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quarta-feira, 1 maio 2024

Lideranças religiosas e estudiosos comentam conflito entre Israel e Irã

Tensão assusta o mundo: cresce a pressão pelo diálogo. Foto: Robyn Beck / AFP / CP.

Momento conturbado no Oriente Médio levanta reflexões sobre futuro da guerra e sinais da volta de Jesus

Por Gustavo Costa

Os últimos dias em Israel têm sido marcados por angústia, incerteza e sons de sirenes alertando sobre um possível ataque aéreo. Cidades como Jerusalém e Tel Aviv, com toda a história e religiosidade que carregam, não passaram impunes. Foram mais de 200 drones e mísseis lançados pelo Irã no último sábado (13).

O Irã confirmou o ataque e disse que se tratou de uma represália, por conta da ação de Israel ao consulado iraniano na Síria, no dia 1º de abril. A ação resultou na morte de Mohammad Reza Zahedi, comandante da Guarda Revolucionária Iraniana.

Após o Irã dizer que a conta “está acertada”, os israelenses vêm se reunindo em um gabinete de guerra, para discutir como responder ao ataque sem enfurecer aliados dos iranianos. Em uma situação delicada, Israel busca simpatia internacional, ao mesmo tempo em que sabe que a situação com os palestinos na Faixa de Gaza não facilita em nada a missão.

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Mas, afinal, como os cristãos devem olhar para esse cenário e o que esperar dessa situação?

Para o pastor Daniel Simoncelos, da Igreja Presbiteriana Esperança, em Vitória (ES), a Bíblia nos ensina a orar pela paz de Jerusalém.

“Temos ali não apenas judeus, mas também cristãos. É fato que o desejo do Irã é de destruir completamente Israel, e o desejo dos cristãos é completamente oposto a isso, é de que eles se convertam a Cristo e sejam salvos. Os ataques são completamente injustos, e oramos para que Deus guarde o povo de Israel e para que essa guerra cesse logo”, explicou.

O pastor Marinelshington da Silva, do Ministério Assembleia de Deus Praia da Costa, lembra que o Irã é um povo de origem persa e que sempre se colocou contra israelenses. “Israel é um povo escolhido por Deus, o povo judeu. Israel sempre foi o centro das atenções, das promessas de Deus. E o Irã e as lideranças que por lá passaram tentam riscar Israel do mapa, mas nunca conseguirão, já que é o povo de Israel está vivendo debaixo de uma promessa de Deus”, afirmou.

O ponto de vista histórico

Para Luis Eduardo Formentini, professor de História da Rede Estadual de Ensino no Espírito Santo, esse ataque do Irã a Israel se insere em um contexto já histórico de uma antiga rivalidade. “Mais que uma rivalidade, é um ódio entre esses dois países. O ataque israelense a Gaza e a guerra que está acontecendo forneceram a justificativa ideal para o governo iraniano lançar um ataque a Israel. A gota d’água foi o ataque israelense, em que morreram pessoas do alto escalão do exército iraniano”, explicou.

Formentini lembra, entretanto, que as relações de Irã e Israel nem sempre foram inamistosas, por conta, sobretudo pela boa relação de ambos com os americanos. “Quando o Estado de Israel foi criado, em 1948, o Irã, como a grande maioria dos países do Oriente Médio, opôs-se à criação do Estado de Israel. Logo depois disso, entretanto, o governo do Irã mudou de postura. Passou a ter relações amistosas com o governo israelense, muito por conta da influência diplomática dos Estados Unidos, até os anos 1970”, apontou.

As coisas no cenário geopolítico no Oriente Médio mudariam em 1979, com a revolução no Irã. O Xá iraniano Mohammad Reza Pahlavi foi derrubado, e assumiu o poder um grupo islâmico radical, os aiatolás. Assim, o que era, até então, uma monarquia autocrática pró-Ocidente foi transformada em uma república islâmica teocrática sob o comando do aiatolá Ruhollah Khomeini. “E o governo desses aiatolás via os Estados Unidos como um agente do mal. Eles chamam os Estados Unidos de ‘grande Satã’. E é o grande inimigo da religião islâmica e dos fiéis. Esse inimigo, para os iranianos, age através de vários agentes. E, no Oriente Médio, o agente, na visão dos aiatolás, é Israel, que eles chamam de ‘pequeno Satã’. Então, as relações amistosas entre Irã e Israel, depois de 1979, caíram por terra”, disse.

O professor destaca, também, que, nesses 45 anos de Revolução Islâmica, o Irã nunca chegou a atacar diretamente o território israelense, mas essa ofensiva de Israel contra Gaza e os desdobramentos forneceram uma desculpa para o Irã atacar. “Mas ele financia grupos terroristas e paramilitares que combatem Israel, como o Hezbollah e o próprio Hamas. Então, por isso Israel atacou os alvos na Síria onde estavam os generais do Irã. Os iranianos financiavam a atividade terrorista contra o Estado de Israel”, pontuou.

Desdobramentos

Também professor de História, Gean Jaccoud acredita que o ataque iraniano a Israel era algo já previsível, dada a ação israelense ao consulado na Síria. “Embaixadas são ambientes quase sagrados, que são intocáveis, são locais de segurança. Israel atacou, fez um ataque a essa embaixada do Irã na Síria e aí agora o que houve foi uma resposta, uma represália”.

Segundo Jaccoud, pelo histórico da região, não se pode descartar uma situação cíclica de vingança. “São territórios próximos, apesar de separados pelo Iraque. Ambos têm um poderio militar interessante, então pode escalonar num conflito maior dentro do Oriente Médio ou pode simplesmente acabar por aí. Conflitos diplomáticos vão existir. O Irã pode se meter nessa confusão um pouco mais, mas acredito que a tendência é observar nos próximos dias uma resposta de Israel a esse ataque iraniano”, enfatizou.

Sobre os desdobramentos internacionais do ataque do Irã a Israel, o professor Formentini também diz ser cedo para afirmar qualquer coisa. O professor lembrou que o ataque dos drones do Irã foi algo extremamente bem pensado e calculado pelo governo e serve para mostrar força. “Foi uma forma de demonstrar para o mundo, especialmente para Israel e para os Estados Unidos, que o Irã seria capaz de se defender, de retalhar uma agressão sofrida. Ao mesmo tempo, não foi feito em grande escala, propositalmente. O governo iraniano sabia que Israel e seus aliados conseguiriam bloquear o ataque. A maioria dos drones foram destruídos e só teve uma pessoa ferida em Israel. Então, foi algo como ‘vamos lançar esse ataque para mostrar que podemos responder a agressões israelenses, mas não vamos fazer um ataque realmente destrutivo, as consequências podem ser ruins para nós do Irã’”.

Formentini explica que, com as potências se renovando e mais uma vez formando blocos distintos de influência, alianças econômica e militar, o Irã deve se aproximar ainda mais da Rússia e da China. “Sem contar que, para as próprias potências, como Estados Unidos, China e Rússia, também seria desvantajoso uma guerra. Lembrando que os 30% do petróleo extraído no mundo vêm do Oriente Médio. Então, seria uma catástrofe econômica também, não só para a região, mas para o mundo inteiro. Dificilmente isso vai evoluir, muito dificilmente mesmo, vai evoluir para um conflito em larga escala”, falou.

Palavra de Deus

Para este momento tão conturbado no cenário internacional, o pastor Daniel Simoncelos frisa que os cristãos também são chamados a almejar a vinda do Senhor Jesus e ter nossa confiança nEle. Em Apocalipse 22:20 temos: “Aquele que dá testemunho destas coisas diz: Certamente, venho sem demora. Amém! Vem, Senhor Jesus!”.

Simoncelos lembra que essa passagem encontra-se no final de Apocalipse e serve para para que o cristão entenda que, diante de sinais como guerras, rumores de guerras, fomes, terremotos e perseguição, fica a plena certeza de que o tempo da Vinda de Cristo está chegando. “A Vinda do Nosso Senhor está mais próxima, e essa é nossa maior esperança. Maranata, vem Senhor Jesus!”

O pastor Marinelshington da Silva cita Gênesis 12:3, com a promessa que Deus tem para o povo de Israel, que é a promessa abraâmica. “O Senhor fez uma promessa para Abraão, ‘abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei quem te amaldiçoar’. Então, as nações, os líderes, os mandatários das nações precisam tomar ciência dessa passagem bíblica. Nós temos uma preocupação com o atual governo do Brasil que os pronunciamentos têm sido totalmente contrários a Israel, e isso pode afetar a parte de nossa nação. E aqui no Brasil nós temos uma igreja muito pujante, muito presente, muito fervorosa, que ama Israel.

Para Silva, as promessas de Deus permanecem de pé, promessas na vida de quem é a favor de Israel. “Então, não temos como ficar contra Israel, que é o relógio, é a bússola do mundo hoje. Vamos continuar orando por Israel, clamando e pedindo pela paz de Jerusalém”, finalizou.

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