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sexta-feira, 26 abril 2024

Lula planeja grande encontro com evangélicos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) parece decidido em sua missão de se aproximar dos evangélicos. Foto: Ricardo Stuckert

Interlocutores do presidente afirmam que ele pretende reunir as principais lideranças evangélicas. Mas apoiadores do ex-presidente Bolsonaro são contra

Por Cristiano Stefenoni

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) parece decidido em sua missão de se aproximar dos evangélicos. Interlocutores do presidente afirmaram que ele pretende fazer um grande encontro, no início de fevereiro, com as principais lideranças evangélicas. Contudo, o embate permanece o mesmo das outras iniciativas nesse sentido: apoiadores do governo são a favor, enquanto os ligados ao ex-presidente Bolsonaro são contra.

“Estamos tentando organizar direito, já que o presidente Lula demonstrou que tem interesse. A ideia é trazer todas as lideranças, como o presidente fazia nos mandatos passados. Não vamos fazer só com os progressistas, será geral”, afirmou o pastor Cesário Silva, do Conselho de Participação Social, e representante do Movimento dos Evangélicos Progressistas, em entrevista ao Globo.

O pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, e um dos maiores opositores do atual governo, afirmou que encontros como esse são estratégias para tentar conseguir o apoio dos evangélicos.

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“Eu já conheço esse jogo do PT de dizer que vai fazer um grande evento com lideranças evangélicas, fizeram isso na campanha de 2022 e no final reuniram um monte de pastor de igreja pequena, sem relevância eleitoral alguma”, afirmou Malafaia.

Por outro lado, há lideranças evangélicas que pretendem avaliar a participação nesse provável encontro, caso seja convidado.

“Não me chegou nada, nenhuma informação ainda. A minha presença vai depender da natureza do evento, da característica, das demais pessoas que participarão e do tema que for ser tratado. Se for só ‘passar pano’, não tem muito porque ir, mas se tiver um objetivo profundo e denso, a gente pode estudar”, ressalta o bispo Robson Rodovalho, fundador da Sara Nossa Terra. Com informações de O Globo.

As investidas de Lula

O governo Lula escalou o advogado-geral da União, Jorge Messias, que é membro da Igreja Batista, para ajudar a estreitar os laços com os evangélicos. Apesar de não ser uma tarefa fácil, o ministro garante que as lideranças religiosas estão dispostas a dialogar com o governo.

“A grande maioria [dos evangélicos] quer dialogar. É preciso conversar com os que querem conversar. Aprendi na Bíblia: paz entre os homens de boa vontade. É preciso reduzir o ruído para entender o outro lado”, afirmou Messias em entrevista à CNN.

Opositores veem “armadilha”

Mesmo com esse otimismo, na prática, o que se vê é uma divisão de opiniões na bancada evangélica em Brasília. Se por um lado há os que acham positivo essa proximidade do governo, por outro, há um grupo ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro que vê essa postura de Lula como uma manobra para tentar “iludir” os evangélicos.

Uma prova disso é a fala do deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), segundo vice-presidente da Câmara e umas lideranças da bancada evangélica, também em entrevista à CNN. “Essa tática satírica já é bem conhecida pelos evangélicos. Além de caricato, estão usando a estratégia errada”, criticou.

Em contrapartida, o deputado Cezinha de Madureira (PSD-SP), da igreja Assembleia de Deus do Ministério de Madureira, que já foi presidente da Frente Parlamentar Evangélica e vice-líder do governo Bolsonaro no Congresso, achou positiva a iniciativa do governo em promover essa aproximação.

“Tenho conversado muito com o ministro Messias sobre tudo isso e eles têm ouvido de fato. O país precisa andar independentemente da cor partidária. O Messias é a esperança nesse governo”, afirma o deputado.

Partido estuda comportamento dos evangélicos

A Fundação Perseu Abramo – principal centro de estudos ligado ao PT – pretende criar um Núcleo de Acompanhamento de Políticas Públicas (NAPPs) voltado a temas religiosos. A ideia é produzir estudos e pesquisas e dar sugestões sobre como o partido pode se relacionar com o segmento, em especial, os evangélicos. A informação foi publicada na última terça-feira (2), na coluna Painel, da Folha.

De acordo com o presidente da Fundação, Paulo Okamotto, há diversos pentecostais e neopentecostais que simpatizam com o PT e pertencem ao partido, mas que, mesmo assim, é preciso fazer uma atualização sobre a atual situação. “Precisamos dar uma atualizada no comportamento dos religiosos no Brasil, refletir sobre o que pensam e como podem se relacionar conosco”, justifica.

Governo traça estratégia para conquistar evangélicos

Não é de hoje que o governo Lula tem feito de tudo para tentar se aproximar dos evangélicos. Campanha publicitária com participação de pastor-cantor, corpo a corpo para aprovar o PL das Fake News, isenção de impostos para as igrejas, treinamento de fiéis para atuarem em programas sociais bancados por projetos federais são algumas dessas ações.

O próprio presidente tem tecido elogios aos crentes em seus discursos e convidado pastores para seus palanques. Ciente do poder eleitoral da classe evangélica, a ideia do governo é tentar reverter um número difícil de cair, que é o da rejeição dos evangélicos em relação ao presidente.

Rejeição e investimento em mídia

Na última pesquisa da Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec), antigo Ibope, 35% dos evangélicos consideram Lula ruim ou péssimo, ou seja, um dos maiores índices de rejeição para um chefe de estado brasileiro até hoje. Pelo DataFolha, esse percentual chegou a 38% em dezembro e, pelo PoderData, passou de 60%.

A mais recente ação para tentar reverter esses números, foi a campanha midiática do governo, divulgada na semana passada na televisão. Com o tema “Um só povo”, uma peça publicitária sobre o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) possui expressões típicas do linguajar evangélico, como “Graça alcançada, Senhor!” e “Glória a Deus”, além da participação do cantor gospel, o pastor Kleber Lucas.

Para impulsionar essa e outras campanhas no Instagram e no Facebook, o Governo Federal desembolsou mais de R$ 473 mil, apenas entre os dias 11 e 17 de dezembro, segundo relatório da Biblioteca de Anúncios da Meta. Paralelo a isso, o governo Lula tem mexido as peças no tabuleiro político para conquistar ainda mais apoio da bancada evangélica em Brasília.

No dia 27 de novembro do ano passado, por exemplo, foi assinado um protocolo de intensões pelo ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, para que as igrejas sejam uma porta de encaminhamento de pessoas em situação de fome, pobreza e desemprego para programas sociais, como o Bolsa Família, benefícios previdenciários e Minha Casa, Minha Vida.

Também está para ser votada a PEC 05/23, que amplia as isenções tributárias de igrejas e veda quaisquer impostos sobre a aquisição de bens e serviços para formação do patrimônio, geração de renda e prestação de serviços pelas organizações religiosas de qualquer culto.

O governo também planeja fazer um corpo a corpo com evangélicos no início do ano que vem para tentar conquistar votos para aprovar o projeto de lei (PL) das Fake News, uma prioridade em 2024. Para essa missão, foi escalado o advogado-geral da União, ministro Jorge Messias, que é evangélico.

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