No Brasil, a doença afeta cerca de oito milhões de mulheres e, para o triênio 2023 a 2025, são esperados mais de sete mil novos casos

Por Patricia Scott

Em todo o mundo, no mês de março acontece a campanha Março Amarelo. Ela é destinada à conscientização da população a respeito da endometriose. No Brasil, a doença afeta cerca de oito milhões de mulheres e, para o triênio 2023 a 2025, são esperados mais de sete mil novos casos. Cabe destacar que a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece como um problema de saúde pública.

O Ministério da Saúde revela que uma em cada 10 mulheres no país sofre com os sintomas da doença, que ocorre quando o endométrio, tecido da camada interna do útero, ao ser eliminado na menstruação, começa a crescer fora do útero. Esse tecido é muito importante, pois é o que permite, por exemplo, que o embrião se implante, gerando uma gravidez.

A endometriose é uma doença crônica, progressiva, que não tem cura e que pode causar dores pélvicas, durante as relações sexuais e dores para urinar ou evacuar no período menstrual, conforme explicação da médica Natalia Pimentel, especialista em Reprodução Assistida. Além disso, ela também é uma das principais causas de infertilidade feminina, impedindo portadoras de realizar o sonho da maternidade. Por isso, o diagnóstico precoce, seguido do tratamento sob orientação, é essencial para o controle da doença.

Dados da Associação Brasileira de Endometriose apontam que mais de 30% dos casos levam à infertilidade que, inclusive, dificulta a realização de técnicas de reprodução assistida, segundo Natalia Pimentel. “As alterações pélvicas causadas pela endometriose podem impedir a fertilização do óvulo pelo espermatozoide. Em outro momento, dificulta a implantação do óvulo que foi fertilizado, podendo danificar o revestimento do útero, o que torna mais difícil a implantação de um embrião saudável”.

Outra dificuldade que essas pacientes podem enfrentar para conseguir engravidar tendo endometriose está relacionada à qualidade dos óvulos, de acordo com a médica. “Já temos muitas evidências científicas e está muito bem estabelecido na comunidade médica que esta condição também pode levar à formação de cistos ovarianos, que podem danificar o tecido ovariano e, consequentemente, diminuir a reserva ovariana”, esclarece Natalia.

Além disso, a endometriose pode atingir a resposta do corpo frente a tratamentos de infertilidade, como a fertilização in vitro (FIV) e a inseminação intrauterina (IA). “Nem toda portadora tem infertilidade. Mas havendo a necessidade de tratamento de reprodução, as pacientes podem precisar de doses maiores de medicação para estimular os ovários”, explica Alessandra Evangelista, especialista em Reprodução Assistida.

Tratamento 

O tratamento de endometriose consiste em medicamentos, mudança no estilo de vida e cirurgia. Dessa forma, o objetivo é controlar a progressão da doença. Segundo as especialistas, cada paciente tem uma indicação, e a escolha do método depende do estágio, da intensidade, do exame clínico e dos exames de imagem.

“Com o tratamento para endometriose em dia, realizado de modo individualizado, muitas mulheres têm conseguido viver o sonho de ter seu bebê em casa, através de técnicas de reprodução assistida”, esclarece Alessandra.

A médica diz ainda que evidências revelam que a cirurgia pode ser o tratamento de endometriose em mulheres sintomáticas, que desejam engravidar. No entanto, ela frisa ser importante avaliar o impacto do procedimento sobre a reserva ovariana, orientando a preservação através do congelamento de óvulos. “De qualquer forma, cada caso deve ser muito bem avaliado. Por isso, é necessário que a paciente procure um especialista em reprodução assistida para saber a respeito das possibilidades de tratamento disponíveis”.