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quinta-feira, 2 maio 2024

Mais uma versão da Bíblia. Para quê?

A Bíblia não foi escrita para esconder, nas entrelinhas, a beleza da Graça de Deus. Idiomas são dinâmicos: Não podemos nos apegar a arcaísmos

Por Israel Belo de Azevedo

Todos amamos a Bíblia.

O último livro da Bíblia foi escrito há quase dois milênios. As traduções que temos foram primeiramente elaboradas há quatro séculos. Mesmo revisado e atualizado, o texto das nossas sagradas Escrituras contém um estilo e vocabulários distantes de muita gente.

Recentemente, lendo a Bíblia em voz alta com um grupo heterogêneo, deparamo-nos com a palavra “concupiscência” (Romanos 7.8 — Almeida Revista e Corrigida). Provoquei e ninguém sabia o que significa. Ninguém precisa saber. É um arcaísmo.

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É um arcaísmo também o parágrafo próximo:

“Não é antes assim: quando já tem nivelado a sua superfície, então espalha nela ervilhaca, e semeia cominho” (Isaías 28.25a — Almeida Fiel)

A Bíblia não foi escrita para esconder mas para demostrar a beleza da Graça do Deus Eterno. Os idiomas são dinâmicos. Podemos nos apegar a traduções antigas ou a expressões antigas e esperar que as pessoas disponham de dicionários e comentários para entendê-la, mas isto foge completamente ao propósito de Deus, que a providenciou para que a entendamos sem dificuldade.

Por isso, precisamos de traduções, revistas ou mesmo novas, e de paráfrases, que mantêm o sentido do texto, mas não necessariamente as palavras. Não há traduções literais.

Hoje não conseguimos ler a versão primeira de João Ferreira de Almeida (1628 – 1691). Ele mesmo traduziu “ágape” como amor, mas outra edição trouxe “caridade”, porque a palavra “amor” estava malbaratada (desculpe, o arcaísmo, risos).

Só temos traduções literárias e algumas acabaram idolatradas, como se estivessem em hebraico ou grego dos primeiros autores.
O Deus Eterno inspirou a Bíblia para mostrar a radicalidade do seu amor para com todos os seres humanos. Por isso, seus autores escreveram de um modo que os primeiros leitores entenderam. O hebraico e o grego da Bíblia são muito simples.

Por que nossas versões têm que ser difíceis?

Não há dúvida que, se escrevessem em nossos dias, Moisés, Davi, Isaías, Mateus, Paulo e João usariam palavras e conceitos que crentes e não crentes entendessem e aplicassem.

Recentemente preparei o Evangelho de João para uma edição especial. Autorizado, revisei ligeiramente o texto da Imprensa Bíblica Brasileira. Pensando, no entanto, nos que ainda não são cristãos, tive que incluir mais de 100 notas, porque imaginei os leitores recebendo o livro e ouvindo Jesus dizer:

“Em verdade, em verdade lhes digo: Se não comerem a carne do Filho do homem e não beberem o seu sangue, não terão vida em vocês mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia”. (João 6.53-54)
Tive que explicar que “comer a carne” ou “beber o sangue” de Jesus não é algo literal, mas entender o que ele fez na cruz, ao morrer (perder a vida, entregar seu corpo) e derramar seu sangue, pelo qual somos perdoados”.

Podemos, entendendo o que Jesus quis dizer, simplesmente registar:

“Não há outro jeito: se vocês não entenderem o que farei por vocês, ao morrer na cruz, não terão vida. Quem aceitar o sacrifício que farei na cruz terá a vida eterna, porque eu o ressuscitarei no final dos tempos”.

É o que estou fazendo na Bíblia “Prazer da Palavra”. Conto com suas orações. Ainda neste semestre, se Deus me permitir, publicarei o volume contendo os Quatro Evangelhos transcritos de uma forma mais simples e abrangente. Espero que, com isso levem-se muitos à maravilhosa Graça de Jesus.

Israel Belo de Azevedo é autor de mais de 60 livros cristãos, jornalista, pastor e conferencista nacionalmente conhecido. 

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