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quinta-feira, 2 maio 2024

Saiba como lidar com o preconceito religioso na empresa

Conversar de forma educada com os seus gestores é o primeiro passo para não ter problemas em relação às suas crenças dentro da empresa. Foto: Freepick

Apesar da liberdade religiosa estar na Constituição Federal, muitos profissionais são discriminados no ambiente de trabalho por causa de suas crenças

Por Cristiano Stefenoni

Desde as perseguições sofridas por José do Egito na casa de Potifar até hoje, a intolerância religiosa no ambiente de trabalho é alvo de discussão. Isso porque, na maioria das vezes, os direitos ligados a uma crença são erroneamente confundidos com benefícios. Roupas e assessórios típicos de uma religião, restrições alimentares, hábito de orar antes do expediente, dia de guarda e ter uma Bíblia sobre a mesa são alguns motivos que levam ao preconceito religioso.

O que poucos empregadores sabem é que a discriminação ou o preconceito contra as manifestações religiosas e os seus adeptos é crime previsto na Lei 9.459/1997. E mais: a liberdade religiosa é um direito garantido pela Constituição (art. 5º – inciso VIII), tanto que há até um dia específico (21 de janeiro) para celebrar essa causa – o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa.

Curiosamente, apensar de ser um país onde o Estado é laico e há uma diversidade imensa de religiões, a prática preconceituosa no Brasil não para de crescer. De acordo com a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos (ONDH), o número de denúncias relacionadas a discriminação religiosa, feitas pelo Disque 100, teve um aumento de 45% em apenas um ano. Já uma pesquisa da InfoJobs revelou que 12,3% dos trabalhadores já sofreram algum tipo de preconceito religioso na empresa.

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“O que se deseja não é que as regras sejam alteradas dentro da empresa para atender àquelas pessoas com restrições religiosas, mas sim, que possa haver uma acomodação razoável para o funcionário que possui algumas objeções de consciência. O caminho sempre é o diálogo. Existem circunstâncias em que ajustes podem e devem ser feitos”, explica o consultor e palestrante internacional de liberdade religiosa, o teólogo Helio Carnassale, que também é Mestre em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo.

Para Carnassale, a liberdade religiosa é amplamente abordada em toda a Bíblia, visto que Deus não criou robôs, mas seres humanos com livre arbítrio. “A árvore do Conhecimento do Bem e do Mal (Gn 2:15-17), Moisés alerta para as consequências das nossas escolhas (Dt 30:15), a crença no Filho de Deus para a salvação (Jo 3:16) e abrir a porta do coração para Jesus (Ap 3:30), todos esses casos falam da liberdade da pessoa em escolher ou não seguir a Deus”, explica.

O teólogo lembra que a melhor forma de resolver os conflitos dentro da empresa envolvendo crenças religiosas é o diálogo. Contudo, é preciso ter sabedoria e paciência, visto que cada gestor tem um perfil diferente.

“Às vezes você lida com um chefe compreensível, de bom coração, empático, que se coloca no lugar de outras pessoas. Mas às vezes vai encontrar alguém com visão mais estreita e distorcida, que confunde um direito constitucional com um privilégio. Essa resistência em aceitar que alguém pense forma diferente é que gera o conflito”, ressalta Carnassale.

Outro ponto muito importante apontado pelo teólogo é que o colaborador deve ser um bom exemplo dentro da empresa, dedicado, educado e jamais querer impor suas crenças.

“O profissional deve se mostrar humilde, amigável, demonstrar boa vontade e espírito de cooperação. Jamais achar que é superior aos colegas. E tem que haver uma compreensão por parte da empresa de que é um direito do funcionário ter sua crença respeitada”, diz.

Confira dicas para lidar com os conflitos religiosos dentro da empresa:

Diálogo respeitoso

Conversar de forma educada com os seus gestores é o primeiro passo para não ter problemas em relação às suas crenças dentro da empresa. Mas saiba o horário certo de fazer isso. Veja um dia em que o seu chefe esteja mais tranquilo e com tempo para esse diálogo. Jamais tente apelar ou forçar a barra. Apenas explique seus motivos e respalde-os.

Mostre seu valor

Um profissional qualificado, dedicado e que produz resultados é muito raro de encontrar. E dificilmente a empresa vai querer abrir mão de um talento por conta de sua crença. Então, mostre serviço. Trabalhe duro, não faça corpo mole, dedique-se, evite ficar reclamando de tudo, seja um profissional indispensável para a organização.

Humildade sempre

Direito é uma coisa, privilégio, outra. Jamais se julgue superior aos seus colegas de trabalho por conta da sua religião. Pelo contrário, ter humildade e senso de equipe é fundamental. Respeite a todos, ofereça ajuda e nunca discuta com ninguém.

Conhecimento é fundamental

Não dá para defender um ponto de vista sendo que nem mesmo você tem certeza do que está defendendo. Estude e informe-se sobre as leis, os seus direitos, e claro, conheça melhor a sua própria crença.

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