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terça-feira, 30 abril 2024

Quando a própria igreja se torna um ambiente tóxico

Igrejas devem estar atentas para que as pregações e mensagens nos púlpitos não sejam ameaçadores nem intimidadores. Foto: Freepik

Como está o comportamento da liderança de sua igreja? Lá é um lugar onde você pode dar sua opinião, participar, sem medo, constrangimento ou rejeição?

Por Cristiano Stefenoni

Você sabe o que é segurança psicológica e o que ela tem a ver com a igreja? De forma resumida, o termo – muito utilizado no mundo corporativo – se refere a um ambiente onde a confiança, o respeito e a abertura são cultivados, de modo que a pessoa sente confiança para expressar suas opiniões, compartilhar ideias e experiências. E como está o comportamento da liderança de sua igreja? Lá é um lugar onde você pode dar sua opinião, participar, sem medo, constrangimento ou rejeição?

De acordo com o doutor em Psicologia e psicanalista especialista em Neurociência, pastor Édson de Oliveira Pinto, a igreja precisa entender que não basta oferecer orientação espiritual aos seus membros, mas é necessário também dar suporte emocional e psicológico.

“As empresas já fazem isso e seria muito bom que as igrejas também o fizessem. É importante não adotar uma visão reducionista como se tudo se resolvesse com o espiritual. Mas Deus capacitou profissionais para ajudar. É importante que a igreja reconheça essa necessidade, uma vez que ela lida com o coletivo”, justifica o doutor.

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O especialista ressalta que, infelizmente, há momentos em que essa segurança psicológica está em risco na própria igreja. Ele explica que isso geralmente acontece quando os membros não são tratados de forma individual, mas apenas como uma massa.

“Na medida em que as pessoas se veem ou são tratadas como se fossem uma ‘massa’ e não um ser individual, há riscos para a segurança psicológica. Embora pertença a essa igreja, eu não me confundo com ela. Tenho uma ‘fronteira’ individual que é maior que a da igreja e da família. Quando essa individualização é diminuída, minimizada, neutralizada, você tem um adoecimento da pessoa. Então, chega a um ponto em que pode fazer a pessoa ‘desaparecer’, não ter opinião”, alerta.

O pastor Édson afirma que há situações em que o membro da igreja está passando por uma intimidação psicológica por parte de algum líder, mas que não consegue enxergar isso e acredita que seja algo “normal” na cultura daquela igreja.

“Às vezes há pessoas queridas na igreja que não têm essa consciência, de que estão sendo intimidadas, amedrontadas. Elas acham que aquilo foi feito em nome e pela vontade de Deus. Então, enquanto essas pessoas não criarem uma consciência, acharão que aquilo ali é normal, embora sejam vítimas”, enfatiza.

Agora, caso a pessoa sinta que está sendo intimidada dentro da própria igreja, o doutor dá algumas orientações. “Primeiro é preciso verificar qual o nível dessa ‘intimidação’. Se vier do ancião, diácono, obreiro, professor, ministro de louvor, ou qualquer outro membro, deve-se procurar o pastor. Agora, se o próprio pastor é o problema, ou seja, ele ser o perseguidor ou não tomar nenhuma providência em relação às denúncias que recebeu, aí sim, talvez seja a hora da pessoa procurar uma outra comunidade religiosa, outra igreja, que a deixa à vontade e se sinta mais confortável”, orienta.

Além disso, o doutor diz que, quem apresenta esse comportamento mais autoritário, manipulador e intimidador, precisa procurar tratamento adequado. “Todo líder autoritário, que não escuta as pessoas, que quer manobra-las, normalmente, são pessoas muito fracas emocional, espiritual e mentalmente. Então, quando você encontra alguém com esse perfil, pode estar certo que está lidando com uma pessoa doente”, afirma.

O doutor enfatiza ainda que a igreja deve zelar pelo bem-estar de todos e cuidar para que os membros saiam de lá felizes, em paz e não piores do que quando entraram.

“A cultura do medo é totalmente estranha à comunidade cristã, cujo princípio básico da fé é exatamente o amor ao próximo, zelar pelo bem-estar do outro. A igreja é um lugar onde as pessoas são acalmadas em Cristo Jesus, acolhidas. Então, ali é o lugar para que, quando a pessoa entrar, sai de lá com o coração mais leve, aliviado e não amedrontado. E toda a igreja que perceber que os seus líderes estão usando uma mensagem para assustar, eles deveriam ser orientados, corrigidos e até impedidos de usar o púlpito por um tempo”, finaliza.

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