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sexta-feira, 3 maio 2024

Raiz de amargura

Raízes do bem nos proporcionam resistência e crescimento. Raízes do mal se espalham pela alma e drenam nossa força, alegria e paz

Por Marcelo Aguiar

Quando nos mudamos para Itapoã, no começo dos anos 70, minha mãe pôde, enfim, realizar o sonho de ter um jardim. Lembro de que naquela época ela me confiou uma tarefa. Era minha a responsabilidade de arrancar as ervas daninhas que se insinuavam por entre o gramado. Eu tinha apenas seis anos, mas levava a missão a sério. Assim, uma vez por semana, armado de um banquinho e de uma faca sem ponta, ia até o jardim fazer guerra às tiriricas. Lembro-me até hoje da recomendação:

“Você não pode só arrancar o mato, porque ele tornará a nascer. Precisa cavar em volta e arrancar toda a raiz. Se apenar um pedaço da raiz permanecer na terra, a planta irá crescer de novo, e o seu esforça terá sido inútil”.

É isso aí. Raízes são coisas muito séria. Raízes do bem nos proporcionam estabilidade, resistência e crescimento. Raízes do mal se espalham pelos subterrâneos da alma e drenam nossas forças, nossa alegria e nossa paz. A amargura é uma raiz do mal.

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O Novo Testamento adverte: “Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem” (Hebreus 12:15). Homens e nações foram destruídos por causa da amargura. Foi o caso de Caim. De Saul. De Absalão. De Jezabel. De Herodias. De Judas Iscariotes. Eles deixaram o rancor lançar raízes no seu peito e sufocar-lhes o espírito. Agindo assim, atraíram e geraram muita dor.

Se a amargura se espalhar por nossa vida, lançará raízes profundas, difíceis de arrancar. Logo elas florescerão em ódio, ressentimento, desconfiança e isolamento. A semente da amargura é, geralmente, algum tipo de decepção. Sofremos alguma ofensa, ingratidão, descaso, negligencia ou traição, e ficamos magoados.

Nessa hora, a única coisa que pode salvar-nos é a graça. Temos que recorrer a Deus para que nossas dores sejam aliviadas e sejamos capazes de perdoar. Quando não buscamos esse caminho – quando nos privamos da graça de Deus – o orgulho ferido assume o controle. A amargura, como um câncer, lança suas raízes. Aos poucos, elas vão nos comendo por dentro. No final, a alma, envenenada, descobre-se infeliz, descrente e só.

Se a mágoa e o ressentimento tem encontrado qualquer espaço no seu espírito, é melhor fazer algo a respeito, e rápido! Assim como um pedacinho de raiz faz a erva daninha reviver, um pequenino rancor é capz de gerar perturbação e contaminar muita gente. Leve a Jesus sua alma ferida. Permita que Ele a trate com a Sua graça. Depois, interceda pelos que o magoaram, e entregue-os nas mãos de Deus. Libere o perdão. Você verá como vai se sentir liberto, feliz e abençoado.

Conta-se que um homem caminhava pelo campo, num dia muito frio, quando viu uma serpente congelada à beira da estrada. Ele achou graça da rigidez do réptil. Decidido a mostrá-la aos amigos, pôs a cobra no bolso do paletó e continuou andando. Mas a serpente, aquecida pelo calor do corpo do viajante, despertou do seu estado de entorpecimento e picou-o, causando-lhe a morte.

Guardar mágoa de alguém é como ajuntar serpentes sobre o coração. O veneno que se espalha vai, aos poucos, destruindo nossa paz. Vamos nos tornando secos, mal-humorados, deprimidos. Não deixe isso acontecer com você. Alcance hoje, pela fé, uma vitória em nome do Senhor. Arranque a amargura pela raiz.

Pr. Marcelo Aguiar é formado em teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil e em psicologia pela Universidade Federal do Espírito Santo. Leciona psicologia e aconselhamento no Seminário Teológico Batista do Estado do Espírito Santo e exerce o ministério auxiliar na igreja Batista em Mata da Praia.

O artigo acima é uma republicação da Comunhão da edição 76/2004 da revista impressa. As opiniões e os fatos narrados referem-se às circunstâncias e ao contexto de então.

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