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quinta-feira, 7 DE novembro DE 2024

Vacina contra o HPV: meninos e meninas devem ser imunizados

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Os índices de vacinação estão abaixo do que preconiza o Programa Nacional de Imunizações (PNI), cuja meta é 80% de cobertura vacinal - Foto: FreePik

Os índices de vacinação estão abaixo do que preconiza o Programa Nacional de Imunizações (PNI), cuja meta é 80% de cobertura vacinal

Incorporada de forma escalonada ao Sistema Único de Saúde (SUS) a partir de 2014, a vacina que protege contra o Papilomavírus Humano (HPV) é aplicada mesmo antes da adolescência porque é mais favorável que a imunização seja feita antes do início da vida sexual. É utilizada em mais de cem países, incluindo o Brasil, como estratégia de prevenção e redução de doenças ocasionadas pelo vírus, como cânceres do colo do útero, vulva, vagina, região anal, pênis, boca e garganta. Outro benefício é diminuir a ocorrência de verrugas genitais, conhecidas como condiloma.

Em 13 de setembro, o governo federal ampliou o grupo que pode tomar o imunizante. Até então, a vacina só estava disponível para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. Com a mudança, a vacinação passa a ser aplicada permanentemente no público-alvo entre 9 e 14 anos de idade, independentemente do sexo.

De acordo com a Secretaria da Saúde de São Paulo, a ampliação da faixa etária tem como objetivo aumentar a cobertura vacinal para imunizantes de extrema importância. Os índices a nível nacional estão abaixo do que preconiza o Programa Nacional de Imunizações (PNI), cuja meta é 80% de cobertura vacinal.

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Entenda mais sobre o vírus:

O que é o HPV?

Vírus transmitido pela relação sexual ou pelo contato direto com pele ou mucosas infectadas, o HPV é responsável pela quase totalidade dos casos de câncer do colo do útero, por mais de 90% dos casos de câncer anal e por 63% dos cânceres de pênis, além de parte de outros tipos de tumores, como os de garganta, vulva e vagina.

O que está previsto agora no Programa Nacional de Imunizações (PNI)?

Pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a imunização contra o HPV só estava prevista para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. Com a mudança, a vacinação passou a ser aplicada em todos na faixa etária entre 9 e 14 anos de idade, independentemente do sexo. A ampliação foi divulgada pelo governo federal em 13 de setembro deste ano, sendo posteriormente adotada por Estados e municípios brasileiros. Está disponível em duas doses, com intervalo de seis meses entre a primeira e a segunda aplicação.

No entanto, a Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm) continua recomendando a aplicação de três doses. “A primeira dose aos 9 anos, a segunda dose depois de dois meses e a terceira deve ser aplicada seis meses após a primeira dose. O Programa Nacional de Imunizações recomenda apenas duas doses na rede pública, com a dose inicial e a segunda dose após seis meses, baseando-se em estudos de efetividade e eficácia com esquema reduzido de doses”, explica Lorena de Castro Diniz, coordenadora do Departamento Científico de Imunização da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai).

“A vacina contra o HPV deve ser aplicada idealmente o mais cedo possível para uma produção maior de anticorpos que protegerão, aqueles que tomarem, de cânceres que poderiam ocorrer futuramente”, afirma Melissa Palmieri, médica da Vigilância Epidemiológica da secretaria.

Quem mais pode tomar a vacina?

Também podem receber o imunizante gratuitamente pessoas vivendo com HIV/Aids, transplantados de órgãos sólidos, de medula óssea e pacientes oncológicos, todos entre 9 e 26 anos. Para esses pacientes, são aplicadas três doses, com intervalos de dois e seis meses após a primeira.

Qual a importância de meninos e meninas se vacinarem contra o HPV entre a faixa etária entre 9 e 14 anos?

Segundo a coordenadora do Departamento Científico de Imunização da Asbai, a vacina é recomendada para crianças e adolescentes entre 9 e 14 anos porque está comprovado que nesta faixa etária há uma maior imunogenicidade, ou seja, uma ampliação de formação de produção de anticorpos neutralizantes contra esse vírus. “Além de que há chance de que ainda essas crianças não tenham tido o contato com o vírus, propiciando prevenção prévia contra ele”, acrescenta.

Gustavo Adolpho de Oliveira, especialista em endoscopia ginecológica e ginecologia oncológica do Hospital Leforte Unidade Liberdade, reforça que a vacinação é fundamental. “Modo de prevenir a transmissão do vírus em meninas e em meninos. Desta forma, vamos conseguir aumentar a gama de pacientes vacinados e, com isso, as lesões causadas pelo HPV vão ter impacto menor na incidência. Quanto maior a quantidade de vacinação, menos casos de câncer de colo de útero, por exemplo, vamos ver no futuro, que é o mais importante. Na Brasil, é o segundo tipo de câncer ginecológico, somente perde para o câncer de mama”, afirmou ele.

A ampliação da faixa etária é importante?

“É muito importante essa ampliação da imunização contra HPV em meninos a partir de 9 anos. Ao contrário do que muita gente pensa, o vírus não está somente associado ao câncer de colo de útero, mas para meninos o risco é iminente devido à incidência de câncer de pênis, ânus, de faringe, de garganta e verrugas, doenças ocasionadas pelo HPV”, explica Lorena.

A vacina é segura?

Sim. São poucos os efeitos colaterais. Pode dar um pouco de febre e dor no local de aplicação. A eficácia chega a 98% de proteção para crianças que tenham recebido o esquema de vacinação completo segundo a faixa etária.

A vacinação quadrivalente oferece proteção contra quatro subtipos dos vírus do HPV, maiores responsáveis pela formação de verrugas e tipos de câncer de pênis, ânus, de faringe e de garganta.

Qual o número de infectados por HPV no Brasil e no mundo?

Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, estima-se que o Brasil tenha ao menos 10 milhões de infectados pelo Papilomavírus Humano e que, a cada ano, 700 mil casos novos da infecção surjam. No mundo, cerca de 105 milhões de pessoas são positivas para o HPV 16 ou 18.

Quem não tomou na infância pode se imunizar posteriormente?

Oliveira acrescenta que pacientes que já tiveram contato com o HPV têm solicitado o uso da vacina. “Temos prescritos no último ano para pacientes mais velhos já com vida sexual e que tenham HPV positivo ou até lesões de HPV. O que temos observado é que esses pacientes – entre 25 e 35 anos – que tomam a vacina têm os níveis de HPV diminuídos. Prescrevo e tomam na rede particular”, reforçou ele.

Com informações de Agência Estado.

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