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sexta-feira, 3 maio 2024

Perspectivas da Igreja – 2024

Por José Ernesto Conti

Sinto-me um privilegiado em viver neste século. Apesar de a igreja já existir há quase 2.000 anos, creio que nunca tivemos um momento como este na sua agitada história. Nem na Reforma do séc XVI.

Sabemos que Lutero não tinha a menor vontade de criar qualquer movimento separatista, mas simplesmente corrigir alguns poucos erros teológicos e desvios de conduta – nada que pudesse mudar radicalmente a igreja. Mas com certeza a Reforma deu um novo rumo e mudou tanto a Igreja Católica Apostólica Romana que acelerou sua entrada no submundo das heresias, de forma que nenhum movimento posterior intramuros (e não foram poucos) conseguiu tirá-la desse caminho, bem como, devido a uma conjunção de fatores (leia-se ação do Espírito Santo), surgiu posteriormente a chamada Igreja Evangélica.

É aqui que entra minha breve análise: enxergando os últimos acontecimentos na Igreja Evangélica brasileira e olhando em que direção temos andado nas últimas décadas, percebo que estamos no rumo da colisão em um curto prazo. Destaco aqui alguns pontos mais evidentes dessa colisão:

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1) Culto – O culto foi estabelecido pelo próprio Deus e definido em sua Palavra. Não importa se ele não te agrada ou agrada à maioria da igreja, não importa se alguém acha chato ou cansativo. Ele precisa agradar a Deus, não aos homens. Implica que devemos nos reunir para adorar a Deus, cantar louvores ao seu nome, conhecê-lo através da Palavra e o Senhor, em decorrência disso, nos abençoa. Porém, o que vemos em muitas igrejas é um culto que procura satisfazer as ansiedades humanas em detrimento da adoração a Deus.

Percebo que não há, por parte da maioria dos líderes evangélicos, a menor preocupação sobre se o culto que estamos prestando está ou não de acordo com o que Deus estabeleceu. Para muitos, o importante é ter a igreja cheia.

2) Liderança feminina – Não há na Palavra de Deus qualquer referência ou instrução que autorize ou permita o pastorado feminino. Não temos dúvidas de que há muitas mulheres extremamente capazes para exercerem um papel relevante em nossas igrejas. Por mais que em nossos dias isso pareça uma cultura tremendamente machista, segregacionista, é o mesmo que afirmar que os escritores bíblicos inspirados por Deus foram influenciados pelas culturas antigas, em que as mulheres não possuíam a mesma importância que nos dias de hoje, ou seja, Deus não sabia que os costumes evoluiriam e que as mulheres do séc. XXI poderiam ser excelentes pastoras para conduzir o rebanho de Cristo. Deus foi pego de surpresa com a evolução dos costumes.

3) Apostolado – Parece que os novos apóstolos se esqueceram que aquele que quer ser o maior, que sirva mais. Que o legado que Cristo nos deixou foi de andar humildemente, obedecendo à vontade do Mestre. Me assusta ver os novos apóstolos com seus carros importados e seus aviões, morando em mansões e com um patrimônio invejável para as próximas 20 gerações. Sinto saudade daqueles homens que, por meio da fé, subjugaram reinos, praticaram a justiça, obtiveram promessas, fecharam bocas de leões, extinguiram a violência do fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza tiraram força, fizeram-se poderosos em guerra, puseram em fuga exércitos estrangeiros … homens dos quais o mundo não era digno (Hb 11:33ss).

4) Judaização das igrejas evangélicas – Pastor bom e uma igreja abençoada é aquela que se transforma no novo reino de Israel e Judá, pendura pelas paredes a bandeira do estado de Israel e a estrela de Davi. De preferência, que o pastor use o quipá e o manto dos sacerdotes. Transforma o altar no verdadeiro Santo dos Santos, com direito até a arca da aliança. Onde a saudação entre irmãos, deixa de ser a “Paz do Senhor” para ser shalom e a Bíblia, se transforma na Torá e no Talmude, com um sermão cheio de hebraísmos …

kadoshi, Jeová, Adonai, Yeshua Hamashia, shema Israel, … como se usar essas expressões tornasse a igreja mais kadoshi (santa) e o pastor tivesse mais autoridade na palavra.
O Espírito Santo sempre dirigiu e continua a dirigir a Igreja de Cristo. Nada está fora do seu controle, nem ninguém e nada lhe toma essa função. Nos assusta ver o caminho da igreja evangélica atual? Sim. Mas essa angústia não tira a nossa paz, nem impede que caminhemos para o alvo, para a soberana vocação à qual fomos chamados.

Soli Deo Gloria!

José Ernesto Conti é pastor da Igreja Presbiteriana Água Viva no bairro Estrelinha.

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