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quarta-feira, 1 maio 2024

Olhares – Nº 3: O Antigo Testamento e os Preceitos Permanentes

Teólogos dividem os Preceitos do Antigo Testamento em, ao menos três partes. Esta forma nos ajudar a refletir a respeito das práticas da igreja

Por João Carlos Marins

Afora as questões inerentes ao Sacerdócio Levítico, à prática ritualística (e, não se podem desprezar as suas simbologias), e as questões nacionais e ou civis, devemos considerar os demais conteúdos do Antigo Testamento, pois nos transmitem princípios morais, sanitários, modelos do relacionamento homem-Deus, homem-homem, homem-meio ambiente, e estes são preceitos permanentes.

Apenas para citar alguns aspectos inerentes ao Sacerdócio praticado no âmbito do Judaísmo, destaco a classe dos Levitas, que tinha sobre uma de suas casas, a Casa de Arão, a incumbência de cumprir o papel do Sacerdócio propriamente dito; quanto aos demais filhos de Levi, sua responsabilidade dizia respeito ao cuidado com o Tabernáculo, desde o seu transporte durante as peregrinações, sua montagem e desmontagem toda vez que a Nuvem se movia ou estacionava – e, a Nuvem era uma simbologia do próprio Deus.

Os levitas também tinham a tarefa da manutenção e da guarda das peças e dos utensílios, preparavam os pães, os incensos aromáticos, etc. Encontramos estas informações em Números 1.50-53 dentre outros textos.

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Mas, há também a questão dos dízimos, primícias e ofertas, que eram destinados aos Sacerdotes, aos Levitas, aos sacrifícios e ao socorro às viúvas, aos órfãos e aos estrangeiros; e, há também o sacrifício de animais, sobretudo para a expiação dos pecados pessoais ou dos pecados nacionais.

Trazer estas e outras práticas relacionadas àquele Sacerdócio, e aos seus respectivos ritos, para o exercício do Novo Sacerdócio, em Cristo Jesus, que é Segundo a Ordem de Melquisedeque, não parece ser algo sensato. Apenas como exemplo, dizer que os que cuidam da música na igreja são Levitas soa algo estranho, primeiramente porque o cuidado com a música não era o único trabalho dos Levitas (sim; eles cuidavam da música e também tocavam trombetas), então seria justo, no caso da igreja, que os dízimos fossem entregues a eles, os que cuidam da música na igreja.

As primícias, que eram os primeiros frutos da terra, eram entregues aos Sacerdotes. Sendo assim, pelo fato de que todos os que compõem a igreja somos considerados Sacerdotes, seria natural pensar que todos nós, cristãos modernos, entregaríamos as nossas primícias uns aos outros, considerando, inclusive, que não há Sumo-Sacerdote entre nós, a não ser o nosso Senhor Jesus Cristo. Mas, há ainda a questão das ofertas, mas isto veremos num outro momento.

Mas, e quanto aos Preceitos Permanentes? Parte significativa dos teólogos dividem os Preceitos do Antigo Testamento em, ao menos três partes. Esta forma tripartida de refletir este tema pode nos ajudar a refletir a respeito de quais destas partes devem ser práticas da igreja, por terem sido vistas ou revistas no estabelecimento da Nova Aliança.
Podemos dividir, então, estes Preceitos em três partes, ou seja: as Leis Cerimoniais, as Leis Civis e as Leis Morais.

Conforme o texto ‘Entendendo a Lei Moral e a Lei Cerimonial’, “a Lei pode ser dividida em três tipos: Cerimonial, Civil e Moral. De acordo com o Livro aos Hebreus, as Leis Cerimoniais eram sombras de Cristo. A sombra foi substituída pela realidade de Cristo e seu ato redentor. As Leis Cerimoniais foram cumpridas; portanto, a Igreja não observa as leis sacrificiais e os festivais. As leis cerimoniais foram aplicadas a Cristo, em grande parte pelo uso da tipologia. A Lei Moral continua efetiva; todavia, Cristo deu-lhe outro nível de sentido e aplicação. Lidou com a raiz das atividades éticas, incluindo atividades e motivos (o coração do homem)”.

Ainda de acordo com esta mesma fonte, ‘a este povo (o povo hebreu), considerado um corpo político, Deus deu Leis Civis, que eram restritas àquela nacionalidade (Judaica), e agora não são aplicadas em outras nacionalidades, ou culturas, ou em outros ritos que não sejam os judaicos, relativos ao Sacerdócio Segundo a Ordem de Arão’.

Assim, o que fica restrito ao Judaísmo, ou à cultura judaica, são as Leis Cerimoniais e as Leis Civis. O que vem, portanto, para a vida da igreja são as Leis Morais, revisitadas por Jesus e pelos autores do Novo Testamento. Vou deixar um simples exemplo daquilo que vem da Antiga para a Nova Aliança: No Decálogo lemos sobre o Amor a Deus, o Primeiro Mandamento.

Quando Jesus se reporta ao amor, como Mandamento, ele o coloca de duas formas (não vamos tratar dos detalhes neste momento). ‘Amai-vos uns aos outros como eu vos amei’, conforme João 13.34; e, ‘ame o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o primeiro e maior mandamento. E, o segundo, semelhante a ele: ame o teu próximo como a ti mesmo’, conforme Mateus 22.37-39.

Nisto pensai!

João Carlos Marins é pastor e especialista no tema responsabilidade social.

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