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quinta-feira, 2 maio 2024

A culpa é de Adão, Eva ou nossa?

Adão e Eva levaram a humanidade à autonomia radical com o uso de sua liberdade e aí se iniciou o caos. Foto: Pinterest

Desde a queda do ser humano, a Terra vive em total declínio e pecado. Mas por que, até hoje, sofremos com as consequências das atitudes de Adão e Eva?

Por Cristiano Stefenoni

Nem precisa ir muito longe. Uma rápida volta pela rua ou um simples acesso às redes sociais e é possível ver o estrago que o pecado fez ao planeta Terra: violência, mentiras, corrupção, promiscuidade sexual, catástrofes naturais, acidentes, fome, enfim a lista é grande. Mas afinal, de quem é a culpa? Adão, Eva ou nós mesmos? Aliás, por que estamos pagando até hoje por um erro cometido pelos primeiros pais da humanidade?

Para o teólogo Lourenço Stelio Rega, Ph.D. em Ciências da Religião, as respostas não são tão simples assim, visto que o plano de salvação da humanidade é muito mais complexo do que se imagina. Ele explica que a queda do homem não tem a ver, necessariamente, com uma fruta em si, mas sim, com a decisão de Adão e Eva em seguir a vida por conta própria, sem a presença de Deus em suas tomadas de decisões.

“O fruto que eles não deveriam comer era o ‘Fruto do conhecimento do bem e do mal’ (Gn 2:17). As palavras ‘bem’ e ‘mal’ (na Teologia) ou ‘certo’ e ‘errado’ (na lógica) estão conectadas ao campo da Ética. Assim, ao tomar desse fruto, eles estavam declarando sua independência de Deus, do criador, e instalando a sua própria autonomia. Isso tudo mostra que Deus criou o ser humano com liberdade – poderiam escolher comer ou não –, mas eles queriam mais, queriam ser independentes”, explica Rega.

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Segundo o teólogo, essa postura de Adão e Eva responde, inclusive, por que a Bíblia diz em Romanos 3 que “Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” e “Não há um juto sequer”, ou seja, essa autonomia e sentimento de independência de Deus atravessou as gerações, e hoje, cada um é responsável pelos seus próprios atos.

Stelio explica que há uma parte da Teologia que trata do assunto sobre o pecado, chamada de “Hamartiologia”, em que trata dessa transmissão das consequências da rebelião de Adão e Eva no Éden. Isso á chegou a ser chamado de “Teoria Federativa”.

“O ser humano foi criado como um ser que decide, um ser ético. E até hoje sempre decidimos, mesmo que não tomemos nenhuma decisão, decidimos não-decidir, pois uma não-decisão é também uma decisão. O ponto aqui é que, ao decidirmos, precisamos de referenciais. Adão e Eva levaram a humanidade à autonomia radical com o uso de sua liberdade e aí se inicia o caos. Sem o Criador, a criatura começa a destruir a criação, os seus semelhantes e a si mesmo”, justifica.

E se engana quem pensa que a responsabilidade foi apenas de Eva, a primeira a ceder a tentação e comer o fruto. O teólogo explica que, como “uma só carne”, as decisões bem como as suas consequências eram conjuntas.

“Adão e Eva foram colocados na criação para ‘juntos’ nela viverem e a governarem. Gênesis 2:25 mostra que os dois seriam ‘uma só carne’ e isso não seria apenas em uma conjunção física. Infelizmente as traduções que temos de Gn. 2:18 seguem a Septuaginta, que é a tradução para o grego do Antigo Testamento e não o texto hebraico, que coloca a mulher como parceira colegiada do homem. Assim, aos dois, criados à imagem de Deus (Gn. 1:27), foi dado o mandato cultural de gerenciar a Terra e os seus fenômenos (v.28). Assim, tomavam suas decisões colegiadas”.

Já a decisão de não destruir Adão e Eva no mesmo momento e recriar a humanidade do zero, Stelio Rega diz que Deus é amor, e que assim como uma mãe corrige um filho que erra, sem tirar a sua vida e gestar outro, o Senhor sempre teve um plano de salvação para a humanidade, com o sacrifício de Jesus.

“Como Criador, Deus teria todo o direito de fazer isso, como um oleiro que está moldando um vaso e, não gostando de seu formato, destrói tudo. Mas, acima de tudo, Deus amava a criação e os humanos que colocou para governar. Então, Ele decidiu colocar em ordem o cenário. Assim, temos em Gênesis 3:15, o que chamamos na Teologia de ‘protoevangelho’, isto é, o primeiro evangelho, em que Deus já anuncia que o descendente da mulher iria destruir Satanás e seus militantes”, diz.

E completa: “Em Romanos 5:8 temos o clareamento disso ‘Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores’. Na realidade, Jesus Cristo veio restaurar toda a criação, além do indivíduo (Ef 1)”, afirma.

Já o pastor Raphael Abdalla, da Primeira Igreja Batista em Guarapari e presidente da Convenção Batista do Estado do Espírito Santo, lembra que todos nascemos com uma natureza pecaminosa e precisamos da graça de Cristo, inclusive, os bebês e as crianças.

“A Bíblia é clara em afirmar que todos pecaram. E ⁠as crianças não estão de fora dessa lógica. Por exemplo, um pequeno que ri quando o coleguinha cai. Ninguém ensinou isso, é consequência da queda. As pirraças, mentiras que não foram ensinadas. Tudo consequência da queda. Ao invés de destruir o homem, Deus escolheu redimir. Em Cristo, somos reconciliados com a eternidade”, finaliza.

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