve reconhecer o erro, se arrepender, pedir perdão, ser acolhido e tratado. A Igreja precisa deixar de fazer “vista grossa” e passar a disciplinar com amor suas ovelhas. Fazendo uma analogia, pastores e líderes devem agir como uma mãe quando pega o filho fazendo uma travessura. Ela não deixa de amá-lo, corrige-o e o ensina o caminho certo a andar.

A matéria acima é uma republicação da Revista Comunhão. Fatos, comentários e opiniões contidos no texto se referem à época em que a matéria foi escrita

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