No próximo domingo é celebrado o Dia Nacional do Idoso. Momento é ideal para refletir sobre o papel do crente no tratamento com a terceira idade. 

Por Cristiano Stefenoni

No próximo domingo (1º) é celebrado o Dia Nacional do Idoso e Internacional da Terceira Idade. Os nomes são diferentes, mas a proposta é a mesma: ressaltar a importância das pessoas com idade avançada e fomentar medidas que ajudem a dar melhores condições de vida e respeito a esse grupo. E a igreja tem um papel fundamental nessa missão.

Primeiro pela realidade do Brasil, já que o país caminha para o envelhecimento da população. São 31 milhões de brasileiros com idades acima dos 60 anos e que deve chegar a 76 milhões em 2050, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Segundo porque o Estatuto da Pessoa Idosa (lei Nº 10.741) completa 20 anos em 2023, mas com poucos avanços na prática. A realidade ainda é de idosos abandonados, desrespeitados e excluídos da sociedade. Cerca de 35% deles vivem sozinhos em suas casas e 19 mil estão em asilos, muitos, clandestinos, conforme dados do IBGE.

Isso sem contar a agressão física e psicológica. Só nos primeiros cinco meses deste ano, o Disque 100 registrou mais de 47 mil denúncias de violência contra pessoas idosas, que apontam para 282 mil violações de direitos como violência física, psicológica, negligência e exploração financeira ou material.

E ainda há a necessidade do apoio vacinal, os gastos com remédios, a falta de políticas públicas eficazes, um valor previdenciário aquém das demandas, entre outros transtornos.

“O Brasil ainda não está preparado para circunstâncias que o envelhecimento traz. A gente está falando de um mercado de trabalho para pessoas idosas, de programas específicos de saúde para que os hospitais tenham condições de oferecer uma maior dignidade e proteção, e também de assistência social, de instituições de longa permanência”, alerta Monize Marques, juíza e coordenadora da Central Judicial do Idoso do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), em depoimento à Agência Brasil.

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Na Bíblia, de Gênesis a Apocalipse há orientações e histórias que são exemplos de como tratar os mais velhos: José cuidou de seu pai idoso Jacó (Gênesis 45:9-11; 47:11, 12), Rute deu apoio à sua sogra idosa (Rute 1:16; 2:2, 17, 18, 23) e Jesus, antes de morrer, deixou com João a responsabilidade em cuidar de sua mãe na velhice (João 19:26, 27).

Aliás, o amor de Deus para com os Seus filhos que já estão na terceira idade pode ser visto em Isaías 46:4: “Mesmo na sua velhice, quando tiverem cabelos brancos, sou Eu aquele, aquele que os susterá. Eu os fiz e eu os levarei; eu os susterei e eu os salvarei”.

“Nós precisamos entender que nossos idosos estão aptos e prontos a servir ao nosso Deus de uma forma objetiva e direta. Os anos de vida de nossos irmãos trazem com eles um saber fazer muito diferente da nossa realidade”, explica o pastor Marcos Bolzan Rodrigues.

Já o pastor Raphael Abdalla, da Primeira Igreja Batista de Guarapari, diz que o amor de Jesus deve levar o cristão a zelar pela vida das pessoas idosas. “Devemos cuidar dos nossos idosos, investir neles, abrigá-los, dar todo e completo auxílio. Essa é a lógica do Evangelho, do amor e do cuidado”, orienta o pastor.

Cuidados da igreja com os idosos:

Acessibilidade
Veja se os idosos terão facilidade para chegar e transitar na igreja, bem como em outras dependências como banheiros e lanchonete, por exemplo.

Auxílio
Alguns idosos precisam de auxílio para ajoelhar, se levantar, ir ao banheiro, pesquisar na Bíblia, entre outras atividades. É preciso ter membros treinados para esse tipo de serviço.

Cargos e atividades
Há idosos plenamente produtivos, ativos e prontos para ajudar nas atividades eclesiásticas. Além disso, sua experiência pode ser muito útil na tomada de decisões da igreja, para dar estudo bíblico, pregar, cantar, aconselhar, orar, recepcionar, entre tantas outras tarefas importantes. Converse com eles e veja em quais áreas podem ajudar.

Lazer e eventos
Não são só os jovens que precisam de atividades de lazer e palestras. Inclua no cronograma anual da igreja programas específicos para os idosos, como saídas para passear, palestras com temas de interesse deles, gincanas, artesanato, culinária, entre outras ações.

Valorize
Não deixe o idoso ser um membro “invisível”. Abrace, cumprimente, puxe conversa, demonstre interesse, ouça com atenção o que eles têm a falar, ore por e com eles, ofereça ajuda, enfim, faça por eles o que espera que façam por você no futuro.

Apoio fora da igreja
O irmão idoso precisa de suporte também fora da igreja. Ofereça transporte para ir ao culto, vá visitá-lo em casa ou no hospital se estiver doente, procure saber como está sua situação financeira e se precisa de algum tipo de suporte com alimentação, remédios, por exemplo, etc.

O Estatuto da Pessoa Idosa e seus desafios:

• Proteger contra abusos físicos, psicológicos e financeiros.
• Garantir atendimento médico adequado e acesso a medicamentos.
• Adaptar o sistema previdenciário ao envelhecimento da população.
• Garantir moradia digna.
• Promover a inclusão e a recolocação de idosos no mercado de trabalho.
• Promoção de atividades para combater o isolamento social.
• Conscientizar a sociedade sobre os direitos dos idosos e combater o preconceito.