A espiritualidade pregada por alguns artistas e empresas não precisa de um Deus, mas sim de “energia”, “fé” e “pensamento positivo”.
Por Cristiano Stefenoni
A palavra “espiritualidade” tem sido tão utilizada atualmente, que o termo corre o risco de virar “moda”. Artistas, influenciadores digitais, empresas e alguns coachings transformaram um estado de relacionamento com Deus em um verbo, quase um adjetivo, onde “ser” espiritualizado é sinônimo de ter paz interior e equilíbrio emocional.
O problema é que esse tipo de espiritualidade não precisa de um Deus, mas sim de “energia”, “fé” e “pensamento positivo”, atitudes que até um ateu pode ter. De acordo com o escritor Tiago Abdalla, mestre em Teologia Bíblica e em Ciências da Religião, a espiritualidade cristã diz respeito à qualidade de nosso relacionamento com Deus.
“A importância está na busca por aprofundar o relacionamento com o Criador e Redentor da vida. O cristianismo não se resume a um conjunto de ideias, mas envolve a experiência prática da revelação de Deus de um modo que cresçamos na comunhão com ele e no desfrute de sua presença”, explica Abdalla.
Para o escritor, o melhor exemplo de como cultivar a verdadeira espiritualidade cristã é o próprio Cristo. “Jesus se relacionava com o Pai de um modo tão real e vital quanto o ar que respirava. Muitas vezes, retirava-se para lugares isolados ou permanecia em um local até mais tarde, depois de despedir-se da multidão, para investir tempo em comunhão profunda com Deus. Jesus não apenas ensinava sobre oração, ele cultivava uma vida constante de relacionamento com o Pai”, ressalta.
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E ao contrário do que muita gente pensa, em que se ter uma espiritualidade forte em Jesus o isola da sociedade, Tiago Abdalla lembra que após todos os momentos de comunhão com Deus, Cristo tinha a alegria de compartilhar essas bênçãos com as outras pessoas.
“Longe de isolá-lo das pessoas e torná-lo introspectivo, esta comunhão o levava a uma vida de serviço sacrificial e desinteressado àqueles a seu redor. A espiritualidade de Jesus o direcionava aos outros, era ‘pés no chão’. Ela abrangia todas as esferas da vida e estava ligada a Deus e aos indivíduos de carne e osso a quem ministrava”, enfatiza.
E para quem deseja melhorar a sua espiritualidade, Abdalla orienta aos cristãos a lerem o Evangelho de Marcos. “Minha oração é que você não apenas defina ‘espiritualidade’, mas a pratique usando como modelo nosso Senhor Jesus. Somos chamados a olhar com atenção para cada movimento de Jesus e crescer em uma experiência cristã cada vez mais profunda e real”, finaliza.
