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quinta-feira, 2 maio 2024

Como lidar com a mentira, na hora de educar os filhos?

Foto: Reprodução

Há casos em que o ato de mentir é justificado? Essa é uma questão que deve ser discutida no dia a dia das famílias, para que as crianças aprendam, desde pequenas, os valores que devem seguir

Por Patricia Scott 

Nesta segunda-feira, 1º de abril, é celebrado o Dia da Mentira. No dicionário, mentira significa engano, falsidade, fraude. Alguns defendem que há mentira positiva, que não faz mal a ninguém, tornando a prática até socialmente aceita, em determinados casos. Essa é uma questão, entretanto, que, no dia a dia das famílias, deve ser discutida, principalmente na hora de educar os filhos e ensinar a eles, desde cedo, as consequências do ato de mentir. 

Treinar em família para falar sempre a verdade é um exercício necessário. Isso porque, segundo Telma Abrahão, biomédica e especialista em neurociência e desenvolvimento infantil, as crianças veem o mundo preto no branco e entendem aquela “mentirinha boa” como algo aceitável, já que muitos pais, que são o principal modelo dos filhos, fazem.

“É importante ser um bom exemplo de honestidade, pois os filhos vão detectar as mentiras ‘inocentes’. É bom lembrar que não existe perfeição na humanidade, somos falhos e errantes, mas podemos aprender a errar menos e ensinar os nossos filhos a fazerem o mesmo”, expõe.

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Desse modo, Telma acredita que a chave é manter a comunicação adequada para cada faixa etária. Saber como funciona o comportamento da criança ajuda a entender os motivos da mentira, que muitas vezes é apenas uma fuga para evitar um castigo ou a desaprovação e a decepção dos pais.

A especialista revela que compreender essas fases de desenvolvimento cognitivo e emocional pode auxiliar a manter a comunicação aberta com a criança, trazendo exemplos de confiabilidade, conversando sobre honestidade e deixando fluir o papo naturalmente, adequando as explicações à idade.

“É preciso evitar ameaças e castigos, sejam físicos ou psicológicos, para que a criança não desenvolva medo de contar algo. A reação, quando ouvimos uma história e percebemos que não corresponde à realidade, deve ser comedida também. Uma explosão de raiva, um sermão, rótulos de mentiroso, muita argumentação e até pedir muitos detalhes da história para mostrar que pegou a mentira podem afastar a criança e criar ali uma barreira que depois fica ainda mais difícil de transpor para acabar com o costume de mentir”, orienta Telma.

Por que as crianças mentem?

A especialista esclarece que crianças pequenas não mentem de forma intencional. Elas ainda não possuem o córtex pré-frontal suficientemente amadurecido para “arquitetar” um plano racional para enganar os pais ou qualquer outra pessoa. “Crianças pequenas mentem, porque misturam realidade com fantasia ou por medo. Em muitos casos, simplesmente confundem vida real com o mundo lúdico”.

Assim, quando a história contada não condiz com a realidade, é apenas uma mistura do mundo lúdico em que ela está inserida com o que de fato aconteceu. “Até por volta dos quatro anos, elas são propensas a simplesmente confundir o que realmente aconteceu com a imaginação ou esquecer a verdade. Isso se soma à dificuldade natural de controle de impulsos nessa idade”, explica Telma.

Em contrapartida, as crianças maiores mentem, na maioria das vezes, pelos mesmos motivos que adultos, pontua Telma: para evitar um resultado negativo, punição ou constrangimento; ajudar alguém a se sentir melhor ou impressionar, por exemplo. E ainda para exercer poder sobre os outros e ganhar a admiração ou para evitar desapontar uma figura de autoridade.

“Crianças maiores já possuem o córtex pré-frontal suficientemente desenvolvido para inventar uma mentira e mantê-la de forma lógica e intencional. Elas já possuem a habilidade de mentir deliberadamente para se livrar de problemas ou de algo que não querem fazer. Mas também desejam desfrutar de um relacionamento próximo e confiante com os pais, mesmo que isso signifique enfrentar a consequência ocasional por algo que fizeram ou deixaram de fazer”, pondera a especialista em educação neuroconsciente.

O que diz a Bíblia?

A Palavra de Deus destaca que mentir é pecado, já que possui grande potencial de destruição. Por isso, o Senhor ordena o povo a não mentir (Levítico 19.11). O Criador abomina a mentira, determinando ainda: “Não darás falso testemunho contra o teu próximo”.

Jesus também falou algumas vezes sobre a mentira. Em João 14.6, Ele se descreve como “o caminho, a verdade e a vida”. Assim, não é por acaso que o diabo é descrito na Bíblia como o “pai da mentira” (João 8.44).

Outra observação importante sobre a mentira: quando Deus criou o mundo, a serpente usou a prática para enganar Eva. Dessa forma, ela foi convencida de comer o fruto proibido, da árvore do conhecimento do bem e do mal. Assim, a mentira foi o instrumento usado pelo diabo para causar a separação entre o ser humano e Deus. 

A partir dessas verdades bíblicas, a orientação de Salomão aos pais é: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho, não se desviará dele” (Provérbios 22.6). Isso significa estar ao lado do pequeno, para que ele aprenda não somente com palavras, mas também com atitudes, ações e reações. 

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