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quinta-feira, 2 maio 2024

Autismo: é preciso lidar com as diferenças com respeito e empatia

Foto: iStock

O Dia Mundial de Conscientização do Autismo, celebrado nesta terça-feira (2), chama a atenção da população para a necessidade de proteção e acolhimento

Por Patricia Scott

Com o tema “Valorize as Capacidades e Respeite os Limites!”, o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, celebrado nesta terça-feira (2), chama a atenção da população para a importância do respeito às habilidades e às particularidades dos autistas e destaca a necessidade de proteção e acolhimento deles. A data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de informar o que é a condição, além de promover conhecimento sobre as necessidades e os direitos das pessoas que estão no espectro autista.

Dados do CDC (Center of Deseases Control and Prevention), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, revelam que existe hoje um caso de autismo a cada 110 pessoas. Dessa forma, estima-se que o Brasil, com mais de 200 milhões de habitantes, possua cerca de dois milhões de autistas. No país, há o Estatuto da Pessoa com Deficiência, que estabelece a legislação de diretrizes de acessibilidade e inclusão para esse importante grupo da sociedade.

A Palavra de Deus não expressa claramente o autismo, mas destaca importantes princípios, como empatia, acolhimento, aceitação, compaixão e amor, que devem fazer parte do cotidiano dos autistas e também dos familiares. “É importantíssimo o apoio, o suporte. O nível de estresse das mães é muito alto, sem contar que muitas delas são abandonadas pelos maridos”, enfatiza a pastora Isabella Pinheiro, da Igreja Batista Lagoinha, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

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Segundo a líder religiosa, o crente precisa colocar em prática o ensinamento de Salomão, em Provérbios 31.8,9: “Defenda os que não têm voz e os direitos dos excluídos. Defenda a justiça! Aja em favor do pobre e do necessitado”. “Desse modo estaremos, agindo como Jesus, que tinha prazer em incluir as pessoas na sociedade. Por isso, Ele andava entre os leprosos, lunáticos e marginalizados”.

Autismo: é preciso lidar com as diferenças com respeito e empatia
Pastora Isabella Pinheiro, da Igreja Batista Lagoinha Niterói – Foto: Arquivo Pessoal

Para envolver todos os membros nesse processo, a Igreja Batista da Lagoinha Niterói tem promovido capacitação com as professoras de Escola Bíblica, como também com os voluntários dos demais ministérios. “Todos precisam entender as necessidades dos autistas, qual abordagem é conveniente, como tratar com a família, estratégias de ensino das mensagens bíblicas”, diz Isabella, acrescentando que o trabalho tem sido um desafio, mas gratificante. “É lindo observar o desenvolvimento deles, a maneira como adoram o Senhor. E também o caminhar com os pais, que encontraram em nós uma nova família”.

Na igreja, foi implantada a sala de regulação. O espaço “nasceu” para ser um local de inclusão. “Para ajudar no processo de adaptação dos nossos atípicos com dificuldades com o novo ambiente. Para aqueles que têm dificuldade em crise sensorial ou que estão em desconforto, e o professor não consegue dar conta. Após a estabilização, retornam à sala do Estudo Bíblico”, explica a pastora, que emenda: “A cada pequeno gesto, colocamos em prática Isaías 58.6-14, que orienta a quebrar as correntes da injustiça”.

Condição neurológica

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurológica que afeta a forma como as pessoas percebem e interagem com as outras. Ele gera desafios para a comunicação social e para o comportamento. O termo “espectro” enfatiza uma grande variedade de sintomas e gravidades. Ele inclui autismo, síndrome de Asperger, transtorno desintegrativo da infância e uma forma não específica de transtorno invasivo do desenvolvimento.

Uma das coisas fundamentais que pais e cuidadores de crianças com autismo precisam é desenvolver a independência delas, segundo Gesika Amorim, pediatra, neuropsiquiatria e especialista em Tratamento Integral do Autismo. Afinal, nem sempre os pais poderão estar ao lado dos filhos. “Por isso, em primeiro lugar, é preciso buscar uma maior compreensão do que é o autismo e conhecer o seu filho, conquistando e respeitando a sua confiança dia a dia”.

Autismo: é preciso lidar com as diferenças com respeito e empatia
Gesika Amorim, especialista em Tratamento Integral do Autismo – Foto: Divulgação

Segundo Gesika, é preciso também compreender que cada criança é única, e a diversidade é natural. ”Assim, uma maneira de ajudar é fazer brincadeiras que a estimule, que a ajude a superar os limites”, indica, ao sinalizar para os pais: “Procure ter uma rotina com seu filho e nunca faça comparações entre ele e outro autista. Cada pessoa é única”.

Outra atitude importante, de acordo com a médica, é esclarecer as dúvidas dos familiares e amigos sobre o autismo, pois dessa forma é possível combater o preconceito. “E não deixe de buscar apoio de grupos e perfis sobre autismo, de buscar ajuda de pessoas, pais e cuidadores, que vivenciam situações semelhantes”, orienta.

A médica pontua ainda que, no autismo não verbal, o indivíduo também apresenta limitações para expressar o pensar e o sentir, o que desejam ou precisam, sendo um desafio ainda maior para os pais e cuidadores ao trabalhar o desenvolvimento da criança. “Por isso, a importância do diagnóstico precoce; pois a intervenção correta é primordial para otimizar o desenvolvimento da criança”. 

Gesika frisa que há atitudes que jamais devem ser colocadas em prática com a pessoa que apresenta o transtorno do espectro autista, como buscar métodos “alternativos” de cura, esconder a condição do espectro autista, camuflando as estereotipias, mentir, silenciar e estigmatizar. “Isso perpetua o preconceito”.

Benefícios e inclusão

Pai de uma criança autista, o especialista em finanças pessoais João Victorino explica que o autismo pertence a um grupo de condições do desenvolvimento, conhecido por transtornos do espectro autista (TEAs). Geralmente, os sinais aparecem durante a infância e tendem a permanecer e, às vezes, aumentar na adolescência e na fase adulta.

Nesse sentido, João compartilha que as famílias responsáveis por pessoas com o transtorno tendem a ter altos gastos para garantir uma boa qualidade de vida. “O tratamento demanda apoio de profissionais de várias áreas da saúde, e o custo de um acompanhamento adequado pode ficar, muitas vezes, inviável para a maioria das pessoas que enfrentam esse desafio”. 

Autismo: é preciso lidar com as diferenças com respeito e empatia
João Victorino, pai de uma criança autista – Foto: Arquivo Pessoal

Desde março deste ano, começaram a valer novas regras de alteração de rede hospitalar dos planos de saúde, estabelecidas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Entre as mudanças estão a ampliação das regras da portabilidade, a obrigação da comunicação individualizada e a necessidade de manter/elevar a qualificação do hospital a ser substituído.

“Para o autista viver bem em sociedade, benefícios precisam ser concedidos, e, para que os direitos desse grupo sejam respeitados, a população também precisa colaborar. Esse é o único jeito de promover a inclusão”, avalia.

 

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