Episódios cheios de cenas de sexo, violência e sobrenatural prendem a atenção, mas enchem os lares com conteúdos perigosos para a vida espiritual.

Por Cristiano Stefenoni

O que era apenas um entretenimento virou uma febre no país. Assistir séries é a atividade de lazer preferida para 93% dos brasileiros, cerca de 115 milhões de fãs, segundo dados da NBCUniversal Brasil. O problema é que no meio do trigo costuma vir também o joio. Episódios cheios de cenas de sexo, violência e sobrenatural são conteúdos perigosos para a vida espiritual. Sendo assim, o que o evangélico deve levar em consideração na hora de escolher o que vai ver?

No Brasil, mais de 400 séries são transmitidas nas plataformas de streaming ou em canais de TV por assinatura. Os principais gêneros assistidos são ação (70%), policial/ investigativo/ criminal (64%), aventura (59%), ficção científica (56%), comédia (54%) e terror (44%).

Geralmente, a escolha do que se assiste é baseada nos gostos pessoais. Tanto que 66% dos brasileiros preferem as séries em que se identificam com os personagens e 90% as assistem como uma fuga do caos, dos problemas do dia a dia.

No caso do cristão, a situação é mais delicada. O fato da série ser realmente muito boa, não significa que ela tenha que ser consumida pelo crente. Principalmente quando o seu conteúdo trará inúmeros malefícios para a vida espiritual da pessoa, e consequentemente, para o seu lar. De acordo com a NBCUniversal Brasil, 98% dos brasileiros assistem às suas séries dentro de casa, nos seus sofás ou nas suas camas.

“Eu não tenho dúvidas de que, no ponto de vista espiritual, existem forças hostis e malignas oriundas do inferno que estão agindo na cultura, na televisão, a fim de corromper princípios e valores. Há sim um conteúdo tenebroso por detrás disso”, alerta o pastor sênior da Primeira Igreja Batista de São Paulo, Paulo Eduardo Vieira.

De acordo com o pastor, a forma mais segura de protegermos nossos lares de tais influências é a prevenção e a atitude. “Precisamos explicar, ao máximo possível, a filhos, aos netos, ao cônjuge e as pessoas que moram na casa que há conteúdos malignos e corruptores na TV. Depois, podemos substituir esse conteúdo ruim por outras coisas muito boas, cristãs, como filmes de boa qualidade, bons documentários, matérias jornalísticas. É uma forma de proteger a minha mente com conteúdos confiáveis”, afirma o pastor.  

A educadora e escritora cristã, Neila Diniz de Oliveira, que tem MBA em Novas Gerações e é Mestranda em Educação Profissional, ressalta que valores são inegociáveis e devem ser levados em consideração na hora de assistirmos algo na TV.

“Na hora de escolhermos o que iremos assistir temos que levar em consideração os nossos valores e a nossa cosmovisão: aquilo que verei combina com o que defendo e a fé que professo? Por mais que eu acredite que isso não vai me influenciar, é uma questão de fidelidade ao que creio”, destaca Neila. 

Ela explica que o conteúdo ruim pode atingir qualquer um, independentemente da idade. “Não é porque a pessoa é um adulto que não irá influenciá-lo. Tudo que assistimos é absorvido e guardado em nossa mente e, em algum momento, poderá vir à tona. Além disso, cada pessoa é única e será impactada de forma diferente”, alerta.

Outro ponto abordado pela educadora é o risco de se normalizar algo ruim só porque ficou popular, principalmente, em relação às séries de conteúdo sobrenatural. “O fato da gente se acostumar não quer dizer que seja bom. Com o tempo, isso acaba tirando a nossa sensibilidade espiritual para as coisas que a gente professa e crê”, afirma.

Bíblia alerta para o conteúdo que absorvemos

Neila Diniz lembra ainda que a Bíblia está de repleta de exemplos e conselhos para que o cristão cuide daquilo que vê e ouve.

“Em Deuteronômio 18, por exemplo, há diversas advertências de Deus para que o povo não imitasse as práticas dos pagãos. Já Mateus 6 alerta que devemos cuidar com o que contemplamos. E Filipenses 4:8 diz ainda que preciso escolher aquilo que refina o meu caráter”, ressalta.

Entretenimento é diferente de recreação

Contudo, não quer dizer que o cristão não possa ter seu momento de lazer. Mas é preciso entender que há diferença entre entretenimento e recreação.

“Se eu preciso de descanso para relaxar a mente, é melhor buscar uma atividade que seja de recreação, como por exemplo, ir à natureza respirar ar puro, ler um bom livro que me faça refletir. Já o entretenimento serve apenas para a distração, e aí o perigo acontece, pois a tendência é a gente baixar a guarda”, afirma a educadora.

Atenção especial às crianças

Neila Diniz faz uma alerta especial aos pais. Segundo ela, o que mais se tem visto hoje é uma tentativa de doutrinação dos filhos. E por conta da idade deles, estão mais vulneráveis e sujeitos a absorver esse conteúdo errado e, por meio da repetição, torná-lo uma verdade.

“O ideal é que a criança não fique sozinha quando for assistir algo. Caso apareça alguma coisa que seja contra a fé e os princípios que acreditamos, os pais devem interromper e explicar a criança sobre os erros ali expostos. Muitos conteúdos que parecem inocentes, há uma intencionalidade naqueles que os produzem em doutrinar as crianças, para que cresçam achando que o erro é algo natural”, justifica.

Dicas na hora de escolher uma série para assistir:

• Se você fica constrangido em orar antes, durante ou depois de uma série, algo está errado e o conteúdo precisa ser reavaliado. O que se assiste jamais pode tirar a sua paz e comunhão com Deus.
• Dê preferência a produções que falam sobre valores, a importância da família, da amizade sincera, de fé, de coragem, que motiva a ser uma pessoa melhor.
• Evite conteúdos que certamente trarão prejuízos para a sua vida espiritual como os que têm cenas de nudez e sexo, violência gratuita, invocações demoníacas, entre outros do gênero.
• Quem sofre de ansiedade ou depressão também deve evitar séries que o deixa tenso, nervoso, ansioso ou que te põe para baixo, deixa triste.
• De igual forma, pessoas com o temperamento colérico devem evitar assistir conteúdos que estimulem a agressividade.
• Nem sempre dá para saber se a série tem uma cena inapropriada para o cristão. Mas o controle do aparelho está em suas mãos. Nada te impede de adiantar a cena, por exemplo.
• Crianças e adolescentes, que estão em formação do caráter, precisam de uma atenção especial por parte dos pais. Alguns aparelhos possuem, inclusive, sistemas de senhas para controle de conteúdo. Fique de olho também ao histórico do que tem sido assistido quando você não está em casa.
• Você não é obrigado a assistir algo só para estar “em dia” com a tendência do mundo ou ter assunto para comentar com os outros. A curiosidade pode levar a caminhos perigosos para a sua vida pessoal, espiritual e familiar. Se te porá em risco, simplesmente não assista.