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domingo, 28 abril 2024

Controvérsias assustadoras IV

“A igreja local reflete no contexto social o individual de seus membros que, em última instância, é a própria igreja”

Por Clovis Rosa Nery

A série de artigos intitulada “Controvérsias assustadoras” são sinopses de capítulos do livro “Desvios”. Acompanhe o artigo anterior aqui.

Quando o desejo é direcionado não é fácil distinguir se ele é genuíno ou introjetado, visto que ser diferente acarreta exposição social temerária para o marketing pessoal, com risco de exclusão, o que ninguém quer. Com isso, geram-se subjetividades, pois elas são forjadas na relação da pessoa com o ambiente. Havendo massificação de fatos negativos, a potencialização de neuroses evolui da possibilidade para a realidade.

Deus nos diz que somos filhos amados, e que Sua Graça nos basta. O mundo, com seu parâmetro que confere honras ao exterior, em vez de ao interior, diz que o mais importante é o ter, não o ser. Envolvidos pela onda da superficialidade, onde o descartável é apreciado, não raras vezes, iludimo-nos. Esquecemo-nos de que SER com Jesus, mesmo não tendo nada significa TUDO e que, TER sem Jesus, mesmo tendo tudo não significada NADA, pois “de que adianta uma pessoa ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” (Marcos 8:36).

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Nessa desconexão espiritual, orientados pelos desejos, tateamos correndo atrás de Deus, em vez de andarmos guiados por Seu Espírito. Deixamos de SER, porque, vivendo na periferia de uma vida espiritual plena, perdemos as bênçãos Celestiais. Experimentando inanição espiritual, para muitos, falta prudência no ato de caminhar. Por isso, são vulneráveis aos desvios. Quando se trata de um líder, ou alguém de destaque na comunidade, a coisa é mais séria, porque a maioria tende a segui-lo.

A igreja local reflete no contexto social o individual de seus membros que, em última instância, é a própria igreja. Se seduzida pelas diretrizes seculares pós-moderna, enfraquecerá sua fidelidade ao evangelho e relativizará a verdade. Foram nas trilhas do relativismo e do liberalismo que as igrejas europeias caminharam, e a maioria fechou as portas; enquanto que, na América do Norte, dezenas com inanição espiritual, “falecem” todos os dias. Outras, até continuam “vivas”; mas, são igrejas espiritualmente mornas que ensinam psicologismo e “louvam” com rock roll.

Outra questão controversa tem a ver com o ambiente segregador. As crianças têm seus cultos em separado dos adultos. Isso é salutar e necessário para o desenvolvimento sensorial dos infantes. Contudo, tal prática começa a ser adotada entre os jovens, inclusive com as celebrações aos sábados. Consequentemente, no domingo é difícil encontrar a maioria deles na igreja. Como formamos nossos hábitos por meio do comportamento contumaz essa segregação entrava o princípio da continuidade, sinalizando com relativa clareza que a descontinuidade a médio e longo prazo está sendo alimentada. Será que quando forem adultos eles irão, aos domingos, para o culto dos adultos? Basta olhar para as dead churches americanas. Lá está a resposta.

Ainda que seja por uma boa causa ─ a sobrevivência num mundo confuso ─ algumas igrejas locais estão se “reinventando”; mas, lamentavelmente, perdendo a identidade. É bom lembrar que o cristianismo confere significado à vida das pessoas; enquanto que modismos estimulam o ilusionismo.

Nessa incorporação da “boa forma”, há no Brasil comunidades religiosas criando apêndices à doutrina da propiciação que nasceu no coração de Deus (Romanos 3:25 e Hebreus 2:17), e que nos garante a bênção da adoção como filhos com consequente justificação de nossos pecados. Essa “modernidade” é preocupante e assustadora.

Clovis Rosa Nery é psicólogo, pesquisador e escritor.

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