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quinta-feira, 25 abril 2024

Recém-casados: uma nova família nascendo

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Com amor e bom preparo para a realidade de um relacionamento a dois, é possível manter o casamento firme - Foto: Diller Fik

A união entre pessoas de costumes diferentes requer adaptação para que o castelo não venha a ruir. Com o amor que existe entre o casal e o bom preparo para a realidade de um relacionamento a dois, é possível manter a casa firme.

Por Redação Comunhão

O belo culto, o vestido branco, a festa linda, as núpcias cheias de carinho, a verdadeira história de amor entre um casal que serve a Deus. Mas a beleza e a pompa do enlace matrimonial de nada adiantam se não vir acompanhada da disposição de marido e mulher em abraçar as responsabilidades que a vida a dois impõe.

São duas pessoas, com costumes diferentes, que se tornam uma só. Sobretudo nessa fase inicial de adaptação, é preciso entender os papéis da cada cônjuge na nova família que se formou, com os seus deveres para cumprir um para com o outro. O corte do cordão umbilical com os pais muitas das vezes também pode ser traumático se não for bem preparado.

A cada ano aumentam os relatos de relações rompidas judicialmente. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, em 2014, 9,97% dos divórcios no país foram entre pares com menos de um ano de união. Os que duram menos de uma década correspondem a 4,83%, um percentual crescente desde 1994, cenário muito frequente também nas igrejas.

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 “Não existe um motivo único que dê conta de explicar essa tendência, mas, como escreve Gary Chapman no livro ‘O que Não Me Contaram Sobre o Casamento’, as pessoas continuam correndo para o matrimônio ‘com pouca ou quase nenhuma preparação que possibilite uma união bem-sucedida’. Sem esse cuidado, a probabilidade de separação se eleva. Antes de subir ao altar, é necessário o conhecimento mútuo, sem criar expectativas irreais. É imperativo conversar bastante, a sós e também com o auxílio de outras pessoas, como pastores e conselheiros. Do contrário, diante da frustração (algo inevitável quando dois seres humanos convivem por algum tempo), o desejo do divórcio logo se mostrará – mesmo que a Bíblia seja bem clara ao dizer que esta não é a vontade de Deus”, explica Daniel Faria, responsável pela edição das publicações de Gary Chapman lançadas no Brasil.

Existem razões fortes que contribuem para a dificuldade em permanecer casados, como explica o Pr. Luiz Roberto Silvado, autor da obra “Casamento: O que levar na mala além de doces e dos quilos a mais”, da editora AD Santos. “Os jovens casais de nossas igrejas sofrem as mesmas pressões dos outros da sociedade em geral. Os problemas maiores são com aqueles que casam tendo o divórcio como uma opção válida para resolver os conflitos conjugais. Ou seja, eles já têm em mente que é fácil começar e terminar. Ledo engano!”, alerta.

“A falta de uma preparação adequada tem maior peso nesses casamentos de pequena duração. Quando o conflito acontece, é preciso buscar ajuda, independentemente das circunstâncias.” – Pastor Joarês Mendes

Nesse contexto, a ignorância também se torna uma inimiga. “É grande o número de jovens adultos que não conhecem como um homem e uma mulher se relacionam de forma saudável e bíblica. Faltam modelos dentro das igrejas que sejam percebidos como dignos de serem seguidos. E, por fim, não há preparação. Infelizmente muitas igrejas não investem em curso para noivos e tampouco em ministério para enriquecimento da vida conjugal. O desconhecimento sobre os princípios bíblicos para o matrimônio os impede de desfrutar das bênçãos preparadas por Deus”, acrescenta.

E o que é importante para manter e fortalecer cada vez mais os laços? Daniel Faria explica que Gary Chapman também cita essas situações em seus livros. “Uma lição importante é: deixe o egoísmo de lado. O egoísmo é um dos principais vilões do casamento, e de qualquer relacionamento, porque a pessoa se fecha para a outra, e o diálogo se torna impossível. Faça o oposto disso e abra o coração ao cônjuge. São mais duas pessoas que não estão mais separadas, pois se tornaram um só (Gênesis 2: 24)”, orienta.

Recém-casados: uma nova família nascendo


Além de uma grande festa

Mas o que fazer para que os casais busquem manter esse matrimônio que pode ruir tão precocemente? “Precisamos redefinir para essa geração o que deve levar a uma união mais séria. O casamento deve ser resultado de um relacionamento que chegou a um estágio de maturidade. Isso não está vinculado ao desejo sexual, à conclusão de curso universitário, à compra do imóvel, etc. Casamos porque o estágio do namoro já cumpriu o seu papel de nos levar a conhecer um ao outro emocional, intelectual e espiritualmente. Assim, caso a união entre em conflito, se os cônjuges não souberem resolver sozinhos, vão ter coragem e maturidade para buscar ajuda através de aconselhamento pastoral e/ou psicológico e renovar o compromisso feito diante de Deus e testemunhas”, explica o Pr. Luiz Roberto Silvado.

No livro, ele orienta que o casamento é represente muito mais do que comemorar em uma grande festa e viajar em lua de mel. “Marido e mulher devem levar o compromisso um com o outro de construir uma história juntos. Respeitarem-se para que o amor seja nutrido. Acreditar que o maior interessado em que vivam felizes é o próprio Deus”, observa.

Professora e membro da Igreja Evangélica Assembleia de Deus, Manre Lícia Castelo de Souza Almeida, filha de pastor, acreditou que seu casamento com Tiago Santos de Almeida, com direito a templo decorado e toda a pompa de uma união evangélica, orientada pelo corpo ministerial, não seria jamais abalado. Afinal, aos 26 anos, com a vida profissional estável, os dois estavam preparados para protagonizar uma linda história. Mas não foi o que aconteceu.

 “Buscar juntos auxílio do Pai, rever os conceitos e os valores de cada um sobre o vínculo matrimonial; Quando numa relação o amor começa a se esfriar, a força do compromisso o mantém aceso.” – Pastor Joarês Mendes

“Quando casamos, tínhamos três anos de convivência como namorados e noivos. Éramos parceiros, conversávamos muito. Recebemos toda a orientação ministerial, mas uma coisa é a teoria; na prática tudo é completamente diferente. Eu sabia das nossas limitações, mas não achava que isso pudesse influenciar no nosso casamento, pois a gente se amava. Em cinco meses começou a guerra”, recorda-se.

Manre reconhece que o maior problema foi o temperamento dos dois, que não conseguiam ceder no momento das decisões. As discussões eram diárias, e a situação ia se inflamando, o que os afastava cada vez mais até chegar ao ponto de tornarem inimigos debaixo do mesmo teto. “Ele dizia que a última palavra sempre tinha que ser dele nas decisões, e eu não aceitava aquilo. Como eu, uma mulher independente, poderia aceitar que ele mandasse em tudo? Outra questão eram as finanças. Sou péssima em controlar isso. Foram várias as vezes em que ele chegou em casa com o técnico da empresa de energia na porta, pronto para cortar a luz, quando eu tinha me comprometido a pagar. Eu achava um absurdo deixar de ir ao salão cuidar de mim e ter que pagar a conta”, relembra.

O limite foi quando Tiago, enfermeiro, passou a fazer faculdade. Os encontros entre os dois diminuíram, e ambos passaram a organizar seus horários para não se “esbarrarem”. Tudo para evitar as brigas. E nas poucas vezes que estavam juntos, o confronto era certo. Relacionamento sexual, então, ia de mal a pior.

Os casamentos que duram menos de uma década correspondem a 4,83%, um percentual crescente desde 1994, cenário muito frequente também nas igrejas.

“No final do primeiro ano de casamento, já não existia mais amor entre nós. Respeito, muito menos. Estávamos magoados um com o outro. Até que um dia, ele arrumou as malas e disse que iria embora. E o que mais me chocou foi ele fizer que sentia tristeza em voltar para casa, porque era um verdadeiro inferno. Em segundos, eu me lembrei de tudo o que aprendi com meus pais. Eles não brigavam, nossa família era unida, eles tinham carinho um com o outro. O que estava acontecendo com meu casamento? Como meu marido não sentia prazer em estar comigo? Chorei muito e pedi que ele não fosse. Decidimos então sentar e conversar. Foi assim que começamos a analisar nossas posturas e rever nossos erros”, aponta.

Renove as alianças

Naquele momento, em uma conversa franca na qual mostraram um para o outro o que estava lhes desagradando, Manre e Tiago resolveram procurar ajuda. Buscaram então os pastores, um terapeuta e um sexólogo. “Tivemos que procurar os profissionais, que a nossa situação era péssima. Foi muito difícil buscarmos tudo de bom que os dois tinham antes, para voltarmos a nos amar. Um ano depois disso tudo, conhecemos o ‘Casados Para Sempre’. Meu marido a princípio achava o projeto uma besteira, mas ele foi um divisor de águas na nossa vida. Foi ali que começamos a repensar nossas atitudes, e não a do outro. E uns anos depois, meu marido me disse que nunca iria desistir de nós dois, que não queria medir forças comigo e que no cabo de guerra os dois caem, quem ganha e quem perde. Voltamos a querer estar um com o outro, fizemos projetos, nos redescobrimos, passamos a filtrar o que falávamos um com o outro. Hoje temos uma filha de dois meses. São 11 anos de casados, e somos felizes”, comenta.

Recém-casados: uma nova família nascendoEla deixa um conselho a quem vai trocar alianças ou é recém-casado. “Sempre me lembro de Provérbios 15:1 ‘A resposta branda desvia o furor, mas a palavra ríspida desperta a violência’. Com essa palavra, eu digo que soltem a corda, aprendam a ceder. Entrem no casamento sempre dispostos a se colocar no lugar do outro. Se você não fizer isso, sempre vai achar que está sendo injustiçado. Outra coisa é pensar no que é prioridade: ter razão ou construir uma família sólida e feliz? Não vale a pena se agarrar a motivos e pretextos para brigar. Valeu a pena rever minha posição, porque tirei um peso das minhas costas, é muito cansativo brigar. E hoje, quando uso a palavra de Provérbios em meu coração, sempre as coisas se revertem para o meu lado, sem briga e sem tristeza”, destaca.

Com base nesse e em outros relatos, o Pr. Joarês Mendes defende a necessidade de as igrejas transmitirem conselhos a seus jovens na fase pré-enlace, o que evitaria tantos transtornos futuros. “A falta de uma preparação adequada tem maior peso nesses casamentos de pequena duração. Isso significa: conceito inadequado do que é, de fato, o casamento; expectativas irreais e que, por isso mesmo, não vão se concretizar, gerando frustração; além da falta de maturidade emocional para lidar com os conflitos naturais da vida a dois. Quando o conflito acontece, é preciso buscar ajuda, independentemente das circunstâncias. Casamentos são feitos para a vida toda, mas isso é um desafio para ser enfrentado a cada dia. Todo casal passa por dificuldades e precisa reconhecer o fato e abrir-se para ser ajudado, do ponto de vista emocional, espiritual, físico, financeiro ou outro.”

Para ele, os principais conselhos para os casais são: “Buscar juntos auxílio do Pai, rever os conceitos e os valores de cada um sobre o vínculo matrimonial; procurar as causas dos conflitos e tratá-las; confessar a Deus e um ao outro as faltas cometidas, pedindo e oferecendo perdão; e renovar a aliança que fizeram um dia. Ter amor e compromisso. Quando numa relação o amor começa a se esfriar, a força do compromisso o mantém aceso; nas circunstâncias em que o compromisso parece difícil, o poder do amor dá sustentação”, finalizou.

Esta matéria foi publicada originalmente em 6 de Outubro de 2016, no portal da Revista Comunhão. As pessoas ouvidas e/ou citadas podem não estar mais nas situações, cargos e instituições que ocupavam na época, assim como suas opiniões e os fatos narrados referem-se às circunstâncias e ao contexto de então.

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