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quarta-feira, 1 maio 2024

Anatomia existencial da queda

Distante do Senhor, descontrolamos nosso organismo, porque temos na alma um espaço na medida do Espírito de Deus

Por Clovis Rosa Nery

O homem é uma unidade bio/psico/social/espiritual. Em outro texto, eu disse que a ciência mostra que no genoma humano há características biológicas, psicológicas e, em fase de pesquisas, sociológicas e espirituais que deveriam funcionar harmonicamente.

Todavia, quanto ao vacilo de Adão (Gênesis 3), a Bíblia diz o seguinte: “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram” (Romanos 5:12).

Como a consistência de um conhecimento a posteriori é balizada por sua condição a priori, o que sabemos a respeito do homem hodierno está contaminado pela superficialidade, pois o nosso DNA foi corrompido, e falta-nos acesso ao código fonte.

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É fato que o “pacote mortal” da queda legou-nos sequelas que são transmitidas de geração em geração. Essa é uma das causas de transtornos cognitivos, emocionais e motores, porque declinando da condição primeva, tornamo-nos narcísicos.

Originalmente, criados para obedecer às leis naturais, estamos sujeitos a elas. Se o comportamento for vacilante os efeitos das leis psicofísicas serão notórios. Mesmo um simples movimento desatento pode nos acidentar em vista às leis físicas.

Originalmente, criados para obedecer às leis espirituais, uma vez maculada a existência, a essência enveredou-se por um desajustamento. Distante do Senhor, descontrolamos nosso organismo, porque temos na alma um espaço na medida do Espírito de Deus.

Porém, em vista da redenção em Cristo, no Céu há um lugar destinado a cada salvo. Se desejamos uma eternidade feliz, mas amamos coisas e usamos pessoas, está na hora de rever posicionamentos para não atropelarmos o futuro de nossa alma.

O primeiro ponto nevrálgico aqui é que, via de regra, proporcional à capacidade da pessoa de reconhecer o seu estado será o desejo de transformação. Nessa condição, muitas como cegas, vegetando em seus delitos, seguem a jornada na periferia da vida.

O segundo ponto tem a ver com a mudança propriamente dita. Mas “como” se o comportamento habitual estiver descompromissado com os padrões Celestiais? Para viabilizar a regeneração é necessário arrependimento e fé.

Aprendemos com a repetição e com ela formamos hábitos que moldam nosso comportamento. Certamente, os “errinhos” e os “pecadinhos” do dia a dia, se compulsivos, no lapso temporal, maculam o caráter.

O estrago cognitivo é claramente observável. Embotando a consciência, a pessoa inverte os padrões mentais: acredita estar certa, estando errada; estar forte, estando fraca; estar saudável, estando doente, e por aí vai.

Motivada por fantasias, ela ficará emocionalmente vulnerável. Desilusões podem acarretar medos, e minar a coragem. Nesse estágio, em tese, o transtorno potencializará anedonia, com retardo psicomotor visível ou, noutro extremo, ansiedade generalizada.

O quadro é complexo, porque quanto mais corrompidos, mais necessitaremos de apoio do Alto; porém, menos receptivos seremos. Por isso, concessões Divinas que chegam a nós é Graça (Efésios 2:8).

Pela fé, Deus nos restaura e nos fortalece com Sua profilaxia. Mesmo tendo o Senhor como escudo (Gênesis 15:1) Abraão corria risco de amar mais o filho Isaque do que o Pai Celestial. Provado e aprovado ele cresceu um pouco mais (Gêneses 22).

Ainda que a experiência seja dolorosa ou apreensiva, a exemplo do Patriarca, não menosprezemos as correções, nem as provações. Enquanto estivermos neste mundo, elas farão parte integrante de nosso tratamento e treinamento Celestial.

Clovis Rosa Nery é psicólogo, pesquisador e escritor.

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