“Limites são absolutamente necessários. Isto porque os pequenos não têm critérios. Em muitas situações, eles não fazem a mínima ideia de qual sera a melhor escolha a fazer”

Por Patricia Scott

A família é o primeiro ambiente social das crianças. Nele, elas aprendem a falar, sentar e andar, mas também valores e princípios para a construção do caráter. Essa palavra é bastante utilizada. No entanto, como explicar o que é o caráter?

Segundo a psicologia, caráter está completamente relacionado à forma de agir e de reagir às situações da vida. Porém, diferentemente do comportamento, o caráter está mais ligado aos valores morais de uma pessoa. Assim, expressa a índole do indivíduo.

Por isso, a presença materna e paterna na rotina da garotada é fundamental. Afinal, os pequenos estão na fase do desenvolvimento diante um mundo altamente tecnológico, onde são bombardeados de inúmeras informações a cada segundo, diariamente. Outro ponto é que a responsabilidade da educação dos filhos deve ser os pais e não terceirizada à escola, igreja ou aos cuidadores.

“A educação desse mundo nos diz que, se não interferirmos no curso natural dos pequenos, eles serão adultos éticos e morais. Insistem na ideia de que a criança é um anjinho inocente e sem pecado, mas as influências externas os corrompem. Dizem que os filhos se tornam maus certamente porque algo aconteceu e a maldade entrou no seu coração; muitos até colocam esse peso sobre os ombros dos pais, dizendo que o filho que age de uma maneira inapropriada assim o faz porque seu pai, ou a sua mãe, fez algo errado primeiro”, analisa a pastora de crianças Tatiane Joslin, da Igreja Renovo em Órfãs, Ponta
Grossa (PR). 

Segundo ela, não se pode ignorar o fato de as crianças também são carnais, com inclinação ao pecado. Em contrapartida, as crianças muitas vezes não sabem se controlar nem se expressar de outra forma que não seja o choro e o grito. Isso ocorre muitas vezes devido a “questões emocionais, naturais e fisiológicas”. Dessa forma, Tatiane observa que crianças não deveriam ser castigadas por criancices que fazem de maneira inocente. “Elas estão aprendendo e se desenvolvendo. Muitas vezes, elas são punidas enquanto deveriam ser ensinadas”. 

Por outro lado, as crianças precisam de limite e disciplina. Entretanto, ela diz que muitas vezes, equivocadamente, os pais estabelecem regras e limites como pilar principal de toda educação dos filhos. “Acreditam que educar é apenas condicionar uma criança a não infringir uma regra. No entanto, é preciso ser ensinado sobre valores e princípios envolvidos nas decisões”, enfatiza Tatiane, acrescentando que “Limites são absolutamente necessários. Isto porque os pequenos não têm critérios. Em muitas situações, eles não fazem a mínima ideia de qual sera a melhor escolha a fazer”.  

 Desse modo, de acordo com Tatiane, existem limites negociáveis e inegociáveis. “Eles são um conjunto de regras e combinados. Estes são estipulados junto com a criança e faz com que ela sejam mais colaborativa para cumprir”, pontua a pastora e emenda: “Regras e limites devem ser claramente comunicados aos filhos. Faça isso sempre em momentos oportunos”. 

Por fim, Tatiane destaca que disciplinar os filhos não é uma opção, mas uma responsabilidade dos pais. “Quem ama disciplina desde cedo. Não fazemos somente o que os nossos filhos querem, mas o que eles precisam”, frisa a autora do livro “Criação Bíbliacompatível”, da Editora Vida, que pondera: “Deus não apenas nos aconselha a criar nossos filhos, mas ordena aos pais que eles os disciplinem. É uma questão de fé, obediência e sabedoria”. 

Veja algumas orientações, segundo a Bíblia

• Ensine a obediência – “Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo.  Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa; Para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra” (Efésios 6.1-3).
• Ensine a consequência das escolhas – “Meu filho, não despreze a disciplina do Senhor nem se magoe com a sua repreensão, pois o Senhor disciplina a quem ama, assim como o pai faz ao filho de quem deseja o bem” (Provérbios 3.11,12).
• Ensine valores e princípios cristãos – “Meus irmãos, pode uma figueira produzir azeitonas ou uma videira figos? Da mesma forma, uma fonte de água salgada não pode produzir água doce.Quem é sábio e tem entendimento entre vocês? Que o demonstre por seu bom procedimento, mediante obras praticadas com a humildade que provém da sabedoria” (Tiago 3. 12,13). 
• Ensine a partir do bom exemplo – Tornem-se meus imitadores, como eu o sou de Cristo (1 Coríntios 11.1).
• Ensine a amar a Deus e ao próximo – Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todas as suas forças. Que todas estas palavras que hoje lhe ordeno estejam em seu coração.Ensine-as com persistência a seus filhos. Converse sobre elas quando estiver sentado em casa, quando estiver andando pelo caminho, quando se deitar e quando se levantar (Deuteronômio 6.5-7)
• Ensine com a presença – Instrua a criança segundo os objetivos que você tem para ela, e mesmo com o passar dos anos não se desviará deles (Provérbios 22.6)