Em Chin, por exemplo, as igrejas são obrigadas a apresentar relatórios dos cultos e a lista dos participantes
Por Patricia Scott
Mais de três mil pessoas foram mortas e 20 mil foram presas desde o golpe militar em 2021 em Mianmar. A informação é da Associação de Assistência a Prisioneiros Políticos de Mianmar. Em crise há mais de dois anos, o país se tornou um ambiente ainda mais hostil para os cristãos.
Na Lista Mundial da Perseguição (LMP) 2023, Mianmar surge em 14ª lugar. Na última semana, novas medidas foram tomadas pelas autoridades para restringir os direitos dos cristãos no país asiático, conforme informações da Portas Abertas. No estado de Chin, as igrejas estão sendo obrigadas a apresentar relatórios dos cultos e a lista dos participantes de cada reunião de adoração.
Segundo a agência missionária, em menos de quatro meses, um pastor foi submetido à prisão, igrejas foram invadidas, além de cristãos assediados. Eles foram acusados pelo governo de “incitação ao terrorismo” e “associação ilegal”.
Lei Marcial
Portas Abertas informa que há menos de um mês a Lei Marcial foi imposta em 37 cidades. Nessas localidades, os cristãos precisam se inscrever com uma semana de antecedência para obterem autorização e, assim, participarem dos cultos. A prorrogação do estado de emergência torna mais difícil identificar violações de direitos humanos como essa.
“Apesar de termos obtido autorização para realizar os cultos, aeronaves militares sobrevoaram a igreja a poucos metros de distância durante todo o culto. O pastor não se abalou e continuou pregando normalmente. Se não tivéssemos permissão, eles teriam atirado e bombardeado nossa igreja”, testemunhou um cristão local.
O assédio ao pastor e às igrejas locais são exemplos da oposição que os cristãos estão enfrentando em Mianmar. “Esses incidentes marcam um novo e preocupante nível de restrições para os cristãos em Mianmar”, disse um analista de perseguição da Portas Abertas.
Hkalam Samson
No dia 4 de dezembro de 2022, o pastor Hkalam Samson, de 65 anos, foi preso. As autoridades alegam que, segundo denúncias, o líder religioso se reuniu ilegalmente com outros cristãos, além de incitar ações terroristas. Ele estava embarcando para a Tailândia, onde faz tratamentos médicos, quando as autoridades o prenderam.
A esposa do pastor, Zhon, está preocupada. Isto porque já se passaram meses, e a família está proibida de visitá-lo ou levar comida e remédios. Além das primeiras denúncias, de acordo com Postas Abertas, na última semana, ele recebeu nova acusação.