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quinta-feira, 2 maio 2024

Como lidar quando um amigo nos decepciona?

Fico imaginando como Jó se sentiu quando soube que seus amigos estavam compadecidos pelo momento de sofrimento que Jó estava vivendo

Por Marcos Guimarães

A amizade é uma das maiores dádivas que Deus pode nos conceder. Isso é tão verdadeiro que o próprio Deus nos deu esse exemplo quando tornou Abraão seu amigo (Tg 2.23) e na relação de Jesus com seus discípulos, chamando-os de amigos, pois havia relacionamento e compartilhamento entre eles, gerando intimidade (Jo 15.15).

Não é incomum, infelizmente, ouvir algumas pessoas com dificuldades em elencarem até três pessoas que consideram amigas. Se aumentarmos para cinco, então, parece que o nível de sofrimento, em geral aumenta muito.

É comum, quando se veem frente a essa indagação, começarem a chorar e dizer frases como: “Agora percebo que não tenho amigos”; “Não tenho ninguém que eu colocaria como amigo de verdade”; “Conhecidos eu tenho muitos, mas pessoas que eu considere amigas, que eu possa falar o que penso e sinto, não tenho ninguém”.

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A bíblia nos conta várias histórias sobre amizade. Entretanto, duas me chamam atenção.
As amizades de Jó e a amizade de Jesus com Pedro. Vamos pensar um pouco na relação de Jó e seus três amigos que foram visitá-lo no contexto de perda, dor e sofrimento.

Fico imaginando como Jó se sentiu quando soube que seus amigos estavam indo em sua direção, compadecidos por aquele momento de sofrimento que Jó estava vivendo. Havia perdido muitos bens, a saúde e principalmente, o seu bem maior, seus filhos. Dor em cima de dor, tristeza sobre tristeza, perda sobre perda.

Diante da notícia de que seus amigos estavam chegando, imagino que as emoções e sentimentos de Jó circulavam em torno de empatia, acolhimento, apoio e cuidado. Inicialmente, parecia que suas expectativas estavam certas. Afinal, eles “combinaram encontrar-se para, juntos, irem mostrar solidariedade a Jó e consolá-lo” (Jó 2.11). Porém, não foi o que aconteceu. O tempo foi passando e seus amigos não conseguiram se limitar ao apoio. Eles precisavam dar alguma explicação, encontrar uma razão para todo aquele sofrimento. Nesse momento, a relação de amizade pode ter sido colocada em xeque. E após a fala de dor e desabafo de Jó, Elifaz sentencia Jó ao dizer: “Tenho notado que os que aram campos de maldade e plantam sementes de desgraça só colhem maldade e desgraça” (Jó 4.8).

Hoje sabemos que Jó não havia cometido nenhum erro, afinal, ele era um “homem íntegro e justo; temia a Deus e evitava fazer o mal” (Jó 1.1) assim é relativamente fácil criticarmos seus amigos, contudo o nosso desafio é aprendermos com essa história e refletirmos como estamos lidando com nossas relações de amizades. Quando algum dos nossos amigos comete um erro, ele certamente não precisa que concordemos com ele, mas precisa do apoio para recomeçar.

Vemos algo muito diferente na relação de amizade entre Jesus e Pedro. Jesus não fingiu que nada havia acontecido, nem acusou ou julgou Pedro e não desistiu da amizade. Pelo contrário, ele deu a Pedro uma nova oportunidade de fazer diferente (Jo 21.15-17).
E Pedro, como se comportou diante dessa situação? Ao olhar psicologicamente o quadro da traição e a forma como Pedro reagiu, suponho que ele teve emoções como: tristeza, vergonha, preocupação, medo e sentimento de remorso.

Mas alguma coisa o moveu a continuar em direção a Jesus. Penso que saber quem Jesus era como amigo, pode ter feito toda a diferença. E isso possivelmente só aconteceu por causa da relação de intimidade que eles possuíam por terem passado cerca de três anos diariamente juntos.

Marcos Guimarães é Pastor, psicólogo e palestrante.

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