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sábado, 27 abril 2024

Sem chorar a guerra não vai acabar

Por Luiz Sayão

Estou dilacerado. As frases ainda ecoam em dor brutal dentro de mim. Guerra contra a Ucrânia? “Ucranianos não são flor que se cheire”. Fuga de armênios no conflito com o Azerbaijão? “Sei lá onde fica isso”. Brutal assassinatos do Hamas em Israel? “Os judeus dominam o mundo e devem morrer”. Invasão do exército de Israel em Gaza? “Que seja Gaza varrida do mapa”. Eu só posso gritar de dor.

Bem que Jesus, Paulo, Kierkegaard, Dostoievski e Machado de Assis já tinham nos avisado da condição humana. Num mundo tão cheio de ódio e maldade é preciso confrontar o mal radical. Do contrário outro Hitler, Idi Amin, Stálin, Bin Laden, Pol Pot matarão milhões. Não há como fugir do enfrentamento do mal radical sem produzir mais mal. A dor é sem igual.

Mas de onde surgem as guerras? Tiago deixa claro: das paixões que lutam dentro de nós (4.1). Aí está a semente da grande árvore má. Se com uma simples rede social podemos destilar ódio e pecado, imagine quem tem poder de matar nas mãos. Que desespero. O que mais me assusta em tudo isso é o cruel caminho da insensibilidade que se oculta sob uma pretensa razão maior. É preciso “matar com classe”. Em nome de Deus, da raça, da justiça e da paz matamos. A bomba explode antes dentro de nós para depois incendiar o mundo.

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O pulsar de Deus, ao nos revelar suas verdades, está entremeado de sentimentos profundos, balsâmicos e terapêuticos. A busca da verdade é uma corrida de obstáculos: meu pecado, minhas preferências, traumas, anseios, projeção pessoal estão no caminho e podem matar minha caminhada diante de Deus e dos homens. Na minha dor e lágrimas junto com judeus, árabes e muitos outros só posso achar esperança no Pai Celestial. Até porque ele chora com o coração cortado de dor (Gn 6.6). O Senhor Jesus chorou (Jo 11.35). Mas uma luz me traz vida ao coração: quando a gente chorar a guerra vai acabar.

O chorar sincero nos devolve humanidade. Desperta a compaixão atrofiada. E até nos leva a amar de novo. E eu não canso de aguardar: a guerra vai acabar. Por que? Porque o Pai é o Deus que escuta choro. Sim! Choro de bebê, de escravos, de mulheres e do seu povo. Ele ouviu o choro de Israel e de Ismael e Agar. Com dor e fé vou chorar.

Luiz Sayão, Teólogo, hebraísta e linguista. Diretor Acadêmico da Faculdade Batista de São Paulo, professor e Pastor da Igreja Batista Nações Unidas.

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