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terça-feira, 30 abril 2024

Evangélico pode fazer terapia?

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 86% dos brasileiros sofrem com algum transtorno mental. Foto: reprodução internet/Divulgação

Buscar ajuda psicológica deixou de ser considerada falta de fé e passou a ser alternativa para os crentes que passam por algum transtorno mental.

Por Cristiano Stefenoni

A fé move montanhas, mas a terapia ajuda a atravessá-las. Por um bom tempo acreditou-se que buscar ajuda psicológica era falta de confiança em Deus. Hoje, principalmente após a pandemia, o evangélico entendeu que associar o tratamento clínico ao espiritual é o segredo para superar uma cordilheira de problemas. E o crente não está só nessa luta.

A busca por terapias no país teve um aumento de 1820% em 2020, segundo dados da Fepo Psicólogos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 86% dos brasileiros sofrem com algum transtorno mental, como a ansiedade e a depressão. Além disso, somos o quinto país no mundo com mais problemas psicológicos, conforme dados do Instituto Ipsos.

Para o doutor em Psicologia e psicanalista especialista em Neurociência, pastor Édson de Oliveira Pinto, criou-se uma falsa ideia de que buscar ajuda profissional para tratar problemas emocionais é coisa gente louca, esquizofrênica.

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“Seria tão bom se todas as pessoas buscassem ajuda. Sabendo que Deus deixou os médicos e demais profissionais que cuidam da nossa saúde física e emocional, os cristãos deveriam ser os primeiros a buscar esse tipo de suporte”, afirma o pastor.

Ele explica que buscar ajuda em uma terapia não é algo vergonhoso para o cristão, mas sim necessário. “Assim como nós procuramos ajuda para nossa saúde física, como quando temos um problema no coração, por exemplo, muito mais ainda deveríamos buscar ajuda para saúde mental. Deus também atua na cura usando pessoas e medicamentos”, ressalta.

A hora de buscar ajuda

Para o doutor Édson, há duas formas de saber quando é a hora certa de buscar ajuda profissional: quando alguém próximo da pessoa percebe que ela não está bem emocionalmente e quando há uma indicação clínica feita por um médico.

“É possível observar alguns sintomas como: a pessoa não está dormindo bem, só fica pensando em algo que não sai da mente, tem alteração de comportamento, está com problemas no casamento, no aprendizado, na manutenção da família, enfim, são vários os motivos que levam o cristão a buscar uma terapia”, justifica.

Questões religiosas também influenciam

Mudanças na rotina eclesiástica também podem afetar a saúde mental do cristão. Segundo o pastor, isso costuma acontecer quando alguém muda para outro endereço de igreja e precisa se adaptar a uma nova realidade.

“Quando o membro chega a esse outro local ele não sente o mesmo prazer igual tinha na igreja que frequentava anteriormente. Então começa a haver uma dificuldade em sua espiritualidade. Ou então quando a pessoa passa a acreditar em uma crença diferente da que aprendeu. Isso desorganiza a fé. Qualquer doutrina que ele aprende e que tira a sua paz também é motivo para buscar ajuda terapêutica”, justifica.

Questões com filhos merecem atenção especial

De acordo com o especialista, há situações na vida dos filhos que podem ser impossíveis dos pais lidarem sem uma ajuda profissional, principalmente, quando há algum tipo de vício envolvido.

“Os pais cristãos não sabem lidar com alguns problemas e precisam buscar ajuda terapêutica. Às vezes o filho está se envolvendo com o cigarro, as drogas, a violência dentro de casa, ou seja, a situação ficou maior do que a família consegue resolver, então, precisa buscar ajuda terapêutica”, orienta.

Evangélico pode fazer terapia?

Quando o assunto é terapia, os filhos precisam de um cuidado especial. Foto: reprodução internet

Conciliando a terapia e a fé

A própria Associação Brasileira de Psiquiatria possui uma comissão voltada para a espiritualidade. Em todas as reuniões anuais da entidade, é levado aos psiquiatras informações sobre a vida espiritual do paciente, um suporte para ajudar o profissional a lidar com a fé das pessoas que fazem terapia.

“Um psiquiatra bem preparado não irá desfazer da fé do paciente, mas vai reforçá-la, utilizando-a para o seu reestabelecimento. Se algum profissional tenta desfazer de sua crença, então, é hora de procurar outro profissional”, explica o pastor Édson.

Evangélico pode fazer terapia?
Para o doutor em Psicologia e psicanalista, pastor Édson de Oliveira Pinto, criou-se uma falsa ideia de que buscar ajuda profissional para tratar problemas emocionais é coisa gente louca. Foto: divulgação

Cuidados na hora de escolher um profissional de saúde mental

De acordo com o pastor, todo o tratamento que lida com a nossa mente deve ser tratado com extremo cuidado. “São profissionais que vão tentar entender você e que te influenciam de alguma forma. Como há esse contato maior, as pessoas devem ter muito cuidado ao selecioná-los. Além disso é preciso estar atento ao tipo de abordagem que o profissional vai utilizar para que não venha a conflitar com a crença do paciente”, orienta.

O pastor Oliveira lembra que terapia não existe para questionar a fé, os princípios e os valores de ninguém. “A fé é uma expressão genuína da pessoa e deve ser respeitada. A terapia é um lugar para a pessoa refletir sobre o seu comportamento e aquilo que lhe traz sofrimento. Todas as induções que o levem a contradizer os seus princípios, você deve se afastar”, alerta o pastor.

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