Após o “choque” da notícia, o foco da família cristã deve ser o bem-estar da criança e dos envolvidos.
Por Cristiano Stefenoni
O nascimento de um filho sempre será uma bênção para a família. Contudo, quando isso ocorre fora dos planos de Deus para o casamento, a alegria pode dar lugar ao medo, às angústias e as incertezas. A dificuldade se agrava quando os pais são menores de idade. E se o fato acontece dentro de um lar evangélico, o problema pode tomar proporções gigantescas. Mas afinal, como o crente deve agir em uma situação como essa?
Para o pastor Édson de Oliveira Pinto, doutor em Psicologia e psicanalista especialista em Neurociência, há dois lados que precisam ser levados em consideração nesse momento: o de quem anuncia a gravidez e o dos pais. Ele explica que, para uma família cristã, a forma como será tratada essa questão vai determinar a felicidade do bebê e dos envolvidos.
“A menina tende a ser mais sensível a esse problema, pois o filho é uma extensão do seu corpo. Além disso, ela sente que traiu a família, a Deus, ou seja, essa decepção é muito forte e há um sentimento de vulnerabilidade grande. Para os pais também não é fácil. É um choque, pois tinham planos e sonhos para a filha. Mas após a sensação de decepção e dor, eles devem acolher a filha, principalmente, por conta dos riscos que há para a criança e a mãe”, orienta o pastor.
O doutor também explica que, nesse momento, os filhos e os pais devem ser acolhidos pela igreja e não discriminados. Ele afirma que o papel do pastor é oferecer acolhimento, amor, ternura e agir exatamente com Jesus fez em momentos difíceis.
“Depois que a criança nascer, o pastor deve ser o primeiro a estar lá, orar pelo bebê, pedir as bênçãos de Deus e também se dispor a dedicar esse filho ao Senhor na igreja. Depois, levar conforto aos pais que também estão precisando. E nunca associar a criança ao pecado. Todos nós cometemos erros, mas o mais importante agora é encontrar maneiras de cuidar da vida da menina e de seu filhinho”, justifica.
Situação pode ser evitada com diálogo dentro de casa
De acordo com a psicóloga Martha Zouain, especialista em neurociência e neuroaprendizagem, na maioria das vezes uma gravidez não programada acontece por falta de informação dentro da própria casa, já que sexo ainda é um tabu que poucas famílias conversam sobre o assunto.
“Quando isso acontece, muitas vezes é por falta de diálogo dentro de casa e a dificuldade de se abordar um tema que é super atual. Além do risco da gravidez também há o risco de doenças. A primeira providência é tentar entender o que aconteceu e como a relação caminhou para esse momento e o posicionamento dos envolvidos”, explica.
Após o susto, foco deve ser a criança
Outro ponto importante abordado pela psicóloga, é que a criança que vai nascer não tem culpa do que está acontecendo e deve ser tratada com todo o amor, cuidado e carinho.
“Após o nascimento do bebê, a relação é inundada de amor. O foco deve ser o bem-estar da criança e dos envolvidos e a felicidade deles. A preocupação é com a saúde física e emocional do casal e o apoio nesse sentido precisa acontecer de uma maneira incondicional”, ressalta Zouain.
Mesmo assim, ela orienta aos pais a educarem os filhos de modo que essas fases não sejam atropeladas, porque os problemas de uma gravidez fora do casamento podem acarretar traumas para o resto da vida.
“Há impacto emocional, às vezes a rejeição da mãe pelo bebê, e esse sentimento pode ser levado para sempre. A criança poderá ser rejeitada pelo resto da vida dela e sem saber o porquê”, finaliza.