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sexta-feira, 26 abril 2024

Reflexões sobre a tragédia de Cascavel

Reflexões sobre a tragédia de Cascavel
Por Gilson Bifano


Fiquei chocado com a tragédia acontecida no dia 30 de julho na cidade de Cascavel, interior do Paraná. Um menino, de apenas 11 anos, teve seu braço dilacerado por um tigre. As imagens do garoto atiçando o felino são impressionantes. Acidentes acontecem, mas fico a pensar que muitos deles poderiam ser evitados se houvesse uma cultura de prevenção em nosso país e se os pais tivessem mais autoridade sobre seus filhos.

O acidente já poderia ser evitado se a administração do zoo tivesse o cuidado de tornar mais difícil a aproximação dos visitantes da grade dos animais.  Não deveria ter ali um fosso? Uns cinco dias depois o pai do menino deu entrevista ao “Fantástico”, e fiquei a pensar sobre muitas das suas respostas. Não quero, por meio deste artigo, lançar mais dor sobre o pai do menino, mas não podemos desprezar a oportunidade que a triste circunstância nos oferece para fazer algumas reflexões. Em entrevista ao programa da Rede Globo, ele disse algumas coisas que, como já afirmei, chamaram-me a atenção e servem de reflexão. O pai  garante que não viu o menino pular a cerca de proteção da jaula do leão e que, quando viu o filho brincando com o felino, achou tranquilo. Tudo bem que o leão talvez estivesse tranquilo, mas o garoto já tinha quebrado uma regra e deveria ser repreendido severamente, pois tinha ultrapassado os limites. Mas o que me chamou ainda mais a atenção foram as palavras do pai que aqui transcrevo literalmente. Disse ele: “Eu falei para ele que não entrasse mais. Eu falo com ele sempre de uma maneira muito calma, quando ele saiu eu falei para que ele não entrasse.

Por várias vezes ele entrou e eu falei para ele não entrar”.  Desculpe-me, mas tem hora, que como pais, não podemos falar calmamente com nossos filhos, especialmente quando correm risco de vida. Seria o mesmo que, ao perceber que o filho esteja com um litro de gasolina e uma caixa de fósforo, e dizer: “Filho querido, amor da minha vida, eu creio que seria perigoso haver uma combinação de gasolina e um fósforo aceso”. Eu aconselho, gentilmente, a deixar essas coisas nos seus devidos lugares”. Não seria a hora, de falar duro e dar umas boas palmadas? Mas agora tem a lei da palmada, e os pais não podem fazer isso, não é? Outra reflexão: onde estava a autoridade de um pai que, ao falar por várias vezes, o filho não atendeu. Pais com autoridade na vida de um filho, precisam falar, no máximo, duas vezes, e o filho atende. Quando isso não acontece, vemos crianças desobedientes. Sobre o momento em que o filho estava perto da grade do tigre, depois de já ter ultrapassado o limite perto da jaula do leão, disse: “Ele estava empolgado e com um pouco de teimosia”. Com um pouco de teimosia? Uma combinação de descuido da administração do zoo, falta de autoridade e de severidade por parte do pai diante do perigo, mais um “um pouco de teimosia”, deu no que deu. A receita perfeita para a tragédia.

é pastor, líder do Oikos, Ministério Cristão de Apoio à família; pós-graduado em Terapia da Família; pedagogo; escritor e filósofo.

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