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segunda-feira, 18 março 2024

Infância: Que tipo de cristão seu filho será?

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Para vencer a batalha contra o mal que tenta roubar a Salvação das crianças, os pais devem formar filhos discípulos imitadores de Jesus - Foto: Freepik

Para vencer a batalha contra o mal que tenta roubar a Salvação das crianças, os pais devem formar filhos discípulos imitadores de Jesus

Por Andressa Rodrigues e Sânnie Rocha

Comer de boca fechada, agradecer e dizer “por favor” é só o começo do trabalho de educar. A formação de uma criança vai além das boas maneiras e deve atingir pontos cruciais como caráter e espiritualidade, o que faz a diferença por dentro e por fora. Pais que se preocupam em viver os princípios do Evangelho e investem no ensino da vida que Deus planejou têm a chance de criar verdadeiros discípulos de Jesus. Falta de tempo, de recursos e até de preparo costuma ser justificativa – em princípio legítima – para a “terceirização” da educação e da transmissão de valores, atribuindo à escola ou mesmo à igreja esse papel.

 No entanto, de acordo com os profissionais que atuam junto à nova geração, os pais têm uma tarefa intransferível. “Deus deu, a cada bebezinho que nasce, um pai e uma mãe. Essas pessoas deveriam ser a própria imagem e expressão do Pai celestial na vida dessas crianças para que, durante toda a sua vida, elas pudessem entender os atributos e o caráter de Deus. Infelizmente, muitos estão falhando no discipulado de seus filhos. Transferem para a igreja essa função, acreditando que ela tem o papel de ensinar o que seus filhos deveriam estar aprendendo em casa por meio do exemplo. Discipular crianças e ensiná-las sobre quem é Deus é um mandamento bíblico. Pecamos quando negligenciamos essa responsabilidade. Os pais precisam lembrar que o relacionamento discipulador com os filhos servirá para nutrir neles a fé e lhes ensinar por meio do exemplo prático, da vivência no dia a dia dos princípios cristãos”, alerta a missionária Jaqueline da Hora Augusto, que atua na evangelização discipuladora infantil.

Para a missionária, há um padrão bíblico para o relacionamento discipulador dos pais com os filhos e com as próximas gerações: “Precisamos trabalhar com a intencionalidade de formá-las como discípulos de Jesus, sabendo que isso é uma dádiva que recebemos do Pai e que precisa ser passada adiante. Precisamos que os discipuladores entendam sua responsabilidade relacional com esta geração de crianças e vivam para influenciá-las com os valores do Reino. Essas crianças, por sua vez, também virão a ser líderes que influenciarão a muitos”.

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Ser espelho dentro de casa pode não ser uma tarefa fácil, já que os filhos enxergam de perto tanto as virtudes quanto as falhas dos adultos. Jaqueline acredita que o discipulado é carregado de verdade, é o caminhar junto. Por isso, a imperfeição não libera ninguém da tarefa de conduzir espiritualmente sua prole. Como em um guia, ela estabelece características para pais-discipuladores, com ações que podem iniciar esse processo em qualquer família imediatamente: “Que sejam amigos que agem verdadeiramente como membros da família e não como tiranos ou estranhos; modelos que mostrem a elas como um cristão age; orientadores que tornam mais fáceis para elas a compreensão sobre oração e como seguir Jesus; ‘pastores’ que cuidam delas nos momentos de crise ou quando têm problemas; confidentes, pois são leais, ouvem seus segredos e não contam a ninguém; equipadores que as ajudam a servir a Jesus e às outras pessoas; conselheiros que escutam com amor e falam com o coração, tendo a preocupação com os seus sentimentos. Quanto maior for o modelo desse discipulador, melhor será a influência sobre a criança. Por isso, quanto mais ela puder ver pais vivendo a Palavra de Deus, mais irá seguir esse exemplo”.

“Precisamos trabalhar com a intencionalidade de formá-las como discípulos de Jesus, sabendo que isso é uma dádiva que recebemos” Jaqueline da Hora Augusto, missionária

O superintendente da Aliança Pró-Evangelização das Crianças (Apec), Pr. Gilberto Celeti, também autor de livros sobre o assunto, explica que o texto de Provérbios 22:6 (“Ensina a criança o caminho em que deve andar e ainda quando envelhecer, não se desviará dele”) é genuíno, real e verdadeiro. “Caminhar pela trilha do bem, ou do mal, dependerá do ensino a ser recebido daqueles que já estão no caminho. O que a atual geração está passando para a nova geração? Muitos caminham de maneira indigna, porque não foram bem orientados pelos seus próprios pais. E assim, iríamos longe na árvore genealógica, pois lamentavelmente é verdade. Muitos pais não conseguem ensinar o bom caminho aos seus descendentes. A preocupação excessiva com a própria vida gera o egoísmo. Buscam-se o tempo todo o conforto, o prazer, o status, as posses, o suprimento das necessidades, num imediatismo incontrolável. Tais atitudes impedem um olhar para o futuro e para o que realmente importa. A educação dos filhos fica sempre postergada. Precisamos ter bom senso para assumir, definitivamente, a responsabilidade de ensinar à criança o caminho em que deve andar”, aponta.

Ele alerta ainda que as forças malignas sabem muito bem o quanto é importante investir nos primeiros anos da vida e se empenham diligentemente na tarefa de corromper, de perverter, de deformar, de desgraçar e de promover o império das trevas, do pai da mentira, o diabo.

Evangelização discipuladora dentro de casa

Para tornar a evangelização mais eficaz dentro de casa, precisamos aplicar o acróstico RAÍZES (relacionar, acolher, interceder, zelar pelo filho, ensinar o Evangelho e solicitar contas).

  • Relacionar – A convivência com a criança promove a interação, e isso acontece até mesmo fora dos encontros rotineiros que possamos ter. Vai além da formalidade de uma atividade ou reunião. Quando conhecermos de forma mais próxima o ser infantil é que conseguiremos conduzi-lo a uma experiência pessoal com Jesus. As crianças precisam receber afeto, e individualmente isso pode se tornar mais constante porque elas se sentirão importantes para seus pais. Podemos ser afetuosos com palavras, da forma como aceitamos cada uma como é. Conheça e se deixe conhecer.
  • Acolher – Nós precisamos nos aproximar das crianças objetivando a sua conversão, batismo e desenvolvimento cristão, isto é, o seu aperfeiçoamento em meio aos relacionamentos. Nesse ponto, dois aspectos são relevantes: o cognitivo, que diz respeito ao conhecer o Evangelho, e o afetivo, que se refere à proximidade com o discipulador, neste caso, os pais, e com os demais membros, como exemplos de vida.
  • Interceder – A oração deve ser a marca na vida do discipulador. Sua vida de oração vai não apenas ensinar, mas principalmente inspirar. As crianças também devem prestar o apoio recíproco na prece por outras que estão sendo evangelizadas. Temos que incentivá-las a desenvolver o relacionamento discipulador com outros pequenos e gastar tempo orando por estes. Precisarão ter a oportunidade de orar uns pelos outros a respeito de suas vitórias e suas dificuldades, gerando um clima de comunhão e cuidado mútuo.
  • Zelar – Ao zelar pelas crianças, os pais, como discipuladores, exercitam o pastoreio, ou seja, o cuidado. Nos encontros formais (de estudos bíblicos) ou informais (no dia a dia), elas podem compartilhar suas experiências e vivências. Qualquer que seja a dificuldade que o pequeno expressar, ele precisará sentir-se cuidado, amado, amparado; deverá ser lembrado em seus momentos de dificuldades ou alegrias.
  • Ensinar o Evangelho – O discipulador atua com o propósito de estimular a criança a andar com Jesus. O ensino do Evangelho e seus desdobramentos para a vida é prioritário. Isso acontece principalmente por intermédio do exemplo, do que chamamos “vida na vida”. A relação do discipulador com Jesus é tão clara, tão íntegra, tão verdadeira, que por meio do exemplo ensinará muito mais do que apenas por intermédio das palavras. É exatamente nesse ponto que a vida dos pais-discipuladores estará em xeque, porque não bastará falar do Evangelho em casa, será muito mais necessário vivê-lo.
  • Solicitar contas – As crianças devem ser estimuladas a avançar em seu relacionamento com Jesus e com as pessoas. Isso será feito com a solicitação de contas sobre a vida cristã, a vida devocional (oração e reflexão bíblica diária), a luta contra o pecado, seus relacionamentos com colegas, professores, família e parentes em geral. O objetivo aqui não é exercer cobrança, mas sim motivar avanços, crescimento, e identificar fraquezas que podem ser trabalhadas à luz da Palavra de Deus.

“Não há necessidade de citar estatísticas, mas o ódio de Satanás às crianças é patente em todas os lugarejos, bairros, cidades e países deste mundo. Basta olhar a quantidade escandalosa de abortos, o número desastroso de filhos de pais divorciados e o número gritante de crianças abusadas no corpo, na alma, na mente e no espírito. Olhe também para o desinteresse, o desrespeito, a desatenção quanto à formação da criança, com milhões delas que não sabem pensar e que estão classificadas como analfabetas funcionais. Olhe também para o pouco caso demonstrado à Palavra de Deus, que ordena aos pais que ensinem os seus filhos, que ordena aos pastores que apascentem os cordeirinhos, que ordena aos crentes que evangelizem as crianças, pois não é da vontade de Deus que nenhum deles se perca”, acrescenta.

A psicóloga e terapeuta familiar Deusirene Moreira afirma que tempo é essencial para estabelecer esse vínculo de forma profunda. “Vivemos os efeitos da pós-modernidade: superficialidade, prazer, imediatismo, privacidade, etc. Nessa relação de pais e filhos, os adultos são os pais. Portanto, quem tem condições emocionais para lutar contra os efeitos nocivos desse tempo são os pais. A criança é que precisa de cuidado e proteção”, encoraja.

“Comprei material adequado e passei a estudar a Bíblia com minha filha. Algo que eu já deveria ter feito desde o início. Eu não poderia deixar para a professora da EBD os ensinos bíblicos dela” – Viviane Castanheira, membro da Igreja Batista

Foi o que fez Viviane Castanheira, jornalista, membro da Igreja Batista do Horto, Rio de Janeiro, e mãe de Ana Luiza, de 8 anos, que aos 6 já mostrava mais interesse pelas músicas e por comportamentos seculares, mesmo sendo criada no meio evangélico. “Precisei instituir um estudo bíblico com ela. Comprei material adequado e passei a estudar a Bíblia com minha filha. Algo que eu já deveria ter feito desde o início. Eu não poderia deixar para a professora da EBD os ensinos bíblicos dela. Além disso, precisávamos de algo mais sistematizado, como uma aula de verdade”, conta Viviane.

O resultado em dois anos é visível. A garota, que resistiu no início, agora procura os estudos por si só, mudou algumas atitudes, conhece as histórias das Escrituras e já entende como aplicá-las na sua rotina infantil. A expectativa para o futuro a partir de agora é das melhores. “Desejo que ela seja uma mulher de Deus e não se deixe levar pelas atrações que o mundo oferece. Que ela deseje estudar e saber mais de Deus, não porque eu quero, mas porque ela O ama”, almeja a mãe-discipuladora.

“A Palavra ordena aos pais que ensinem os seus filhos, aos pastores que apascentem os cordeirinhos e aos crentes que evangelizem as crianças, pois não é da vontade de Deus que eles se percam” – Pastor Gilberto Celeti, superintendente da Apec Brasil

Além de um futuro bem-sucedido, a participação efetiva dos pais na transmissão de valores revigora o desenvolvimento emocional dos pequenos e os torna mais seguros sobre quem eles são e como devem se portar diante dos seus sentimentos e do mundo. É o que assegura Deusirene. “Partindo do modelo cristão que é o amor, se a família vive o cristianismo, o ambiente de desenvolvimento da criança será o mais salutar que existe! Com o exemplo de Jesus, aprendemos a expressar as emoções, até mesmo as que são consideradas como negativas, como a ira. Dentro desse ambiente, a criança é fortalecida e encorajada a ‘ser’, aprendendo inclusive a expressar suas emoções e como lidar com elas. Há uma diferença entre famílias cristãs e religiosas. Estas últimas vivem sob o peso dos dogmas, obrigações, leis; enquanto que as cristãs devem viver a liberdade em Cristo, com graça e amor”, encerra a psicóloga.

Esta matéria foi publicada originalmente na edição 226 da Revista Comunhão, de Julho de 2016. As pessoas ouvidas e/ou citadas podem não estar mais nas situações, cargos e instituições que ocupavam na época, assim como suas opiniões e os fatos narrados referem-se às circunstâncias e ao contexto de então.

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