A ameaça foi feita pela TV em cadeia nacional, em seu primeiro discurso após vencer eleições russas. Líderes mundiais reagiram
Por Cristiano Stefenoni
No primeiro discurso após a polêmica reeleição com 87,3% dos votos, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, aproveitou a ocasião para ressaltar a supremacia russa e mandar alguns recados: ele disse que não seriam intimidados por conta da guerra na Ucrânia e que qualquer tentativa de envio de tropas por parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), para lutar ao lado dos ucranianos, poderá levar à 3ª Guerra Mundial.
“Acho que tudo é possível no mundo moderno. Mas eu já disse e está claro para todos que isso (o envio de tropas à Ucrânia) será apenas um passo de distância de uma 3ª Guerra Mundial em grande escala. Acho que ninguém está interessado nisso”, disse Putin em transmissão ao vivo pela televisão.
O presidente russo afirmou que, ao longo da história, outras nações tentaram intimidar e suprimir a Rússia, mas sem sucesso. “Não importa o quanto alguém tente nos assustar, quem tente nos suprimir, nossa vontade, nossa consciência, ninguém jamais conseguiu ter feito tal coisa na história, e isso não vai acontecer agora e não vai acontecer no futuro. Nunca”, ressaltou.
Antes mesmo das eleições, Putin tem dado várias demonstrações de força política e militar frente às outras nações. Na quinta-feira passada (14), por exemplo, o presidente russo afirmou que o país tem um projeto de criar um uma unidade de energia nuclear no espaço.
O chefe da agência espacial russa, Yuri Borisov, já havia adiantado que a Rússia e a China estão desenvolvendo uma iniciativa conjunta de criar uma usina nuclear na Lua, cuja instalação estaria prevista para entre 2033 e 2035.
O resultado duvidoso e sem transparência das eleições russas e as palavras de Putin geraram repercussão imediata entre os demais líderes mundiais, aumentando ainda mais o clima nada amistoso com a Rússia, algo que não se via desde a Guerra Fria, que durou até o início da década de 90.
O Ministério das Relações Exteriores da França divulgou nota dizendo que “As condições de uma eleição livre, plural e democrática não foram respeitadas de novo”. Pelo X (antigo Twitter), o porta-voz do presidente da Alemanha, Cerstin Gammelin, também criticou o resultado das eleições. “Hoje penso nas pessoas que lutam pela liberdade e democracia na Rússia e que vivem em constante perigo por causa do regime de Putin”, postou.
O ministro da Defesa do Reino Unido, Grant Shapps, chamou Putin de “Stálin dos nossos dias”. Já os “parabéns” vieram de países como Bolívia, China, Coreia do Norte, Cuba, Irã e Tajiquistão. O líder do Kremlin praticamente não teve dificuldades em se reeleger, visto que os candidatos da oposição, na maioria, foram mortos, presos, exilados ou impedidos de concorrer.