Por isso que Jesus disse “Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas”, conforme registrado em Mateus 19:14”
Por Bento Adeodato
No texto que publiquei no facebook no sábado, dia 22/05/2021, escrevi sobre o sofrimento das famílias pelos desvios de conduta de seus membros e afirmei, respaldado na Bíblia, em Gênesis 8:20-21 e Jeremias 17:9-10, que “o ser humano é inclinado para o mal desde a infância”.
Esta afirmação, à primeira vista, parece “pesada” e “sem sentido”, afinal aprendemos que a criança é “pura” e sem “maldade” no coração. E de fato, a criança, até chegar a idade da razão, é “inocente”, isto é, sem culpa, porque não pensa ou premedita o “mal”, mas age apenas por instinto.
Por isso que Jesus disse “Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas”, conforme registrado em Mateus 19:14.”
Veja que a interpretação deste versículo nos leva a refletir que “o Reino dos céus também pertence aos adultos que forem semelhantes às crianças” – não guardem rancor, não premeditem fazer o mal, perdoem as ofensas dos outros contra si, amem as outras pessoas sem preconceitos, enfim, aos que busquem ser puros de coração e, para estes, existe a promessa de Jesus de que eles “verão a Deus”, conforme está escrito em Mateus 5:8.
Mas, a grande questão é: como fazer com que uma pessoa se torne adulta, mas permaneça com o coração puro como de uma criança? Isso é impossível para o homem, porque nossas experiências negativas nos relacionamentos com as outras pessoas vão nos ensinando a ser vingativos, rancorosos, preconceituosos, a amar uns e odiar outros… Por isso que dizem que “o homem é produto do meio em que vive”.
Pela lógica, se o meio em que vivemos é o “mundo” e o “mundo inteiro está sob o controle do maligno”, conforme está escrito em 1 João 5:19, uma pessoa influenciada apenas pelo modo de viver do “mundo” será uma pessoa má, segundo o padrão de Deus, que é infinitamente bom.
Aqui, é preciso ter bem claro o que é o “mal”. Este não é apenas comportamento nocivo às outras pessoas ou à sociedade; não é apenas descumprir os mandamentos de Deus ou as leis dos homens. Mas, tudo aquilo que não é cem porcento bom é mau.
Este conceito de mau e bom, ou bem e mal, não se entende comparando ser humano com ser humano, mas é preciso comparar o ser humano com Deus. Deus é tão bom que, nem seu Filho Jesus Cristo, quando esteve como homem sobre a terra, aceitou ser chamado de “bom”. “Certa vez, um homem de alta posição perguntou a Jesus: “Bom mestre, que devo fazer para herdar a vida eterna?”.
“Por que você me chama de bom?”, perguntou Jesus. “Apenas Deus é verdadeiramente bom”. Esta passagem da vida de Cristo está registrada em Lucas 18:18-19.
Talvez você esteja pensando que eu estou escrevendo uma heresia ou blasfêmia ao dizer que “devemos comparar a nossa conduta com o padrão do próprio Deus”. Eu não estou blasfemando, nem sendo herege, porque foi o próprio Jesus quem, ao pregar que “devemos amar os nossos inimigos”, concluiu dizendo “… sejam perfeitos como perfeito é seu Pai celestial”, conforme registrado em Mateus 5:48.
Aí está o nosso engano: quando julgamos que uma pessoa é boa nós a estamos comparando com outras pessoas que são más ou não são tão boas. Mas, para Deus, a nossa comparação não deve ser de um ser humano com outro, mas o nosso padrão de conduta deve ser o próprio Deus, por meio de seu Filho Jesus, que viveu na terra e nos ensinou o padrão de conduta que agrada a Deus. Algumas dessas condutas são:
– Buscar a face de Deus em oração (2 Crônicas 7:14)
– Perdoar aos outros as ofensas que sofremos (Mateus 6:12 e 6:14-15)
– Suportar humilhações por amor a Cristo (Atos 5:41)
– Honrar pai e mãe (Efésios 6:2)
– Viver em santidade (1 Pedro 1:15)
– Viver em paz com todos os seres humanos (Hebreus 12:14)
– Amar as pessoas, inclusive os inimigos, como a si próprio (Mateus 22:39 e 5:44)
– Ser misericordioso com todos, inclusive com os pecadores (Mateus 9:10-13)
– Interceder a Deus por todos os seres humanos (1 Timóteo 2:1)
– Não praticar a ira nem a vingança, mas deixar que Deus lhe faça justiça (Romanos 12:19)
– Não fazer acepção (discriminação) de pessoas (Tiago 2:1-4 e Romanos 2:11)
– Não ter amor ao dinheiro e ao acúmulo de bens materiais (1 Timóteo 6:10; Mateus 6:19 e Lucas 12:16-21)
– Não praticar o mal – roubo, assassinato, adultério, falso testemunho etc – contra o próximo (Êxodo 20)
– Não pagar o mal com o mal, mas pagar o mal com o bem (Romanos 12:17 e 12:21)
– Não ser arrogante com os outros, mas ser humilde e manso de coração (Romanos 12:16 e Mateus 11:29)
Estes comportamentos todos Jesus resumiu em dois mandamentos “Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de toda a sua mente’. Este é o primeiro e o maior mandamento.
O segundo é igualmente importante: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. É o que está escrito em Mateus 22:37-39.
Está claro para nós que o ser humano natural, sozinho, não consegue seguir o padrão de conduta estabelecido por Deus em sua Palavra. Por isso, segundo o padrão de Deus, nenhum de nós, seres humanos, é bom e todos somos pecadores e fomos destituídos da glória de Deus, conforme está escrito em 1 Coríntios 2:14 e 3:9, Romanos 3:23 e Efésios 2:3.
Porém, o ser humano que reconhece Jesus como Senhor e se submete à vontade de Deus é regenerado por Cristo e vai crescendo a cada dia em graça e no amor de Deus e, a cada dia, por meio da oração e do estudo e prática da Palavra de Deus, que está na Bíblia, o Espírito de Deus (Espírito Santo) vai transformando a sua mente e o seu coração, para se parecer cada vez mais com Jesus, ou seja, até atingir a estatura de Cristo, conforme escrito em Efésios capítulo 2, versículos 1 a 5 e capítulo 4, versículos 13, 15, e 21 a 24.
Esta transformação no caráter e comportamento do ser humano redimido por Jesus é sobrenatural e não tem nada a ver com mérito nosso, por esforço próprio. Tudo é feito pela ação do Espírito Santo enviado por Jesus para habitar em nós, conforme João 14:16-17 e 14:26.
O comportamento do homem “natural” é errante e se ele crescer sem a orientação, exemplo e cuidado de um adulto tenderá se tornar um ser nocivo à sua família e à sociedade.
Não é somente nos princípios e comportamento que a criança precisa ser ensinada. No plano espiritual, o ser humano “natural” também não pode ver o reino de Deus nem herdar a vida eterna. Por isso, quando o fariseu Nicodemos foi procurá-lo à noite, Jesus lhe disse que “se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” e lhe ensinou que “Deus amou tanto o mundo que deu seu Filho único, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”, conforme está escrito em João 3:1-7 e 3:16.
Levar Jesus às pessoas, principalmente às crianças, com exemplo de comportamento, amor, paz, alegria, paciência, mansidão, humildade e amabilidade, não somente produz resultados para a vida espiritual das pessoas que recebem Jesus como seu Senhor, mas traz resultados positivos para a sociedade, porque o verdadeiro cristão tem o seu caráter de homem natural transformado por Jesus e o Espírito Santo, deixando de ser violento, egoísta, materialista, idólatra, individualista, grosseiro com as pessoas, caloteiro, descumpridor de contratos, soberbo, descumpridor das leis e normas de convivência social e passa a ser uma pessoa que mostra em si o mesmo comportamento de Jesus, manso e humilde de coração, e o fruto do Espírito, que é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio, conforme escrito em Romanos 1:28-32, Mateus 11:29 e Gálatas 5:22,23.
A Igreja pode transformar a sociedade para melhor, não buscando ocupar espaço na estrutura do estado para obrigar as pessoas a cumprirem, por meio de lei, normas desta ou daquela religião, mas vivendo cada um de nós, em nossos relacionamentos interpessoais, no dia-a-dia, o Evangelho de Cristo.
O verdadeiro Evangelho de Cristo transforma a sociedade onde chega, de forma pacífica, mas contundente, muitas vezes com o sofrimento dos Cristãos, os quais não são instruídos por Deus para matar ou odiar o seu semelhante, mas são instados pela Palavra de Deus a, se for necessário, se humilhar e morrer pelo Nome do Senhor Jesus, conforme está escrito em Atos 7; 15:25-26 e 21:13; Filipenses 1:20; João 21:18-19 e Romanos 14:8.
Que o Senhor tenha misericórdia de mim e dos meus irmãos e irmãs em Cristo e nos ajude não apenas a pregar, falando aos outros, mas que realizemos o Reino de Deus aqui na terra, vivendo o verdadeiro Evangelho e, assim, como Igreja, unidos pelo exemplo de vida cristã, possamos ir transformando a nossa rua, nosso bairro, nossa cidade, nossa nação e o mundo até o grande dia da segunda vinda de Jesus. (Mateus 24:42-51).
Bento Adeodato Porto é procurador federal aposentado.