Há 3 semanas, ele opinou sobre os 5 melhores melismas femininos e a sequência do assunto dividiu opiniões na Internet
Leonardo Gonçalves publicou nesta terça-feira (04) um vídeo no YouTube em que seleciona um “top 5 de melismas masculinos internacionais”, dando continuidade ao assunto que iniciou no mês de março e que foi alvo de polêmica na Internet.
Há 3 semanas, ele opinou sobre os 5 melhores melismas femininos internacionais. Após fazer essa publicação, o cantor abriu uma caixa de perguntas em seu perfil no Instagram para interagir com o público sobre o vídeo. Em uma das respostas, ele destacou o fato de que quis escolher uma pessoa branca, a cantora Christina Aguilera, que inovou no melisma, no vídeo sobre o top 5.
Ao ser questionado sobre esse comentário, Leonardo fala sobre o melisma como um recurso vocal de propriedade dos cantores pretos, no contexto das perguntas, e menciona o termo apropriação cultural na explicação ao ser utilizado por pessoas brancas.
A partir dessa fala, houve diversas interpretações e comentários do público dividindo opiniões sobre a explicação dada pelo cantor naquele vídeo. Algumas pessoas disseminaram que ele havia dito que o branco não pode fazer melisma. Após um comentário nesse sentido no Twitter, Leonardo respondeu: “por favor, me mande link onde eu disse que não pode fazer. E, quando não achar, se retrate publicamente pra todas as pessoas para as quais você falou que eu disse isso…”, argumenta.
Anteriormente a essa resposta, diante da repercussão imediata que o tema ganhou, ele registrou um esclarecimento no Twitter. “Só pra deixar algo claro: no meu vídeo eu defino melisma como sendo qualquer sílaba com mais de 3 notas. Depois eu vou falar do melisma como se fala dele hoje em dia (no ocidente, porque estamos no ocidente estou escrevendo em português, para um público brasileiro, certo?) ”.
Em seguida, o cantor continuou:
“E o melisma que eu uso e que hoje é usado na música ocidental é o melisma que vem do negro spiritual. Não é o melisma gregoriano. Não é o melisma barroco. Não é o melisma árabe. E nem o indiano. Nem qualquer outro melisma de qualquer outro tempo e/ou cultura. É o melisma do povo preto. Isso é FATO”.
Em sequência, escreveu, ainda: “É uma maneira EXTREMAMENTE PECULIAR de melisma. MUITO diferente de todos os outros que eu conheço ou que existam na história da indústria fonográfica. Meu recado foi claro: é branco e quer usar? Se envolva na luta antirracista. É simples. Por que incomoda tanto dizer isso?”[Grifos do cantor na escrita do tweet].
O fato é que a discussão não ficou apenas no enfoque musical e ganhou um viés político. Isso porque o cantor falou sobre apropriação cultural. Parte do público tem se posicionado contra a maneira como ele se pronunciou nesse ocorrido e que se pronuncia politicamente.
Sobre essa fala envolvendo a apropriação cultural, o cantor disse no Twitter que fará um vídeo explicativo. “Sobre apropriação cultural nas artes e na música eu vou preparar um vídeo mais elaborado pro meu canal. Além de haver muita má vontade, vejo que há – de fato – pessoas simplesmente sem informação de qualidade a respeito do assunto”, escreveu.
Brevemente, ele completou a fala com mais um esclarecimento: “Mas já adianto: nem todo processo de assimilação cultural é apropriação. Apropriação diz respeito a PODER e LUCRO. E de usar a produção cultural de povos marginalizados enquanto se continue EXCLUINDO estes grupos de terem acesso ao PODER e ao LUCRO de suas produções culturais”.
A continuidade ao assunto
Apesar da polêmica, o cantor prosseguiu em falar sobre o assunto publicando esses vídeos sobre a técnica vocal. Além disso, com frequência ele tem respondido aos comentários contrários ao seu posicionamento diante dessa polêmica como também de outras manifestações de opinião.
Nesse novo vídeo, ele também reforçou que existem os melismas do Oriente, de música indiana e assim por diante, mas o vídeo não era sobre esse melisma. “[…] a gente está falando do melisma no contexto da música do negro spiritual da música gospel no Ocidente, que influenciou a indústria fonográfica nossa e, aqui nesse vídeo, anglo fônica”, introduz o cantor.
Os artistas mencionados no vídeo foram: Grupo Take6; Stevie Wonder com Take6, Wanya Morris em uma apresentação com Mariah Carey; Brian Mcknight também com a cantora; banda Commissioned (como bônus); e Tonex.
O que é um melisma?
Leonardo Gonçalves registrou em vídeo publicado no seu perfil do Instagram uma explicação sobre o conceito: “teoricamente falando, qualquer sílaba com mais de três notas é considerada um melisma […]. Mas claro que quando a gente fala de melismas, as pessoas que falam mais de melismas, estão falando de uma tradição que vem do negro spiritual da música gospel, do blues americano. E, normalmente, para a gente considerar mesmo um melisma, no mínimo, um melisma básico é a pentatônica de cinco notas decadentes…”.
Assista ao vídeo!
