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quinta-feira, 2 maio 2024

O dilema entre assistir ao culto online ou presencial

A transmissão do culto online virou uma opção para quem não vai à igreja presencialmente, mas não abre mão da adoração. Foto: Freepik

Há quem não ache necessário ir pessoalmente à igreja, pois Deus está em todos os lugares. Mas muitos defendem que a adoração presencial é indispensável na adoração.

Por Cristiano Stefenoni

Com tanta tecnologia à disposição e as transmissões dos cultos online, é cada vez mais comum vermos irmãos abrindo mão de ir à igreja para assistir à programação de casa. Claro que, em algumas situações, não dá para ir pessoalmente adorar no templo. Mas há quem não ache isso necessário, já que Deus está em todos os lugares. Por outro lado, muitos defendem que nada substitui a adoração presencial e que essa é a vontade divina.

Entre essas pessoas que não abrem mão de ir presencialmente ao culto está a missionária Edméia Willians. Conhecida nas redes sociais por suas mensagens de consagração do povo de Deus, ela explica que há diferença entre “ser” igreja e “adorar” como igreja.

“Eu, sozinho, sou o templo do Espírito Santo, mas a palavra ‘igreja’ vem ‘eklesia’ que quer dizer ‘congregação separada com objetivo de adorar um Deus’. Eu sou templo, mas congrego como igreja. Não se trata de uma reunião normal como outra qualquer. É uma união presencial da igreja que é separada para aquele momento”, ressalta a missionária.

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De acordo com ela, Deus criou suas criaturas, como anjos e serafins, por exemplo, para o adorarem. Algo que existe no universo há muito tempo, antes mesmo de existir o planeta Terra. O próprio João, em sua visão no capítulo 4 de Apocalipse, viu Deus sendo adorado em Seu trono.

“Primeiro precisamos saber quem é o nosso objeto de culto. Deus tem sido cultuado ao longo da eternidade. Esse culto é eterno, nunca termina. Tudo o que se passa em um culto aqui na Terra está ligado a adoração no Céu”, afirma Edméia.

Outro ponto abordado pela missionária é em relação ao privilégio de ir pessoalmente adorar ao Senhor em meio à congregação. Ela cita o exemplo dos Reis Magos, que viajaram longas distâncias em comitiva unicamente para ter a oportunidade de adorar a Jesus pessoalmente.

“Os Reis Magos gastaram tempo e se prepararam para ir adorar a Jesus. Eles não O adoraram onde estavam, mas viajaram até Jerusalém. Então, se hoje você tem liberdade para sair, ir ao supermercado, ao banco, ao teatro, deveria ter o prazer e o privilégio de ir congregar”, justifica.

A missionária diz que o Espírito Santo está conosco todos os dias, em qualquer lugar, mas adorar em congregação é um privilégio único e deve ser feito em comunhão com os irmãos na igreja, onde o “eu” dá lugar ao “nós”.

Ela cita Hebreus 10:25, que diz: “Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas encorajemo-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês vêem que se aproxima o Dia.”

Além disso, a missionária lembra que Deus ama se reunir com o Seu povo. Na época das 12 tribos de Israel, o Senhor orientava para que eles se unissem durante asa festas. Também pediu para que construíssem um santuário onde pudesse estar no meio dos adoradores. “Era a alegria de Deus que todos estivessem juntos. Ele quer estar no meio do Seu povo presencialmente”, afirma.

A missionária alerta ainda para que o crente discipline a mente para não criar desculpas para faltar ao culto e que, apenas em situações graves, há motivos para não ir à igreja.

“Mossa mente é rápida em produzir desculpas para o nosso mal proceder. Mas existem situações em que pessoa não pode ir, está doente, impossibilidade de se mover. Nesse caso a pessoa deve ligar para o seu pastor e avisá-lo. Ele precisa saber para acompanhar a situação, levar a ceia e pedir a igreja para que ore pelo enfermo”, ressalta.

Há os que acreditam que Deus não precisa de paredes para ser adorado

Contudo, para o teólogo Lourenço Stelio Rega, a cultura eclesiástica levou a crer que o templo físico é indispensável para a adoração quando, biblicamente falando, não é.

“Igreja não é uma coisa ou mesmo um lugar. Cristo não morreu e ressuscitou por espaço, mobiliário, equipamentos, bancos, mas por pessoas que precisam ser salvas. A igreja, portanto, somos nós salvos por Jesus, e isso tem elevada relevância pois o ser igreja não se restringe a um espaço geográfico ou no tempo da semana. Como ir à igreja se somos a igreja?”, enfatiza.

O teólogo lembra que muita gente acredita que, se não for a igreja, será castigado por Deus, mas não é assim.

“Igreja para muita gente passou a ser um ponto de encontro de final de semana e o culto, um tipo de ‘missa evangélica’, em que se vamos somos abençoados, se não vamos somos castigados. Uma espécie de legalismo sacramental em que os cultos me parecem virando um meio de graça que vai tomando o lugar da própria graça de Jesus”, afirma Stelio.

Outro ponto abordado por ele é que, no passado, Deus procurava um local físico para ser sua habitação, como o tabernáculo, depois o templo, que eram espaços únicos, repleto de cerimoniais e rituais. Contudo, hoje, o espaço de habitação do Senhor mudou de lugar.

“Não haveria mais onde se localizar em algum espaço físico, mas dentro do coração da pessoa, do adorador. Essa discussão vai se prolongar por meio das últimas palavras de Estevão antes de sua morte (At 7.48), pela teologia paulina em que Deus não habita em templos feitos por mãos humanas (At 17.24-31), que o nosso corpo é o santuário de Deus (1 Co 6.19) e que ele deve ser colocado no altar do Criador (Rm 12.1)”, justifica.

Para o teólogo, é importante que o crente nunca perca de vista que ele é a igreja e que ir a um culto está mais ligado a aprendizagem do que a adoração, necessariamente.

“Diante de tudo isso é possível compreender que a igreja não é um local ou um programa, mas um grupo de adoradores que entendem e obedecem a missão de Cristo. Infelizmente a formalização do que seja igreja, em que programas, planejamentos, atividades, seus aspectos institucionais etc. se tornaram fim em si mesmos”, finaliza.

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