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terça-feira, 19 março 2024

Fiel à moda Vinicius

Casamento continua sendo um mistério para muita gente; continuar casado, um grande desafio. É tanta gente falando e escrevendo a respeito e ainda não existe um consenso em torno do assunto. É bem verdade que todo cristão crê no casamento como uma instituição divina, mas nem todos levam fé que essa lógica se aplica a qualquer enlace. Quando casamos, temos convicção da fidelidade da Palavra de Deus, que diz: “O amor jamais acaba”. Quando nos separamos, acreditamos na interpretação popular da fidelidade de Vinicius de Moraes: “que seja eterno enquanto dure”.

A sua crença sobre casamento antecede ao matrimônio em si e é mais forte que sua fala e seus sentimentos a respeito. Ela está fundamentada em seus valores espirituais e culturais e em seu entendimento daquilo que a Bíblia chama de Aliança. Se o seu relacionamento com Deus é condicionado ao que Ele fez por amor a você, e não no que você faz para merecer esse amor, digo que está a um passo de entender o que é uma Aliança. Quando Deus fala a Israel que se afeiçoou a esse povo não porque era maior ou melhor que os outros, mas porque os amou e por causa do juramento que fez aos antepassados, Ele falava de Aliança (Deuteronômio 7:7,8). Ao submeter Oséias a uma condição conjugal tão degradante, o que o Senhor queria era ensinar ao Seu povo o que é Aliança (Oséias 2:19-3:1).

Nossa sociedade moderna, infelizmente, não possui muitos exemplos de uma Aliança nos moldes bíblicos. Promessas são quebradas a todo momento, sem nenhum escrúpulo; ao menor sinal de descontentamento, palavras empenhadas não são honradas; relacionamentos são efêmeros e hedonistas. Em todas as esferas, estamos cercados pela infidelidade…

Nosso entendimento pode ser moldado pela Palavra de Deus, mas essa renovação do jeito de compreender as coisas não pode acontecer em uma mente formatada com a maneira de pensar deste mundo. O verbo “transformar” usada por Paulo em Romanos 12 só aparece na transfiguração de Jesus (Mt 17:2, Mc9:2) e em II Coríntios 3:18, trazendo o sentido de uma aparência que não é desta terra. É exatamente isto que desejo transmitir: a impossibilidade de viver um casamento de outro mundo, ao mesmo tempo em que nossa mentalidade é tão amoldada a este mundo, para o qual o conceito de aliança tem pouco ou nenhum valor.

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Quem sabe a razão estava mesmo com Vinicius, cujos versos penetram bem fundo na alma humana, enaltecendo uma virtude tão pouco correspondida. Se adotarmos apenas o “eterno enquanto dure”, dedicação e devoção ao ser amado deixam de ser o fruto de uma decisão íntima e pessoal, firmada única e exclusivamente na referência que tenho em Deus que assim me ama, para ser uma condição baseada em meus sentimentos ou na conduta do outro. Fazendo uma leitura mais atenta ao primeiro terceto do “Soneto da Fidelidade”, descobriremos que a verdade de Deus está implícita no compreender parcial de Vinícius a respeito da eternidade deste amor. Pois, assim como no verso do poeta, a morte é, no compreender de Deus, o único elemento capaz de pôr fim àquilo que Ele chama de casamento.

Quem dera o “poetinha”, como era carinhosamente chamado, tivesse um pouquinho de compreensão de o quanto era amado por Deus. Talvez ele entendesse e ajudasse muitos outros a concordar que “o que Deus uniu não separe o homem”

Dinart Barradas é diretor nacional do Growing Families International e há mais de 20 anos atua na estruturação e na restauração de famílias

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