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sábado, 20 abril 2024

Controvérsias assustadoras III

“Se a igreja pender em direções alheias à Bíblia perderá a identidade […]”

Por Clovis Rosa Nery

A série de artigos intitulada “Controvérsias assustadoras” são sinopses de capítulos do livro “Desvios”. Acompanhe o artigo anterior aqui.

Aqui foco nuances do cristianismo contemporâneo, independentemente de cor denominacional, convicto de que o cristianismo primitivo não é religião; é vida. É vida ativa com Deus que abençoa o próximo em todas as circunstâncias. Em parte, uma importante fonte inspiradora na elaboração deste texto foi a excelente obra do Pastor Luiz Sayão (Estudo da Bíblia em áudio. 4. ed. São Paulo: Rideel, 2015).

A igreja real, salvo exceções, sempre destoou em algum ponto da igreja ideal. Por isso, o apóstolo Paulo, em suas cartas, corrigia as comunidades cristãs primitivas, quanto a imoralidades, heresias e apostasias que minavam a sã doutrina. Lendo o capítulo 11, da carta aos Coríntios, constatamos falsos mestres, enganadores e aproveitadores da boa fé alheia, tentando desvirtuar a obra de Cristo. A epístola aos Gálatas alerta para os riscos de outro evangelho, anátema, apresentado por perturbadores religiosos. Em Colossenses a preocupação era com o orgulho espiritual daqueles que se julgavam superiores, e com uma onda mística/legalista na igreja.

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Também, o apóstolo Pedro, no capítulo 2, de sua segunda carta, alerta quanto a falsos profetas e falsos mestres, hereges, arrogantes, gananciosos e corruptos que usavam a religião para satisfazerem seus interesses.

Os desvios numa igreja da Ásia (Nome não consta no texto) eram tantos que o apóstolo João, em sua terceira epístola, endereçada ao ancião Gaio, conta que não era recebido pela liderança, exercida por um tal Diótrefes. Este gostava de ter primazia e era maledicente. Enfim, praticamente todas as cartas neotestamentárias registram a intenção de seus autores em tentar corrigir alguma falha.

Inexiste comunidade cristã perfeita, simplesmente porque não há pessoas perfeitas. É certo que cristãos no estilo tessalônico, o nosso mundo carece. Mas nem todos eles estavam livres de equívocos doutrinários (II Tessalonicences 2) e ociosidades existenciais voluntárias (II Tessalonicenses 3:11).

Contudo, nestes tempos de mudanças radicais bruscas se a igreja pender em direções alheias à Bíblia perderá a identidade, comprometerá a ortodoxia, ignorará a liturgia e engessará a ortopraxia. A secularização avançará de um risco potencial para um risco real numa velocidade jamais vista, porque a vida diária na pós-modernidade caracteriza-se pelo distanciamento dos absolutos, consagrando o liberalismo que pretere a cognição e exalta a emoção. O efeito colateral é que tudo tem preço e prazo de validade, onde os desejos ditam as diretrizes.

Assim, ramificações da cristandade poderão se tornar empreendimentos mercadológicos, negociando “bênção” e “salvação” nas esquinas. As pessoas serão manipuladas, em vez de espiritualmente abençoadas e abençoadoras. E tudo será praticado naturalmente em nome de Deus, numa espécie de retorno às antigas e corruptas práticas indulgentes. Se você já viu algo semelhante por aí não é mero acaso. Há um grande risco aqui, porque se firmar deliberadamente numa “sinagoga” herética pode significar amar a glória humana, e desprezar a Glória de Deus (João 12: 42 e 43).

A carta aos Romanos inicia ensinando que a natureza do evangelho é o próprio Deus, e o seu conteúdo é Cristo revelado aos homens que transforma integralmente quem crê e obedece. O evangelho é de Deus. Não compactua com ideologias e políticas humanas. Seu objetivo principal não é a realização de curas e milagres, senão a redenção do homem, porque o verdadeiro cristão não fica esperando Deus falar; ele examina a Bíblia para saber o que Deus já falou. O cristianismo contemporâneo precisa resgatar esta verdade.

Clovis Rosa Nery é psicólogo, pesquisador e escritor.

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