Organização das Nações Unidas (ONU) mostra que 5 milhões de crianças morreram antes dos 5 anos de vida. As principais causas são nascimentos prematuros e complicações na hora do parto.
Por Lilia Barros
“Todos os dias, muitos pais enfrentam o trauma de perder seus filhos, às vezes antes mesmo de sua primeira respiração”, disse Vidhya Ganesh, diretor da Divisão de Análise de Dados, Planejamento e Monitoramento do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em comunicado.
Cerca de 5 milhões de crianças morreram antes de seu quinto aniversário e outros 2,1 milhões de crianças e jovens entre 5 e 24 anos perderam suas vidas em 2021, de acordo com as últimas estimativas divulgadas em 2023 pelo Grupo Interagências das Nações Unidas para Estimativa de Mortalidade Infantil.
“Essa tragédia generalizada e evitável nunca deve ser aceita como inevitável. O progresso é possível com uma vontade política mais forte e investimento direcionado no acesso equitativo aos cuidados de saúde primários para todas as mulheres e crianças”, prossegue.
Os relatórios mostram alguns resultados positivos com um menor risco de morte em todas as idades globalmente desde 2000. A taxa global de mortalidade de menores de cinco anos caiu 50% desde o início do século, enquanto as taxas de mortalidade em crianças mais velhas e jovens caíram 36%, e a taxa de natimortos diminuiu em 35%. Segundo os documentos, a melhora pode ser atribuída a mais investimentos no fortalecimento dos sistemas primários de saúde para beneficiar mulheres, crianças e jovens.
No entanto, os ganhos diminuíram significativamente desde 2010, e 54 países não atingirão a meta dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para a mortalidade de menores de cinco anos. Se não forem tomadas medidas rápidas para melhorar os serviços de saúde, alertam as agências, quase 59 milhões de crianças e jovens morrerão antes de 2030 e quase 16 milhões de bebês devem nascer sem vida.
Alerta
O documento aponta que essa melhora pode ser atribuída a mais investimentos em serviços de saúde, especialmente para mulheres e crianças. A estimativa dos especialistas é de que, se novos investimento em saúde não forem feitos, quase 59 milhões de crianças e jovens e 16 milhões de bebês morrerão até 2030.
“Apesar desse sucesso, é necessário mais trabalho para abordar as grandes diferenças persistentes na sobrevivência infantil entre países e regiões, especialmente na África subsaariana. Somente melhorando o acesso a cuidados de saúde de qualidade, especialmente no parto, seremos capazes de reduzir essas desigualdades e acabar com as mortes evitáveis de recém-nascidos e crianças em todo o mundo”, disse John Wilmoth, diretor do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais.
Disparidades
As agências afirmam que as crianças continuam a enfrentar chances de sobrevivência extremamente diferenciadas com base em onde nasceram, com a África subsaariana e o Sul da Ásia arcando com o fardo mais pesado, mostram os relatórios.
Embora a África subsaariana tenha apenas 29% dos nascidos vivos no mundo, a região foi responsável por 56% de todas as mortes de menores de cinco anos em 2021, e o Sul da Ásia por 26% do total. As crianças nascidas na África subsaariana estão sujeitas ao maior risco de morte infantil do mundo – 15 vezes maior do que o risco de crianças na Europa e na América do Norte.
As mães nessas duas regiões também suportam a perda de bebês natimortos em uma taxa excepcional, com 77% de todos os natimortos em 2021 ocorrendo na África subsaariana e no Sul da Ásia. Quase metade de todos os natimortos foram da África subsaariana. O risco de uma mulher ter um bebê natimorto na África subsaariana é sete vezes mais provável do que na Europa e na América do Norte.
“Por trás desses números estão milhões de crianças e famílias a quem são negados seus direitos básicos à saúde”, disse Juan Pablo Uribe, diretor global de Saúde, Nutrição e População do Banco Mundial e Diretor do Mecanismo de Financiamento Global. “Precisamos de vontade política e liderança para o financiamento sustentado da atenção primária à saúde, que é um dos melhores investimentos que os países e parceiros de desenvolvimento podem fazer”, afirma.
O acesso e a disponibilidade de cuidados de saúde de qualidade continuam a ser uma questão de vida ou morte para as crianças em todo o mundo. A maioria das mortes de crianças ocorre nos primeiros cinco anos, das quais metade ocorre no primeiro mês de vida. Para esses bebês, o parto prematuro e as complicações durante o trabalho de parto são as principais causas de morte.
Da mesma forma, mais de 40% dos problemas associados a natimortos durante o trabalho de parto – a maioria dos quais é evitável quando as mulheres têm acesso a cuidados de qualidade durante a gravidez e o parto. Para as crianças que sobrevivem após os primeiros 28 dias, doenças infecciosas como pneumonia, diarreia e malária representam a maior ameaça.
“Apesar desse sucesso, é necessário mais trabalho para abordar as grandes diferenças persistentes na sobrevivência infantil entre países e regiões, especialmente na África subsaariana. Somente melhorando o acesso a cuidados de saúde de qualidade, especialmente na época do parto, seremos capazes de reduzir essas desigualdades e acabar com as mortes evitáveis de recém-nascidos e crianças em todo o mundo”.
Segundo o relatório divulgado pela ONU, de todas as mortes que acontecem nos cinco primeiros anos, pelo menos metade acontece no primeiro mês de vida. As principais causas são nascimentos prematuros e complicações na hora do parto. Já para os maiores, as doenças infecciosas, como pneumonia, diarreia e malária, são as maiores ameaças.
Com informações CNN Brasil