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quarta-feira, 1 maio 2024

Olhares – Nº 4: a Nova Aliança

É um contrassenso que a Igreja ainda insista em trazer para seu modelo de fé, e para as suas práticas, os rudimentos da Antiga Aliança

A Nova Aliança, dada por Jesus Cristo aos homens, no seu sangue, traz um conjunto de Preceitos que se tornaram a base do cristianismo. Estes Preceitos nos são apresentados, na Bíblia Sagrada, sob o título de Novo Testamento. Em outras palavras, o Novo Testamento é a expressão da Nova Aliança, selada pelo derramamento do sangue do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo – João 1.29.

A Nova Aliança transforma o foco no Rito Religioso na importância da transformação do próprio homem, a partir do seu interior, como lemos em II Coríntios 5.17-21, “…se alguém está em Cristo, é nova criatura…”. O sangue de Jesus nos reconciliou com Deus e nos legou o Ministério da Reconciliação. Ou seja, Jesus não apenas nos reconciliou com Deus, mas fez de nós Agentes da Reconciliação, principalmente, daqueles que estão sob nossa influência direta, que dependem da nossa mensagem reconciliatória, para que vivam uma nova vida em Cristo. O Senhor nos tira da condição de religiosos passivos, cumpridores de ritos religiosos, para a que sejamos Embaixadores de Cristo. Sabemos que embaixadores são representantes oficiais de sua Nação perante as outras Nações; e, assim, somos embaixadores do Reino Deus.

A Antiga Aliança era excludente, ou seja, havia os hebreus e os gentios, chamados incircuncisão. Ainda dentre os hebreus, o Sacerdócio era exclusivo aos Filhos de Levi, os Levitas. Conforme o texto de Efésios 2.11-13, os que não estavam sob o prisma da Antiga Aliança estavam, naturalmente, separados da comunidade de Israel, sendo estrangeiros quanto às alianças da promessa, sem esperança e sem Deus no mundo. A Nova Aliança fez com que os que estavam longe fossem aproximados dos que ‘estavam perto’, e fez com que não houvesse mais distinção entre circuncisão ou incircuncisão; na verdade, a Nova Aliança muda o conceito de circuncisão, que passou a ser entendida não mais como um ato físico, como uma cirurgia de fimose, mas como algo espiritual, como a nossa circuncisão em relação ao mundo e ao pecado.

A Nova Aliança transforma o crente de Agente Passivo, à sombra do Sacerdócio, a um Agente Ativo, participante, responsavelmente, do Sacerdócio. Esta condição é resultado do sacrifício de Jesus, o Cordeiro de Deus, que não apenas foi capaz de nos reabilitar, mas de, pelo seu Espírito, nos capacitar para que fossemos ministros de uma Nova Aliança, a que foi feita não segundo o derramamento do sangue de animais, mas do derramamento de seu próprio sangue – ver II Coríntios 3.4-6. Esta condição não tem a ver com meritocracia humana, ou com o fato de sermos parte desta ou daquela tribo. O sangue nos iguala a todos e nos torna, a todos, participantes do mesmo ministério, do mesmo sacerdócio. Somos, todos os cristãos, parte de uma enorme tribo sacerdotal.

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A Carta aos Hebreus é o texto, do Novo Testamento, mais esclarecedor quando se trata de cotejar o tipo de Sacerdócio de um Testamento com o outro, e seus ritos; coteja também o tipo de Aliança vigente até Jesus, o Cristo de Deus, o Messias, e a Nova Aliança. O tratamento de Deus em relação aos Judeus, e ao Judaísmo é peculiar, por se tratar de povo escolhido desde os tempos antigos, e, portanto, podemos entender a dificuldade daquele povo em reconhecer o Messias. Há ‘um tempo e um modo’ do Senhor alcançar aquele povo escolhido. À Luz dos ensinos de Jesus, dos escritos em Atos dos Apóstolos e das Cartas do Apóstolo Paulo, a Igreja é ensinada acerca de uma Nova Aliança, feita no sangue do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.

É um contrassenso que a Igreja ainda insista em trazer para seu modelo de fé, e para as suas práticas, os rudimentos da Antiga Aliança, que, segundo a Carta aos Hebreus, é tido como antiquada, envelhecida; o ministério de Jesus é superior ao ministério que estava posto sobre o Sacerdócio Araônico, e suas promessas superiores em comparação com aquelas. Segundo o escritor aos Hebreus, se a primeira Aliança fosse perfeita, não seria necessário o estabelecimento da Nova Aliança. Hebreus 8 lança muita luz sobre esta questão, sobretudo nos versos 6 a 13.

O profeta Jeremias, 600 a.C, já anunciava a Nova Aliança. Apesar do texto de Jeremias 31.31-34 relacionar esta Nova Aliança sobre Israel e Judá, é ela mesma que é estendida, por Jesus, quando orientou o que eu chamo de Apostolado Universal (Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda a criatura, Marcos 16.15), e pelo apóstolo Paulo quando, recomendado pelo Espírito Santo, se tornou nos apóstolos dos gentios. Assim nos diz o texto de Jeremias:

“Estão chegando os dias, declara o Senhor, quando farei uma Nova Aliança com a comunidade de Israel e com a comunidade de Judá. Não será como a aliança que fiz com os seus antepassados quando os tomei pela mão para tirá-los do Egito; porque quebraram a minha aliança, apesar de eu ser o Senhor deles, diz o Senhor. Está é a aliança que farei com a comunidade de Israel depois daqueles dias, declara o Senhor: porei a minha lei no íntimo deles e a escreverei nos seus corações. Serei o Deus deles, e eles serão o meu povo. Ninguém mais ensinará ao seu próximo nem ao seu irmão, dizendo: conheça ao Senhor, porque todos eles me conhecerão, desde o menor até o maior, diz o Senhor. Porque eu lhes perdoarei a maldade e não me lembrarei mais dos seus pecados”.

Por fim: ‘Da mesma forma, depois da ceia, (Jesus) tomou o cálice, dizendo: este cálice é a Nova Aliança no meu sangue, derramado em favor de vocês’ – Lucas 22.20. Outros textos: Hebreus 7.22, 9.16-20 e 10.1-4, e Mateus 26.27-28.

João Carlos Marins é pastor e especialista no tema responsabilidade social.

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