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terça-feira, 30 abril 2024

“Ninguém pode falar em nome dos evangélicos”

O deputado deputado federal pastor Henrique Vieira (Psol-RJ) argumenta que, aproximadamente, 60% do eleitorado evangélico votaram em Jair Bolsonaro e os outros 40% foram com o presidente Lula, ou seja, há um equilíbrio nessa divergência de opiniões. Foto: montagem foto Ricardo Stuckert e Marcelo Camargo/ Agência Brasil

A fala é do deputado federal Pr. Henrique Vieira, onde afirma que há equilíbrio entre apoiadores evangélicos de Lula e Bolsonaro. Mas teólogo Stelio Rega rebate

Por Cristiano Stefenoni

A polarização que evolve os deputados da bancada evangélica em Brasília ganhou um novo capítulo. No último domingo (17), o deputado federal pastor Henrique Vieira (Psol-RJ) fez uma afirmação de que há um equilíbrio na divisão entre os que apoiam o presidente Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro, e que “ninguém pode falar em nome dos evangélicos”.

As declarações fortes e polêmicas foram publicadas em uma entrevista na edição dominical do Correio Braziliense. Ele argumenta que, aproximadamente, 60% do eleitorado evangélico votaram em Jair Bolsonaro nas eleições de 2022 e os outros 40% foram com o presidente Lula, ou seja, há um equilíbrio nessa divergência de opiniões. “Isso não é 98 a 2, não é 80 a 20, é quase meio a meio”, ressalta.

Segundo o deputado, é exatamente por conta desse “equilíbrio”, que é muito complexo um determinado grupo tentar falar exclusivamente em nome dos evangélicos. “O campo evangélico é muito diverso. Ninguém pode falar em nome dele, não é um grupo coeso”, ressalta.

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“Ninguém pode falar em nome dos evangélicos”
“Não vejo incompatibilidade entre a minha fé e a minha posição política”, afirma o deputado federal pastor Henrique Vieira (Psol-RJ). Foto: Câmara dos Deputados

Sobre suas posições em que defende pautas da ala da esquerda, ele explica que nada disso atrapalha a sua fé ou comunhão com Deus. “A minha fé em Jesus sempre me levou à simplicidade de amar o próximo. Pelo menos, esse é o meu objetivo de vida – uma agenda de Direitos Humanos, de justiça social, de combate à pobreza, de promoção da paz, de cuidado com o meio ambiente, de respeito à diversidade. Não vejo incompatibilidade entre a minha fé e a minha posição política”, afirma.

Durante sua entrevista, ele ainda apoiou a aprovação de Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal (STF), onde ressaltou a “trajetória belíssima” do novo membro da Corte. Ele também criticou as atuais políticas contra o aborto dizendo que elas não “diminuem o número de abortos e ainda colocam as mulheres numa situação de muita vulnerabilidade”.

Teólogo questiona falas de deputado

Para o teólogo Lourenço Stelio Rega, Ph.D. em Ciências da Religião, as falas do deputado federal, pastor Henrique Vieira (Psol-RJ), são sem fundamentos. Na sua opinião, apesar de ser notório que há uma divisão entre os evangélicos que são a favor ou contra o atual governo, não há como mensurar isso.

“De fato é praticamente impossível falar em nome dos evangélicos no Brasil, mesmo porque sua fragmentação é notória. Mas ‘etiquetar’ os evangélicos com uma fita métrica entre esquerda e direita é desconhecer o real sentido da igreja, mas, mais do que isso, é desconsiderar e até mesmo simplificar o seu papel no mundo. Aliás, sobre isso, penso que até mesmo líderes evangélicos têm desconhecido o real papel e objetivo da igreja”, justifica.

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“Me parecem mais afirmações opinativas que não conseguem se sustentar diante de avaliação mais acurada do ponto de vista filosófico, teológico e exegético”, rebate o teólogo Lourenço Stelio Rega. Foto: Divulgação

Sobre a posição em relação ao aborto, Stelio Rega diz que o deputado se contradiz já que foi o próprio partido dele, no caso o Psol, que entrou no Supremo Tribunal Federal (STF), juntamente com o Instituto Anis, em favor da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 442), que visa a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação por qualquer motivo. “Bem interessante é sua posição contra o aborto, sendo do Psol, pois é esse mesmo partido que ingressou no STF com esse tema a favor do abortamento até 12 semanas”, lembra Rega.

O teólogo ainda questiona o fato de o deputado dizer que suas ideologias são baseadas no amor e que elas não atrapalham a sua fé. “Sobre a sua posição não atrapalhar a sua fé, que se lastreia no amor, será necessário perguntar-lhe: qual amor? Ao próprio, ao próximo ou a Deus, considerando os valores expressos em Sua Palavra?”, questiona.

Para Stelio Rega, as falas do deputado deixam em aberto uma série de possibilidades, inclusive, que vão contra os princípios cristãos. “Com base nisso, hoje decisões favorecem, por exemplo, o poliamor (poligamia consentida), que são legitimadas como fruto de união afetiva. Então, as coisas não são assim tão simples como o nobre deputado se expressou. Me parecem mais afirmações opinativas que não conseguem se sustentar diante de avaliação mais acurada do ponto de vista filosófico, teológico e exegético”, finaliza.

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