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quinta-feira, 2 maio 2024

Crente duas caras

Igreja é também local de acolhimento - Foto: Freepik

Temos de receber a todos. A Igreja é um lugar de tratamento, então sabemos que teremos todos os tipos de pessoas se aproximando

Por Patrícia Grosman [Atualizado por Márcia Rodrigues]

Atualmente a Igreja enfrenta uma afluência de pessoas que, mesmo estando dentro dos templos, vive uma vida dividida entre seguir suas próprias vontades ou cumprir aquilo que Deus ordena na Bíblia. O mundo conhece a Cristo por meio do seu testemunho? Você é um cristão autêntico ou um crente duas caras?

A Bíblia está repleta de histórias de homens que caíram e que se levantaram mediante o arrependimento. Mas é, realmente, possível cumprir aquilo que Jesus ensinou, sendo um cristão autêntico, genuíno? Deraldo Furquim, pastor no Paraná, é incisivo ao dizer que sim, mas que o cristão tem vivido um momento histórico complicado, que requer firmeza de caráter. “O século XXI tem oferecido muitos ‘manjares’, oportunidades e facilidades. Falta ao cristão personalidade firme. Existe a pregação de um Evangelho ‘light’ que nos distancia de Deus, onde só se exalta a necessidade de ser próspero”, disse.

Esse Evangelho “light”, sem alicerces, sem chamada ao compromisso, sem restrições, sem limites, sem sofrimento, sem obediência, compromete a imagem da Igreja e a pregação do verdadeiro Evangelho. “O evangelho poderoso é que deve ser anunciado. Porque hoje Jesus atua como nosso advogado, mas no dia final será nosso Juiz”, enfatizou o pastor Furquim.

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“Existem muitas igrejas e uma enxurrada de pessoas se ‘convertendo’. Muita gente se converte sem mudança, sem renúncia, sem novo nascimento. Não há transformação de vida, pois elas ainda fumam, bebem, fazem tudo o que faziam antes. Falta firmeza de decisão e continuam vivendo um Evangelho superficial”, complementou.

Furquim reforçou que muitas dessas pessoas acreditam que como Jesus é misericordioso e amoroso elas podem viver essa vida leve e sem compromisso. Mas em Provérbios 6,16:19, lê-se: “Estas seis coisas aborrecem o Senhor, e a sétima a sua alma abomina: olhos altivos, língua mentirosa, e mãos que derramam sangue inocente; coração que maquina pensamentos viciosos, pés que se apressam a correr para o mal; testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia contendas entre irmãos”.

Espelho fiel

Todas essas coisas são, conforme esclarece a pastora Regina Wanzeler, da Igreja Nova Jerusalém na cidade de Serra (ES), aspectos de uma vida que desagrada ao Senhor, mas pelos quais aqueles que vivem uma vida dupla podem ser reconhecidos.

A vida do cristão deve ser um espelho, onde a imagem fiel de Jesus e sua luz se reflitam sobre todo o mundo. Mateus 5,14:16 ensina que o cristão é “sal da terra e luz do mundo”. Por isso, fica tão difícil compreender que haja pessoas ‘duas caras’ frequentando a igreja. A pastora Regina chama a atenção para o fato de os ‘falsos crentes’ estarem dentro das igrejas disfarçados, “como lobos em pele de ovelha”. Para ela, geralmente onde estão espalham intrigas, malícias, palavras frívolas, fofoca e contendas.

Entretanto, a pastora Regina lembra que igreja é também local de acolhimento: “Sempre digo que a igreja é como um hospital. Temos de receber a todos. Por ser um lugar de tratamento, sabemos que teremos todos os tipos de pessoas se aproximando. O papel da igreja é buscar e achar o perdido, recuperá-lo, dando o tratamento adequado a essa doença”.

“Hoje, muitos líderes pecam por não saber como falar. É preciso ter cautela para chegar até a pessoa, sabendo se vou ajudá-la ou se vou criar outro sentimento nela. Então, é muito mais fácil fazer ‘vista grossa’ e fingir que nada está acontecendo. Por isso que muitos escândalos têm acontecido no meio das igrejas. As igrejas estão inchadas, mas de pessoas doentes”, disse.

Reflexão

  • Qual a prioridade que Deus tem em sua vida?
  • Como o seu relacionamento com Deus interfere no seu cotidiano?
  • Sua vida cristã condiz com o que você prega?
  • Você ama o próximo?
  • Quantas pessoas conheceram a Jesus por meio do seu testemunho?
  • As pessoas no seu trabalho ou na escola sabem que você é crente?
  • Se você é o único crente na família, acredita que através do seu testemunho eles poderão se interessar pelo Evangelho e ir à igreja?
  • Você tem certeza da sua salvação?
  • Você vai à igreja?
  • Você lê frequentemente a Bíblia?
  • Você é dizimista? Sabe da importância disso para seu crescimento espiritual?

Se boa parte de suas respostas foi NÃO, releia e medite sobre o que Jesus revelou ao apóstolo João em Apocalipse 3,14:22.

Nova criatura

A mudança é a única solução. “Temos de ser como o rei Davi, que reconheceu o seu pecado e se arrependeu. Não podemos agir como o rei Saul, que sempre colocava sua culpa nos ombros dos outros, como se não fosse responsável por ela”, alertou o pastor Furquim, ressaltando que somente com a verdadeira mudança haverá salvação.

O processo de mudança começa dentro da igreja. “É preciso que a igreja assuma seu papel de restauração. Nosso ministério é de cura e libertação. A minha preocupação é de que cada membro que chega na minha igreja seja tratado, mas eu sempre deixo claro quais são as consequências do pecado. Se eu me calar, estou participando do pecado do meu irmão, permitindo que ele tenha uma vida de derrota por causa de suas atitudes”, enfatizou a pastora Regina.

O professor Moisés Sarquiz, teólogo e psicanalista adventista, acrescenta que muitas vezes essas manifestações são fruto de uma alteração psicológica que requer cuidados médicos especializados. “A pessoa pode nem estar consciente de seu erro, porque vive um distúrbio de personalidade. Ela precisa primeiro descobrir quem de fato é, assumindo a sua identidade, pois a identidade é que molda a personalidade”, ensinou. Ele afirma que o pastor precisa ter maturidade espiritual para discernir quando a necessidade da ovelha é de aconselhamento bíblico ou quando precisa de atendimento médico.

Mesmo assim, segundo Sarquiz, não se pode esquecer que Deus deu ao homem a possibilidade de optar: “Por que oramos se Deus já sabe do que precisamos? Oramos porque Ele nos dá a liberdade de decidir aquilo que queremos. As pessoas têm a possibilidade de se restabelecer, se reconhecerem que o bem é maior que o mal, e que podem ser curadas”.

Esta é uma versão reduzida e atualizada da matéria publicada originalmente na edição 214 da Revista Comunhão, de março de 2015. As pessoas ouvidas e/ou citadas podem não estar mais nas situações, cargos e instituições que ocupavam na época, assim como suas opiniões e os fatos narrados referem-se às circunstâncias e ao contexto de então.

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