Cerca de 25% dos brasileiros, com idades entre 16 e 24 anos, fazem parte do grupo dos “sem religião”. Afastamento pode ser dar por falta de atividades na igreja e mau testemunho dos membros mais velhos.
Por Cristiano Stefenoni
Se trazer um jovem para a igreja já é difícil, mantê-lo nela é ainda mais desafiador. E os números mostram isso. Em 2020, cerca de 25% dos brasileiros, entre 16 e 24 anos de idade, faziam parte do grupo dos “sem religião”, segundo dados do Instituto de Pesquisa Datafolha. Para efeito de comparação, em 2010 esse percentual era de apenas 8%. Mas por que será que eles abandonam a fé? É possível reverter isso? Como?
Para o pastor e pedagogo, Alacy Mendes Barbosa, líder do Ministério de Família na Divisão Sul Americana IASD, especialista em Psicologia organizacional e Recursos Humanos, um dos motivos que levam os jovens a saírem da igreja é a inatividade.
“O jovem sai porque eles veem muitas luzes ‘lá fora’, brilhando e ‘dizendo’ que ele pode participar ativamente das coisas do mundo e, muitas vezes na igreja, ele não tem participação ativa. Então, essa ausência de trabalho eclesiástico começa a empurrá-lo para fora”, alerta Barbosa.
Outro ponto abordado pelo pastor é quanto ao testemunho de alguns irmãos antigos de igreja. Apesar da pessoa precisar olhar para Cristo e não para os outros, a juventude muitas vezes se frustra com o comportamento de quem deveria dar o exemplo.
“Não temos que olhar para os membros para nos mantermos firme na fé, mas o jovem quer ver coerência na vida dos irmãos mais velhos, se eles passam, na prática diária, uma mensagem verdadeira. E a liderança precisa dar o exemplo”, alerta.
Sobre as medidas para evitar que os jovens saiam da igreja, o pastor lembra que isso dependerá de um conjunto de fatores que vão desde criar atividades específicas para eles até elaborar meios de fortalecer o primeiro amor que um dia tiveram por Cristo.
“Os jovens entram na igreja porque, no fundo, têm uma necessidade de valores, de direcionamento e encaminhamento. Quando vêm que o que Jesus faz é uma coisa radical, diferente, então, eles se encantam com esse Deus. Além disso, deve-se criar oportunidade para que eles participem ativamente na igreja”, orienta o pastor Barbosa.
Dicas para manter os jovens na igreja
- Crie programas específicos para eles, com palestras com assuntos atuais, louvores dinâmicos, atividades interativas, etc.
- É fundamental ter uma célula com o grupo de jovens que funcione fora da igreja, em horário diferente do culto. Lá eles poderão desabafar, criar vínculos de amizade, interagir e ter momentos agradáveis de comunhão com Deus.
- Orientar sim, julgar nunca. Os jovens precisam se sentir seguros em relação aos seus dramas e desafios. Busque ouvir, aconselhar, mas nunca julgar. E claro, crie um espaço para que eles façam questionamentos e enviem sugestões.
- Se eles não tiverem nada interessante para fazer na igreja aos finais de semana e nos feriados, pode ter certeza de que encontrarão algo para fazer mundo, onde a oferta de opções prejudiciais para a vida espiritual é gigantesca. Mas não subestime a sua juventude. Fazer qualquer coisa só para dizer que fez não irá convencê-los e ainda vai desanimá-los para a próxima atividade.
- Use as redes sociais para fortalecer e promover a união dos jovens. Crie um grupo de Whatsapp para a turma, poste ali músicas, vídeos inspiradores, agenda das programações, estudos bíblicos, pedidos de oração, etc. Tenha também um perfil do grupo no Instagram para divulgar as atividades do pessoal e estimular a participação de outros jovens.
- Não espere o jovem sair da igreja para agir. E caso ele saia, não espere que vá voltar sozinho. A igreja precisa ter estratégias para cuidar da juventude antes de sair, durante sua ausência e depois com o seu retorno.
12 dificuldades dos jovens cristãos
1 – Identidade
Durante séculos o cristianismo vem sofrendo modificações em modos, usos, costumes, doutrinas e princípios. Em alguns casos isso acaba criando conflitos de gerações, pois os jovens foram educados de um modo, mas o mundo que eles vivem é completamente diferente do que foram ensinados. É essencial abertura de diálogo para que os jovens entendam que princípios não se alteram, apesar do mundo ter mudado.
2 – Pecado
Na Bíblia, pecar é transgredir a Lei de Deus. E os jovens amam transgredir, são rebeldes. Contudo, pecado também é uma condição humana. O meio de resolver isso é a graça. “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus”. Romanos 3:23,24
3 – Fé dos pais
Grande parte dos jovens também tem a dificuldade de aceitar a fé dos pais, não que haja algo de errado com a crença deles. Mas o fato é que o jovem gosta de ser livre e pensar por si mesmo. É preciso prosseguir em conhecer as verdades bíblicas de forma que a fé seja vivenciada intensamente por adultos e jovens, respeitando as experiências de cada um.
4 – Relativismo
O relativismo é um conceito em que os pontos de vista não têm uma verdade absoluta ou validade em si mesma, mas possuem valor relativo, subjetivo, e de acordo com as diferenças na percepção e consideração. Quando o assunto é “Deus Verdade Absoluta” é impossível colocarmos o Criador dentro da caixinha do relativismo. Se não existe certo e nem errado o que existe então? Como pode algo ser verdade para você e ao mesmo tempo mentira para mim?
5 – Coletivismo
Trata-se de qualquer perspectiva filosófica, política, religiosa, econômica ou social que enfatiza a interdependência de todos os seres humanos. O problema é que, ao invés de influenciar, os jovens costumam ser influenciados, levados, pelas armas que deveriam “combater”. Não venda a sua fé simplesmente para fazer parte do grupo.
6 – Depressão
A depressão também é uma das dificuldades que os jovens enfrentam, principalmente, os cristãos. Eles precisam encontrar nos adultos, amigos para os ajudarem a enfrentar a depressão.
7 – Redes sociais
A internet se tornou uma forma de interagir extremamente importante, mas essa ferramenta também trouxe a revelação da fragilidade do interior dos homens. Não existe mais privacidade: compartilhamos tudo, comida, viagens, momentos e nos esquecemos de viver experiências reais da vida. Sem contar o fácil acesso a pornografia e uma série de outros problemas derivados do meio.
8 – Hipocrisia
O problema da hipocrisia é não viver aquilo que se prega e isso não se alinha ao discurso do verdadeiro cristianismo. Ou você é cristão ou você não é, sim, sim, não, não o que passar disso não provém de Deus.
9 – Liberdade
Sabemos que o ser humano é livre e pode rejeitar ou não os conselhos dos pais e da Bíblia. Mas muitos não sabem lidar com essa liberdade e a confundem com libertinagem. Por isso, é importante saber usar essa liberdade para não ser um escravo do pecado. “Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento” (Eclesiastes 12:1).
10 – Sexo
Os cristãos acreditam que o sexo foi feito para ser desfrutado dentro do plano do casamento e o que sai fora disso é pecado. Mas como lidar com os que caíram? Devem ser tratados com perdão. Não se pode ignorar, mas caso aconteça, é preciso ter uma postura correta.
11 – Drogas
É claro que não é todo jovem cristão que usa droga, mas existem em nosso meio os que estão enfrentando essa dificuldade, seja ela lícita ou ilícita. É essencial haver diálogo entre a comunidade cristã, a sociedade e a família para que o jovem tenha todo suporte que precisa para se libertar.
12 – Fé
Uma outra dificuldade que os jovens enfrentam é o de desenvolver a fé. Para aumentá-la, é importante investir diariamente em Bíblia, oração e testemunho.
Fonte: Palestraparaprofessores.com
