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quinta-feira, 2 maio 2024

Conheça as 4 fases de um relacionamento abusivo

Foto: Reprodução

Segundo especialista, para a vítima é muito difícil romper com uma relação tóxica porque, normalmente, a violência não acontece todos os dias

Por Patricia Scott

Nesta sexta-feira (08) é celebrado o Dia Internacional da Mulher, data propícia para falar sobre um tema que afeta a ala feminina: relacionamento abusivo. Muitas mulheres se submetem a relações que afetam o bem-estar físico, mental e emocional delas.

Nos últimos anos, houve no Brasil um aumento significativo e preocupante nos casos de feminicídio, crime que costuma ser o ápice desse tipo de relacionamento. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública registraram 722 feminicídios entre janeiro e junho de 2023, um aumento de 2,6% comparado ao mesmo período do ano anterior. No Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, o número de mulheres vítimas desse tipo de crime aumentou 33% em janeiro de 2024, na comparação com o mesmo mês em 2023, conforme informação do Instituto de Segurança Pública do governo.

Dentro desse contexto, as campanhas de conscientização e prevenção contra esse tipo de crime também estão aumentando. É perceptível, no entanto, a dificuldade que muitas mulheres têm de romper com o ciclo de um relacionamento tóxico.

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De acordo com a psicóloga Josefa Ferreira, é inegável o contexto histórico e cultural que reforça a crença de que as mulheres são propriedade dos parceiros. Outro ponto destacado pela especialista é a dimensão da violência psicológica que o abuso coloca, que pode atrasar um momento importantíssimo para romper o ciclo de violência: a denúncia.

Josefa explica que para a vítima é muito difícil romper com um relacionamento tóxico porque, normalmente, a violência não acontece todos os dias. De acordo com a psicóloga, o relacionamento abusivo possui uma estrutura cíclica, o que significa que a convivência com o parceiro não vai mal o tempo todo. Ela oscila entre momentos de humilhação e agressão e situações de valorização e afeto. Desse modo, a vítima releva os acontecimentos ruins.

Josefa pontua que uma frase comum para justificar a permanência no relacionamento é: “Ele não é sempre assim”. Essa postura relativiza a violência, diz a especialista.

4 fases do relacionamento abusivo

O ciclo de abuso pode ser identificado em quatro fases, segundo a psicóloga: tensão, incidente, reconciliação e lua de mel. “Na tensão, o abusador cria situações para deixar a vítima ansiosa, com medo de que algo aconteça; no ápice dessa expectativa vem o incidente, que pode ser uma agressão verbal, física ou alguma outra atitude violenta”.

Logo em seguida, continua Josefa, vem a reconciliação, o momento em que o abusador se desculpa pelo descontrole, mas coloca a culpa na parceira para tentar diminuir a gravidade do incidente. “Por fim, inicia-se a lua de mel, a fase da calmaria, na qual o abuso é esquecido até que o ciclo recomece novamente”.

Cuidado não é controle

É preciso destacar que cuidado não é controle, e atitudes controladoras não significam amor. Assim, o homem não pode fazer as escolhas pela mulher, como se ela fosse uma propriedade. A opinião feminina precisa ser respeitada, assim como a autonomia.

“Muitas mulheres possuem um histórico familiar parecido e acabam normalizando a relação abusiva. A violência, muitas vezes, é confundida com cuidado, amor e carinho. Mesmo quando descobrem que estão sendo abusadas, elas sentem vergonha e culpa pela situação, mantendo-se afastadas de amigos e familiares e presas no discurso do abusador”, detalha Josefa.

Na visão da especialista, é fundamental reforçar o investimento em políticas públicas voltadas à prevenção da violência doméstica, a fim de proteger as mulheres vítimas desse crime. “Para quem está de fora, em caso de agressão, o ideal é denunciar às autoridades cabíveis. Do ponto de vista individual, é muito importante buscar ajuda profissional para se fortalecer e conseguir quebrar o ciclo de abuso, sem cair em armadilhas”.

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