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sexta-feira, 19 abril 2024

Terceira idade: Sabedoria integrada à Igreja e à sociedade

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Foto: Reprodução

O número de idosos cresce a cada ano. Diante desse cenário, igrejas, família e comunidade buscam formas para mantê-los integrados

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que até o ano de 2050 mais de 2 bilhões de pessoas no mundo terão acima de 60 anos de idade. E de acordo com o levantamento mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de idosos (pessoas com mais de 60 anos) dobrou nos últimos 20 anos, somando 23,5 milhões de brasileiros, superior ao dobro do registrado em 1991, quando a faixa etária contabilizava 10,7 milhões de pessoas.

A expectativa de vida ao nascer no Brasil subiu para 74,9 anos em 2013, para ambos os sexos, conforme o IBGE. Com isso, o amadurecimento da população é uma realidade nunca antes vivenciada no país, e dentro das igrejas não é diferente. A partir daí, surgem questionamentos do tipo “como incentivar a integração social, espiritual e emocional dos idosos à vida da igreja e da comunidade?”.

A Bíblia, em Gênesis 25:8, aborda que a longevidade é uma bênção de Deus, uma condição espiritual e sobrenatural dada por Ele aos Seus servos para que estes tenham uma vida longa e cheia de maravilhas. Por conta disso, as igrejas estão promovendo a participação da terceira idade em diversas atividades.

É importante lembrar que os líderes precisam estar atentos não somente aos trabalhos específicos para os vovôs e as vovós, mas que também promovam sua integração a todas as atividades ministeriais. Afinal, como explicou o pastor da Igreja Apostólica Ministério Gileade, Romney Cruz, responsável pela comunicação da congregação, eles “são pessoas maravilhosas, com sabedoria profunda, conhecimento bíblico excelente e que têm muito a nos ensinar”. Terceira idade: Sabedoria integrada à Igreja e à sociedade

Diversidade

A Primeira Igreja Batista de Vitória está entre as que têm desenvolvido trabalhos para a melhor idade, além de sua integração com as outras tarefas da membresia. Há atividades como Escola Bíblica (específica para os idosos), União de Treinamento, Coro da Idade Feliz, Quarteto Masculino, Tardes Alegres, passeios, festas e congressos.

Segundo o coordenador do Ministério da Feliz Idade, Manoel Hugo dos Santos Filho, 73 anos, esse trabalho é importante. “Aposentei-me quando tinha 50 anos, mas vi a necessidade de fazer alguma coisa, pois nossa vida gira em torno de uma satisfação pessoal. Quando a gente trabalha, está ativo, há esse tipo de retorno. Quando a pessoa se aposenta, isso não existe mais. Então, é preciso fazer algo, pois se o idoso não ficar ativo, ele ‘morre’. Juntei o útil ao agradável: estou ativo, trabalhando na Feliz Idade, e me divirto muito. Como coordenador, sempre falo para nossos idosos que eles são fonte de aconselhamentos, por exemplo”.

O Coro Feliz Idade é composto por 45 vozes, com apresentações previstas a cada dois meses. Nas Tardes Alegres, às quintas-feiras, as mulheres se reúnem para fazer e ensinar artesanato. Todas as peças produzidas são vendidas num bazar, e a renda é revertida para as missões nacionais da igreja.

Mãe de quatro filhos e avó de sete netos, Maria Madalena da Silva Lopes, 68 anos, não só participa do grupo da PIB de Vitória como é presidente da União de Treinamento, um dos “braços” da Feliz Idade. Segundo ela, as atividades visam ao crescimento espiritual e ao desenvolvimento social e emocional de cada participante. “Fazemos o estudo bíblico de uma forma lúdica para atrair a atenção com representações teatrais, programas musicais, palestras”.

A Igreja Apostólica Ministério Gileade também desenvolve atividades para seus idosos com o Ministério Corações Jovens. De acordo com o pastor Romney Cruz, responsável pela comunicação da Igreja, há 200 idosos em todas as congregações, sendo 60 na sede em Vila Velha, 50 em Terra Vermelha, 40 em Macaé (RJ), 20 em Cariacica e 15 em Rio das Ostras (RJ). “Tendo em vista o grande número de irmãos e irmãs com mais de 60 anos na Igreja, criamos o Ministério Corações Jovens. Ele tem o intuito de manter os idosos unidos, promovendo encontros, chás da tarde, cafés da manhã, cultos, jantares, viagens, atividades físicas, enfim, eventos que trabalhem não só o espiritual, mas também o psicológico e o físico”, falou o pastor Romney.

Com a experiência de mais de 60 anos de vida, há quem se dê de presente um hobby, o que a maioria deixa em segundo plano uma vida quase inteira por falta de tempo. Casado, pai de três filhos, avô de quatro netos e pastor, Augusto Cesar Elias Gomes, 68 anos, éapresentador do programa evangelístico “Bálsamo da Cura” na rádio A Cor da Vida FM. Além disso, é coordenador do Ministério Corações Jovens da Igreja Gileade. “É um trabalho muito gratificante, que contribui para transmitir conhecimento sobre Deus às pessoas”.

O pastor Almir Rodrigues de Aguiar, responsável pelo Ministério de Terceira Idade da Igreja Batista em Mata da Praia, Vitória, conta que coordena um grupo com 137 idosos. O grupo foi criado em junho de 2010, com o objetivo de atender aos membros com mais de 60 anos – 81 pessoas naquela ocasião.

“O MTI se pautou por conhecer todos os idosos da igreja, incentivando-os na participação das atividades com os outros membros, sem isolamento. Entendendo que a população brasileira e mundial está amadurecendo, e a Igreja Batista em Mata da Praia contava com 13% de membros idosos. O MTI foi iniciado com um chá, ocasião em que realizamos uma pesquisa de opinião, para que a própria terceira idade nos apontasse a direção desejada. O resultado alinhou três prioridades: estudos bíblicos, palestras e passeios”.

Assim, são realizados o Coro Renascer, aulas de artesanato, estudos, palestras, sessões de filmes, orientação previdenciária, aulas de informática, passeios, viagens, entre outros. “Temos o Projeto Jardim Regado, um trabalho especial dedicado àqueles com mais de 80 anos (quarta idade). Há 23 pessoas nessa faixa etária, sendo que a irmã Amália Ramos tem 101 anos de idade”.

O apoio familiar

O pastor Almir destaca o apoio da família como fundamental para o sucesso das atividades que as igrejas promovem. “É importante que a família seja sensível à necessidade do idoso e o apoie”, disse.

Joílton Oliveira, presidente do Ministério Geração Calebe – voltado para treinamento, cursos e palestras para líderes de terceira idade e para idosos no Brasil –, mestre em Gerontologia e especialista em Geriatria e Gerontologia, explica o papel das famílias na inclusão da terceira idade à comunidade. “A população idosa está em franco crescimento, demandando ações de caráter protetivo e de preservação da qualidade de vida. A inclusão dos idosos é temática bastante ampla, faz-se necessário criar vínculos familiares para troca de experiências de vida. Temos que pensar que chegar à terceira idade é um dom de Deus”.

O especialista informa que é preciso agir de forma concreta, segura e rápida, contribuindo com ações eficazes para resguardar uma etapa da vida humana com maior dignidade, qualidade e respeito. “O preconceito contra o idoso está presente nessa sociedade e, com frequência, é manifestado pela falta de sensibilidade e de solidariedade, numa atitude em que torna depreciativo o destino inevitável de todos nós: sermos testemunhas do tempo. É preciso passar consciência aos nossos filhos sobre o bom trato com os idosos, ensinando-os ainda os mais novos, isto é, os netos, a terem uma visão de como devem agir com seus pais. Na velhice deles, lembrem-sedo ensinamento de Jesus no Sermão do Monte: ‘Portanto, tudo o que quereis que os homens vos façam, faze-lho vós também a eles – (Mt 7.12)’.

Acredito que precisamos de um esforço coletivo para fazer com que as pessoas tenham a percepção de que vivemos um momento sem precedentes na história, que é o envelhecimento rápido de todas as populações do mundo”.

Joílton Oliveira vê com otimismo as iniciativas voltadas ao cidadão da terceira idade, que denotam a inserção do idoso no prazer de consumir, de seguir moda, de ter produtos voltados às suas necessidades, de ter acesso ao crédito, sem críticas, sem marginalização e com muito respeito. “Precisamos, como família, ter uma mudança de mentalidade para valorizar os idosos nas suas características específicas”.

Ele falou ainda da importância dessas ações para atender à terceira idade, mas alerta que ainda há muito o que fazer. “Diante de tudo isso, percebe-se que ainda há muito o que ser feito. Tanto sociedade quanto família e igrejas precisam se atentar às questões específicas dos idosos, a fim de mantê-los inseridos e, principalmente, ativos nas tarefas do cotidiano. E, ainda, atraí-los às atividades criadas para eles com o mesmo intuito. Isso sem falar do mais importante: valorizá-los, dar atenção, carinho e amor, necessários, aliás, para qualquer faixa etária”.

Viver a terceira Idade

• Jamais abra mão de seus ideais, mesmo que pareça tarde para realizá-los. Sempre há mais um tempinho para fazer o que se tem vontade. A procura por uma força maior faz parte da busca humana pelo sentido da existência. Pesquisas recentes têm demonstrado que vive mais e melhor quem tem o costume de orar,quem tem uma religião ou vive uma vida orientada pelo sentimento de que Deus está no controle da vida. A certeza de nunca se estar só.

• Valorize os idosos pelo que eles são e não apenas pelo que podem fazer. Não basta apenas valorizar a atuação da terceira idade nas comunidades e nas igrejas como um trabalho isolado, somente para aquela faixa de idade.

• Estimule os idosos a ter uma nova carreira, atividades voluntárias, instrução musical, cursos variados, escrever ou viajar. Crie ações de estímulo do trabalho voluntário na terceira idade; ser voluntariado não é só uma ocupação. É boa ação, oportunidade de integração com a comunidade e melhora da disposição vital.

• Parar, jamais! Evite a aposentadoria. Mesmo que você pare de trabalhar formalmente, comece em uma nova função. Sempre faça planos para o futuro e sonhe com o dia de amanhã.

• Devemos nos imaginar e nos preparar para sermos idosos. Idosos saudáveis, alegres, ativos dentro de suas possibilidades e conscientes do exemplo positivo que podem ser para a próxima geração.

• É preciso criar ações do cérebro ativo, mantendo a mente em constante reciclagem, criando jogos e brincadeiras para exercitar o cérebro. Fugir da rotina ajuda a desenvolver áreas do cérebro que são menos utilizadas.

• Envelhecer é um processo lento e progressivo. Ninguém envelhece da noite para o dia. Como essas mudanças acontecem de forma contínua, é necessário adaptar-se a elas durante toda a vida.

• É importante encarar o envelhecimento de forma positiva. Isso é melhor do que qualquer creme antirrugas.

 

A matéria acima é uma republicação da Comunhão, publicada originalmente na edição de Dezembro 2016. Fatos, comentários e opiniões contidos no texto se referem à época em que a matéria foi escrita

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