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sábado, 27 abril 2024

Missões investem em profissionalismo para terem êxito

missões
Ser missionário não é simplesmente colocar a mochila nas costas e sair pelo mundo pregando sem rumo a Palavra de Deus.

Treinamento, recursos financeiros, fixação de metas e avaliação de resultados são fundamentais para que o trabalho missionário dê frutos

Por Cristiano Stefenoni

Ser missionário não é simplesmente colocar a mochila nas costas e sair pelo mundo pregando sem rumo a Palavra de Deus. Para que o “Ide” de Jesus em Mateus 28:19 seja realmente eficaz, é preciso avaliar uma série de fatores, como definições de alvos, treinamento, avaliação de riscos e custos, entre outras estratégias.

Com mais de 24 anos de atuação missionária, a igreja Assembleia de Deus Nova Vida (ADNV) tem por tradição enviar missionários aos campos, que estão na América Latina, Europa, Ásia Central, Oriente Médio e África. A ADNV tem ainda 39 congregações espalhadas pelo Brasil, na Espanha e em Portugal, onde o evangelismo também é feito.

Mas para que toda essa engrenagem funcione adequadamente, é preciso que cada peça do mecanismo desempenhe muito bem o seu papel. E o primeiro passo é a definição do alvo de ação. “A igreja avalia as regiões do Brasil ou as nações que têm grupos não alcançados, como muçulmanos, ciganos, sertanejos, ribeirinhos, indígenas e outros”, explica o pastor Eduardo Vieira, fundador e presidente da ADNV no Espírito Santo.

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Após a definição da meta, é hora de preparar os missionários. “O primeiro passo é identificar se o candidato tem o verdadeiro chamado ao campo missionário transcultural. Segundo, é observar se ele é frutífero na igreja local em que congrega, pois se não dá frutos lá dificilmente dará no campo. O próximo passo é direcioná-lo a um treinamento específico para o campo ao qual será enviado, o que envolve o aprendizado da língua, conhecimento da cultura etc.”, acrescenta o pastor Vieira.

De acordo com o presidente da ADNV, quanto mais organizada e profissional for a estrutura das missões, melhores serão os resultados. “É importante ter uma Secretaria de Missões bem organizada, com pessoas qualificadas para cada função e recursos financeiros adequados para que o trabalho possa ser executado com qualidade e resultados. Temos um contrato por período determinado, que o missionário assina assumindo suas responsabilidades e o compromisso de conduta no campo”, esclarece.

Segundo o líder da ADNV, também é feita a avaliação dos resultados por meio de relatórios e visita do pastor ou secretário de missões, pois muitas vezes os relatórios e as fotos não condizem com a realidade. Além disso, a colheita dos frutos pode ser demorada. “A história da obra missionária mostra que, em alguns países, os primeiros missionários não obtiveram grandes resultados, porém, as gerações que os sucederam colheram muitos frutos”, lembra o pastor.

Um bom trabalho missionário tem custos

 Apesar de alguns missionários fazerem o seu trabalho de forma voluntária, as missões mais complexas exigem dedicação exclusiva, e claro, será necessária uma remuneração. De acordo com uma pesquisa do Vagas.com, o salário de um missionário no Brasil fica entre R$ 1.410,00 e R$ 3.815,00, sendo R$ 1.927,00 a média.

Já os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), ferramenta utilizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, mostram que a renda mensal de um missionário no país varia de R$ 1.192,49 a R$ 6.737,54, com a média salarial de R$ 2.642,06.

Claro que quando a atuação é em outro país, esses valores tendem a subir exatamente devido ao custo de vida, riscos/insalubridade, além dos gastos com moradia, alimentação, primeiros-socorros, transporte, materiais de apoio, entre outros. Assim, cada missão em determinado local no exterior terá um custo diferente.

Mas quem banca todo esse investimento? De acordo com as organizações responsáveis pelas missões, a maioria é custeada com recursos da própria igreja, que deve possuir um fundo específico para isso. Caso o projeto seja de grandes proporções, esses valores são assumidos pelas Associações, Divisões e Uniões de cada denominação religiosa. Além disso, alguns órgãos missionários recebem doações de pessoas físicas e de empresas.

Para bancar esses custos, as igrejas se baseiam em textos bíblicos. Um deles é referente ao maior missionário da história, o apóstolo Paulo, que diz: “Outras igrejas despojei eu para vos servir, recebendo delas salário” (2 Coríntios 11:8). E também na própria orientação dada por Cristo aos seus discípulos em missão: “Pois digno é o obreiro de seu salário” (Lucas 10:7).

Antes de ser enviado, o pastor Vieira ressalta que o missionário tem que sentir segurança na igreja que o está enviando, seja sob qual for o aspecto. “É comum algumas igrejas falharem no envio do sustento financeiro e até abandonarem o missionário. Nós mesmos já ‘adotamos’ vários deles, que foram esquecidos pela igreja enviadora”, afirma.

Nem sempre é preciso ir a outros países

Apesar de a palavra “missão” muitas vezes se referir ao trabalho missionário em outros países, na prática, há muito o que ser feito também no Brasil. Segundo o pastor Eduardo Vieira, há pessoas no Nordeste, por exemplo, que nunca ouviram falar de Jesus, mesmo o país sendo em sua maioria formado por cristãos.

“Existem resultados que saltam aos nossos olhos, a exemplo do que está acontecendo no sertão nordestino. Mas muitos precisam ser missionários inclusive em suas casas. O bairro, a cidade, a escola, a faculdade e o local de trabalho são campos missionários. O Espírito Santo, por exemplo, ainda tem grupos considerados não alcançados, como os quilombolas, os ciganos e os pomeranos. Qual a ação da igreja evangélica para alcançá-los?”, questiona Vieira.

Objetivo da missão não é fundar igrejas

A principal meta das missões não é construir igrejas, mas servir e ser exemplo de Cristo na Terra. “O ponto inicial no campo missionário é servir. Construir relacionamentos, conquistar amizades e ganhar a confiança e o respeito da comunidade. Em algumas regiões, é mais produtivo até que o missionário sirva em uma igreja já existente e contribua para seu crescimento. Em determinados países nem é possível abrir um templo. As pessoas se reúnem em lares e matas, por causa da perseguição”, destaca o pastor.

Trabalhos de curto prazo também frutificam

Segundo o pastor Eduardo Vieira, tem crescido o número de pessoas que aproveitam o período de férias para fazer missões. E as igrejas têm colhido bons resultados. “Toda iniciativa de levar o Evangelho é válida. É crescente a participação de pessoas em ações missionárias de curto prazo, com excelentes resultados. É importante ressaltar que muitos missionários que estão estabelecidos no campo, evangelizando e plantando igrejas, foram despertados em uma viagem missionária de curta duração”, diz.

Missões investem em profissionalismo para terem êxito
“O ato de testemunhar sobre o que Jesus tem feito em suas vidas é um dever de todo crente” – Pastor Ricardo Costa

Quando o foco são os jovens

Estratégias são importantes, mas vocação é fundamental

Há mais de 70 anos atuando no Brasil, o Mocidade Para Cristo (MPC) é referência quando o assunto é levar o Evangelho aos jovens. Presente em mais de 100 países e 130 cidades brasileiras, a organização atua com foco em alcançar a juventude.

“Na MPC alcançamos jovens. Então, nós vamos aonde eles estão. A escola é o principal lugar, mas também temos ministérios com gamers, surfistas, atletas, em casas de passagem, no evangelismo em ruas e praças, etc.”, explica o pastor Ricardo Costa, diretor de Treinamento da MPC do Brasil e mestre em Missiologia.

Ele acredita que ser missionário vai além das estratégias e do bom planejamento. É preciso ter vocação para o serviço. Já o ato de testemunhar sobre o que Jesus tem feito em suas vidas é um dever de todo crente. “A priori, deveríamos desenvolver a cultura de que todo cristão é um missionário em seu próprio contexto. Alguém chamado para um ministério que seja completamente sustentado para que se dedique exclusivamente à proclamação do evangelho e à formação de novos discípulos pode fazer isso em seu próprio país, ou mesmo em sua cidade”, exorta o pastor Ricardo.

Mas, para encarar o desafio, o líder da MPC destaca ser fundamental se preparar antes. “O missionário deve ter um preparo, primeiramente prático, a partir de um serviço prestado em sua própria comunidade local e acompanhado de uma mentoria. Dependendo da área para onde será enviado, seria bom um curso profissionalizante, além de um conteúdo fundamentado na teologia bíblica e o desenvolvimento de uma forte vida de devoção a Deus, por meio das disciplinas espirituais”, ressalta.

Apesar de não ser a meta fundar igrejas, o pastor Ricardo enfatiza que esse é um processo natural nas missões. “Muitos missionários na história serviram no contexto da educação ou da saúde, enquanto pregavam o Evangelho. Contudo, quando estamos fazendo discípulos, comunidades de fé sempre acabarão por surgir”, finaliza.

Como a igreja pode iniciar um projeto de missões:

  • Partilhe a ideia da formação da equipe com o pastor da igreja, que é o líder e, portanto, peça-chave no processo.
  • Detecte outros membros da igreja que tenham o mesmo pensamento e busque apoio da liderança.
  • Avalie os riscos da missão e os seus custos.
  • Ore diariamente com intensidade, estratégia, seriedade e perseverança, além de buscar a visão de Deus para a obra que pretende desenvolver.
  • Defina metas e desenvolva projetos missionários que atendam às reais possibilidades da igreja.
  • Organize a estrutura do projeto missionário de modo que cada um tenha o seu cargo e ninguém fique sobrecarregado.
  • Os membros da Equipe Missionária devem reconhecer essa função como um ministério, tornando-se cada vez mais apaixonados pelo que fazem.
  • Prepare os missionários por meio de treinamentos específicos para o campo ao qual serão enviados.
  • Assessore a liderança na área de missões.
  • Mantenha a igreja informada sobre o avanço da obra missionária na cidade, no estado, no Brasil e no mundo.
  • Promova campanhas, conferências, congressos missionários, etc.
  • Passe segurança ao missionário para que tenha certeza de que terá todo o suporte necessário.
  • Crie uma metodologia de avaliação de resultados para que sejam feitos os ajustes necessários.
  • Lembre-se que a meta é servir e não fundar igrejas. Mas se houver oportunidade, é importante estabelecê-las.

Fonte: Missõesnacionais.org e órgãos missionários

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