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sábado, 27 abril 2024

Torcedoras se unem e reforçam empoderamento feminino no futebol

Torcedoras_mTorcedoras rivais se unem com corintianas e reforçam empoderamento feminino no futebol - Foto: Ag.Corinthiansulheres_empoderamento feminino_futebol_ES Brasil
Torcedoras_mTorcedoras rivais se unem com corintianas e reforçam empoderamento feminino no futebol - Foto: Ag.Corinthiansulheres_empoderamento feminino_futebol_ES Brasil

O MVA promove debates sobre o futebol e a sociedade, com ênfase, entre outros temas, à participação das mulheres no futebol

Os protestos da torcida do Corinthians, com forte participação das mulheres, tiveram força suficiente para, além de causar a demissão do técnico Cuca, ganhar o apoio do universo feminino do futebol. Inclusive de torcedoras de clubes rivais.

“Como palmeirense, a gente vê o time feminino do Corinthians, eu reconheço muito a história do Corinthians, a Democracia Corintiana, por isso essa cobrança da torcida em relação à postura do Corinthians foi maior”, afirma Sissy Cambuim, 40 anos, torcedora do Palmeiras e filiada ao Movimento Verde e Amarelo (MVA).

O MVA acompanha grandes eventos como a Copa do Mundo e promove debates sobre o futebol e a sociedade, com ênfase, entre outros temas, à participação das mulheres no futebol. Nesta quinta-feira, a entidade realizou o Futebol Meeting 2023, no shopping Parque da Cidade, em São Paulo.

Condenado a 15 meses de prisão, em 1989, na Suíça, pelos crimes de ato sexual com uma adolescente e coação, em 1987, Cuca, depois de passar por vários clubes, em mais de 30 anos, se viu obrigado a deixar o cargo no Corinthians em decorrência das manifestações da torcida, seis dias após sua chegada ao clube.

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Ao analisar o atual contexto, Sissy acredita que o debate está mais amadurecido agora do que em outros tempos. Ela lembra que o machismo estava tão enraizado no futebol que nem mesmo essa imagem ligada às causas sociais, anos atrás, serviu para o Corinthians barrar a chegada do zagueiro Henrique, outro jogador que foi condenado junto com Cuca, e que ganhou três títulos com o clube nos anos 90.

“Não se pode esperar que em 2023 a gente fosse se posicionar da mesma forma que nos anos 90. Hoje há um nível de informação muito maior, a sociedade entendeu que não é só repudiar, é repudiar e não aceitar. Cuca já foi técnico do Palmeiras, o momento era outro, não tinha esse nível de informação e consciência e o processo era muito obscuro, não que estivesse certo, mas quando falamos de empoderamento feminino, termo do qual não gosto muito, hoje há mais conscientização social”, diz a palmeirense.

A torcedora ressalta que, neste tema que envolve todas as mulheres, o importante não é fazer o treinador pagar eternamente pelo crime pelo qual foi condenado. “Não podemos dobrar a pena, mas ele não a cumpriu. A cobrança é para que os clubes, que têm buscado ser empresas, tenham postura que as empresas precisam ter com os consumidores. Elas estão preocupadas em entregar uma política ESG (práticas sustentáveis e sociais). Devem saber que têm uma responsabilidade ainda maior porque a gente não é um consumidor de dinheiro, consumimos com paixão. Nosso capital é muito maior. Respeita as mina não é uma hashtag, é um lema”, observa a palmeirense.

Mulheres no futebol

Segundo pesquisa do IBGE, o número de mulheres do Brasil chegou a 108,7 milhões de habitantes, 51,1% da população, em 2022. Pesquisa O Globo/Ipec, no mesmo ano, informa que cerca de 62% da população feminina é composta de torcedoras de futebol. A do Corinthians, segundo a pesquisa “DNA Torcedor”, do Ibope/Repucom, em 2020, era composta em 53% por mulheres e em 47% por homens, tendo a maior participação feminina entre os 20 clubes com maior torcida no Brasil.

Sissy acrescenta: “O consumidor do futebol é a sociedade, a mulher, a criança, a família. No jogo de futebol, a empresa de futebol – o clube – não está fazendo espetáculo para meia dúzia de homens que sentam numa mesa de bar ou que vão ao estádio. É para o povo brasileiro, é essa a importância que o futebol tem no Brasil e os clubes têm de ter consciência disso. Foi vendido como, mas não é, e nunca foi, para grupo de amigos homens, é uma atração, um esporte para a família”, destaca.

A torcedora do Santos, Camila Silva, de 30 anos, também integrante da ala feminina do MVA, foi mais uma que elogiou os protestos corintianos por ver neles um sentido prático da sociedade, que atinge muita gente. “Como mulher, eu me senti 100% representada pelos protestos das corintianas, ainda mais no futebol, um ambiente muito machista. É importante quando vemos clubes que efetivamente vestem a camisa dos direitos das mulheres, não só um discurso vazio. Acho que deixa muito claro não só nas palavras como nas atitudes, foi uma iniciativa 100% certa”, diz.

Para ela, situações como essa poderiam ter sido evitadas anteriormente. “Como santista, acho que talvez o Santos tenha falhando nisso quando o Cuca foi treinador, acho que talvez devesse ter tomado uma posição semelhante na época (mas tomou em relação a Robinho, condenado por estupro na Itália). Quando a gente fala do Corinthians, da representatividade, historicamente é um dos clubes que mais se posicionam neste sentido, tomaram atitude mais do que correta, toda essa situação requer um pulso firme. A torcida do Corinthians é uma das maiores e situações como essa não podem ser deixadas de lado”, observa.

Com informações Agência Estado

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