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sexta-feira, 26 abril 2024

Senador quer proibir campanha política dentro de igrejas

“Templo religioso é o lugar de se praticar religião, não é lugar de se praticar política”, afirmou o senador Marcelo Castro (MDB-PI), relator do novo Código Eleitoral no Senado. Foto: Roque de Sá/Agência Senado

Prática está prevista no texto do novo Código Eleitoral aprovado na Câmara dos Deputados em 2021

Por Cristiano Stefenoni

“Templo religioso é o lugar de se praticar religião, não é lugar de se praticar política”. A fala é do senador Marcelo Castro (MDB-PI), relator do novo Código Eleitoral no Senado. Ele adiantou que pretende proibir campanhas eleitorais em igrejas. 

Até então, a prática de campanha política dentro de templos religiosos está prevista no novo Código Eleitoral, aprovado na Câmara dos Deputados em 2021. A medida havia sido uma solicitação da bancada evangélica, em Brasília. Há um entendimento, entretanto, de que a campanha a favor de candidatos dentro de igrejas pode configurar abuso de poder religioso.

O relator enfatiza que os momentos de adoração não devem ser utilizados para fazer propaganda política de ninguém. “Esse é um tema mais do que polêmico. É um tema que traz sempre muita divergência, mas nós achamos que a igreja não é lugar de campanha eleitoral. Nós respeitamos todas as religiões, seja de que credo for, está na Constituição. Nós somos um Estado laico, mas não é um ambiente próprio para se fazer campanha eleitoral”, disse Castro, em entrevista ao Estadão.

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O  senador afirmou que deve apresentar o relatório na próxima semana no Senado. A expectativa dele é que o Código Eleitoral seja aprovado na casa até maio. Depois disso, a proposta será encaminhada novamente à Câmara dos Deputados, que dará a palavra final sobre os dispositivos alterados pelos senadores.

Política partidária X política ideológica

Para o articulista de Comunhão, teólogo e empresário Fábio Hertel, essa medida seria mais uma tentativa de tentar “controlar” aquilo que acontece dentro dos templos. “Parece muito com práticas de regimes totalitários, que querem cercear os grupos a terem qualquer tipo de discussão, principalmente, contrária ao que o legislador acredita”, afirma.

Na opinião de Hertel, se existe uma preocupação com a formação de ideias em um grupo específico, essa medida deveria valer também para outros grupos. “Teria que, por consequência, abarcar todas as outras associações. Por que só uma associação religiosa teria que ser questionada ou arbitrada entre o que vai ou não fazer? Associações de grupos, de corporações, de professores, de militares, de catadores de lixo, enfim, são muitas. Lá também deveria ser proibido fazer esse tipo de abordagem”, justifica Hertel.

O teólogo acredita que a igreja deve focar na política ideológica, de valores, e não na política partidária. “Acredito que a igreja não deveria ter a conotação político-partidária, mas político-ideológica, essa é uma questão fundamental. As igrejas perderam essa consciência de que a política partidária é uma coisa e a política ideológica é outra. A questão da política-ideológica tem que estar na pauta de todas as igrejas, falando sobre conceitos, posturas. Agora, se vota em partido A, B, candidato A ou B, na minha opinião, é outra questão que cada grupo deve decidir”, conclui.

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