A luta marcial possui vários benefícios físicos e mentais, mas gera polêmica por conta das filosofias orientais e da violência nos combates de MMA
Por Cristiano Stefenoni
A vida do cristão sempre foi uma luta, seja por suas provações, seja pelas batalhas travadas ao longo da história pelo povo de Deus contra nações inimigas. Mas hoje o debate gira em torno das artes marciais como caratê, judô, jiu-jitsu, muay thai, entre outras. Além da filosofia oriental por trás de algumas delas, a discussão acontece por conta dos brutais combates de Mixed Martial Arts (MMA). Afinal, o crente pode praticar esse tipo de atividade física?
A palavra “marcial” vem de Marte, o deus da guerra na mitologia romana. O termo é utilizado para tudo o que envolve a questão militar como “Corte Marcial” e “banda marcial”. E há registro de lutas há mais de 4 mil anos antes de Cristo. Quando o povo de Israel se preparava para combates contra nações inimigas, como os filisteus, por exemplo, alia havia um treinamento em arte marcial.
O pastor Giovane Resende, da Igreja Vida em Cristo, em Pompeu (MG), também é faixa preta em jiu-jitsu e campeão brasileiro e pan-americano no esporte. Para ele, o cristão pode, sim, praticar artes marciais, desde que não venha a amar mais a luta do que a Cristo. Qualquer coisa que conflite com a fé deve ser evitada.
“Sim, o cristão pode praticar arte marcial. Não há nada na Bíblia que o proíba. Os cuidados do crente devem ser os mesmos na prática de qualquer atividade física, ou seja, zelar pelo seu próprio corpo como templo. E se por acaso, alguma filosofia conflitar, não há dúvida de que o cristão optará por obedecer a Bíblia. A prioridade sempre será a Palavra. Ela é nossa regra de fé e prática”, explica.
Para o pastor, não é a arte marcial que prejudica o crente, mas é o afastamento de Deus que traz esses problemas, não apenas no esporte, mas em todos os aspectos da vida.
“A arte marcial se torna maléfica quando esse cristão já perdeu seu coração em outras questões, quando falhou em Provérbios 4:23 ‘Acima de tudo, guarde o seu coração, pois dele depende toda a sua vida’. E isso pode ocorrer em decorrência de qualquer coisa e não exclusivamente em função da arte marcial”, justifica o pastor.
Sobre a polêmica dos combates de MMA, Resende lembra que há regras para preservar a integridade do atleta e que o futebol chega a ser mais lesivo do que a luta.
“O famoso futebolzinho de fim de semana pode ser mais violento que o MMA. Proporcionalmente, as lesões nem se comparam ao futebol e a outros esportes. Quanto a disputar um campeonato e receber por isso, é um emprego digno e reconhecido em lei como qualquer outro”, afirma.
Aliás, o pastor garante que a arte marcial quando praticada de forma correta, sem ferir os princípios bíblicos, pode ajudar, inclusive, na própria vida espiritual. “Os benefícios são inúmeros. Porém o maior deles, sem dúvida, é a disciplina. A arte marcial desenvolve como nenhuma outra ferramenta essa virtude. E sabemos que sem disciplina não há vida espiritual, nem vida de oração, nem estudo da Bíblia”, ressalta.
