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sexta-feira, 3 maio 2024

Aproveitando melhor os recursos humanos na Igreja

O motivo para o grande número dos que apenas consomem os programas nas igrejas pode ser a excessiva centralização das ações nos pastores

Por Joarês Mendes de Freitas

Nos anos 60, uma charge bastante rudimentar representava um problema enfrentado pelas igrejas e que, desde então, só tem aumentado. O desenho mostrava um carro atolado na estrada, três pessoas tentando empurrá-lo, enquanto algumas permaneciam em cima do veículo fazendo maior o seu peso. Na margem da estrada outras pessoas só observavam. A caricatura denunciava o fato de que são poucos os que servem na igreja, enquanto outros aumentam o trabalho e ainda há aqueles que são apenas expectadores, quando não, críticos do que está sendo feito.

Embora bastante precárias em nosso meio, as estatísticas dizem que apenas de 20 a 25 por cento dos membros das igrejas atuam em algum dos seus ministérios. O fato significa um entrave enorme ao avanço da obra, um vez que grande parte do exército cristão está inativo. Essa realidade se parece com o que vemos num jogo de futebol. Vinte e dois atletas em campo correndo, suando, alguns exaustos, enquanto uma multidão apenas olha, grita, aplaude ou critica.

Os motivos para o grande número dos que apenas consomem os programas nas igrejas são os mais diversos, mas a matriz dessa carência de servos no trabalho pode ser uma excessiva centralização das ações nos pastores e ministros, o que reduz o envolvimento dos chamados voluntários. Esse processo de clericalização inibe a participação de muitos, dos erroneamente chamados de leigos. Eles se sentem incapazes de servir à altura dos ministros e até mesmo acham irrelevante a sua contribuição.

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No milagre dos pães e peixes, Jesus nos dá uma preciosa lição de descentralização. Ele poderia simplesmente ter obtido do Pai o alimento para toda aquela gente, mas preferiu envolver as pessoas no seu milagre. Ele compartilhou o problema com Felipe: “Onde compraremos pão para todo esse povo?” (Jo 6.5); diante da sugestão de dispensar a multidão ele responsabiliza os discípulos: “Vocês devem lhes dar de comer” (Mc 6.37); Jesus utiliza os recursos mínimos do rapaz encontrado por André (Jo 6.8); após o milagre, pede aos discípulos para fazer a distribuição (Mc 6.41); ao final, manda que recolham o que sobrou (Jo 6.12,13). Podia ter feito tudo sozinho, mas não agiu assim.

Em nossas igrejas, sempre haverá os que não querem se envolver, mas há também muita gente que poderia estar servindo. Como mobilizar essas pessoas? Devemos começar enfatizando o sacerdócio universal do cristão, ou seja, todos têm um ministério no corpo de Cristo; ajudar cada membro a identificar seus talentos e os dons do Espírito Santo que possui; oferecer um programa de treinamento tanto teórico quanto prático; gerar oportunidades para o desenvolvimento gradual; suprir motivação e encorajamento mostrando o valor do trabalho realizado; elogiar, honrar e destacar a dedicação das pessoas, mesmo quando as coisas não saem exatamente como se esperava.

Quanto maior o número de membros envolvidos nas ações da igreja, melhores podem ser os resultados. Esse é um desafio que deveria ser abraçado por todos que exercem liderança.

Joarês Mendes de Freitas é pastor emérito da Primeira Igreja Batista em Jardim Camburi, Vitória, ES e ex-presidente da Convenção Batista do Espírito Santo.

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