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quarta-feira, 1 maio 2024

‘É possível ser firme na crença e tolerante’, diz teólogo

Foto: Reprodução

“O amor pela verdade e pela doutrina não é incompatível com o relacionamento pacífico”, afirma Gutierres Fernandes 

Por Patricia Scott

O Brasil registrou 2.214 violações de direitos humanos relacionados à intolerância religiosa, segundo o Disque 100 – Disque Direitos Humanos. O número indica um aumento de 80% se comparado com 2022, quando ocorreram 1.184 denúncias, provenientes de diversas regiões do país. 

São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia são os estados que chamam atenção pela recorrência nos casos. De acordo com o painel da Ouvidora Nacional de Direitos Humanos do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (ONDH/MDHC), há registros de denúncias de evangélicos e católicos. 

O assunto têm sido bastante debatido e difundido no Brasil. Neste domingo (21), inclusive, foi o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. Por isso, o teólogo Gutierres Fernandes, autor do livro “Quem Tem Medo dos Evangélicos? Religião e Democracia no Brasil de Hoje”, publicado pela Mundo Cristão, define intolerância religiosa, além de destacar algumas questões importantes a partir da base bíblica. 

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O que caracteriza intolerância religiosa?
Manifesta-se quando desrespeitamos ou rejeitamos as crenças e práticas religiosas de outros de maneira agressiva e violenta. É caracterizada por uma falta de amor e compreensão, que vai contra o mandamento bíblico de amar o próximo como a nós mesmos (Mateus 22.37-39). Quando não somos capazes de conviver em paz e em harmonia com aqueles que seguem diferentes caminhos de fé, estamos demonstrando intolerância.

'É possível ser firme na crença e tolerante', diz teólogo
Foto: Divulgação

No Brasil, há intolerância religiosa? Por quê?
Infelizmente, observamos casos de intolerância religiosa, especialmente contra religiões de matriz africana. Isso ocorre porque, embora sejamos uma nação com uma rica diversidade religiosa, ainda há aqueles que não respeitam as crenças alheias e acreditam que a fé pode ser imposta. Como cristãos, devemos lembrar que cada pessoa é imagem e semelhança de Deus, independente de sua fé, e que o respeito mútuo é fundamental para uma sociedade justa e amorosa. Evangelização é convencimento a partir da atuação do Espírito Santo, não imposição. É ser canal da graça de Deus, não da violência.

Como a igreja pode combater a intolerância religiosa?
Sendo um exemplo de amor e respeito. Devemos ensinar os membros sobre a importância da tolerância religiosa e mostrar, através de nossas ações e palavras, como conviver pacificamente com todas as crenças. A igreja deve ser um farol de amor e compreensão, refletindo o amor de Cristo por todos. O amor pela verdade e pela doutrina não é incompatível com o relacionamento pacífico. É possível ser firme sobre o que crê sem agir com intolerância.

Qual a instrução bíblica para o evangélico lidar com a intolerância religiosa?
Está baseada no amor e na compreensão. A Bíblia ensina a amar o próximo como a nós mesmos e a tratar os outros com o mesmo respeito e dignidade que desejamos. Em Mateus 5.44, Jesus orienta a amarmos nossos inimigos e orar por aqueles que nos perseguem, mostrando que o amor deve ser nossa resposta até mesmo diante da intolerância. Paulo disse que “se for possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens” (Romanos 12.18). Veja a ênfase de Paulo: “quanto depender de vós”. Ou seja, no que depender de mim devo conviver em paz com todos.

O que aprender com a postura de Jesus sobre intolerância religiosa?
A postura de Jesus em relação à intolerância religiosa é um exemplo para todos nós. Ele mostrou amor e compaixão por todos, independentemente de crenças ou origens. Cristo dialogou com samaritanos, gentios e pessoas de diferentes caminhos de fé, ensinando que o amor de Deus é para todos. Devemos aprender com Jesus a importância do respeito, do diálogo e do amor incondicional. A Bíblia ainda diz: “Não por força nem por violência, mas pelo meu Espírito’, diz o Senhor dos Exércitos”. (Zacarias 4.6).

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