“De acordo com a tradição cristã, Salomé era a parteira de Belém e foi chamada para participar do nascimento de Jesus”, disse o pesquisador Zvi Firer, anunciando que o local será aberto ao público pela primeira vez
Por Patricia Scott
Arqueólogos israelenses anunciaram, na última semana, a descoberta de uma série de artefatos de valor inestimável em uma caverna funerária dedicada a Salomé, na região de Laquis, em Israel. A tumba, que está prestes a abrir para o público, tornou-se um local de peregrinação cristã. Isto porque acredita-se que a judia tenha sido a parteira de Jesus.
“De acordo com a tradição cristã, Salomé era a parteira de Belém e foi chamada para participar do nascimento de Jesus”, explicou o arqueólogo da Autoridade de Antiguidades de Israel (AAI), Zvi Firer, que completou: “Ela não podia acreditar que lhe pediram para dar à luz o bebê de uma virgem, e sua mão ficou seca, e só foi curada quando ela segurou o berço do bebê.”
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Os arqueólogos escavaram um pátio de 350 metros quadrados na entrada da caverna, nos últimos dois meses. Eles encontraram entalhes em pedra, arcos e um piso de mosaico. Foram achados ainda os restos de uma possível loja, onde os peregrinos poderiam alugar lamparinas a óleo para iluminar o caminho dentro da caverna, para fazer orações.
“Encontramos dezenas dessas lâmpadas cobertas com esculturas de romãs e desenhos geométricos”, revelou Firer ao jornal Times of Israel, que detalhou também: “Acreditamos que os peregrinos vinham aqui, alugavam uma lamparina a óleo, faziam suas orações lá dentro e seguiam seu caminho. É como hoje, quando você vai ao túmulo de um rabino reverenciado e acende uma vela lá”.
Agora, o local fará parte da “Trilha dos Reis da Judeia”, uma rota de 100 quilômetros de Berseba a Beit Guvrin, com dezenas de sítios arqueológicos de grande importância. Assim, o público terá acesso ao lugar.
“Esta trilha, que atravessa a Sefelá [terras planas] da Judéia, é a espinha dorsal da herança cultural do povo judeu e abrange dezenas de locais da época da Bíblia, do Segundo Templo, da Mishná e do Talmude”, disse Saar Ganor, diretor da AAI do Projeto Trilha dos Reis da Judeia, que concluiu: “Esta é uma trilha muito importante que combina turismo, história e desenvolvimento.”
A história
A tumba, provavelmente, foi uma caverna funerária judaica para uma família rica, antes de se tornar um local de peregrinação cristã. No entanto, de acordo com o arqueólogo Zvi Firer, na era bizantina, de cerca de 300 a 600 d.C, cristãos locais identificaram a caverna como o local do enterro de Salomé e o transformaram em um local de peregrinação.
O estudioso ressaltou que “Salomé” ou “Shlomit” era um nome judaico comum no período do Segundo Templo entre as famílias dos hasmoneus e herodianas. “O nome Salomé pode ter aparecido na antiguidade em um dos ossuários da tumba, e começou a tradição de identificar o local com a parteira Salomé, e a caverna foi sendo venerada pelo cristianismo”.
Em 1982, a caverna funerária foi descoberta por saqueadores de antiguidades. Já em 1984, dois anos depois, o local foi escavado pelo professor Amos Kloner, da AAI. Vale salientar que, apesar da ligação do lugar com o cristianismo, a tumba nunca foi aberta ao público.
Com informações Times Of Israel