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sexta-feira, 26 abril 2024

Voluntariado: obra que transforma vidas

Visitas em hospitais levam conforto espiritual e ânimo para ajudar os pacientes.

Por Ivy Coutinho

Motivado pelo filme “Patch Adams – O Amor é Contagioso” e inspirado na vontade de fazer o bem ao próximo como forma de agradecimento a Deus por tudo que Ele oferece, Fábio de Assis Picanço lidera o grupo Operários da Alegria. A turma, que se veste de palhaço e super-heróis, faz visitas aos hospitais infantis de Vila Velha (todos os sábados) e de Vitória (mensalmente). Por onde passa, a trupe é bem recebida e benquista.

“Em maio, completamos 10 anos de voluntariado. Em 2005, depois de algumas oficinas de preparação e batismo, ainda muito tímido e talvez nem tão preparado, mas com o pensamento de que Deus não escolhe os capacitados e sim capacita os escolhidos, iniciei os trabalhos juntamente com o grupo de voluntários mais experientes do Hospital Infantil de Vitória”, lembra Fábio. Ele conta que em 2010, juntamente com outros dois voluntários, Renato (operário Eka) e sua esposa, Elisangela (Risinho), fundara os Operários da Alegria, diante da necessidade que existia de atender ao Hospital Infantil de Vila Velha.

“Nesse início, não tínhamos camarim para nos trocar e fazíamos isso num banheiro para deficientes cedido pela instituição. Desde então, o nosso grupo vem crescendo, e contamos com a colaboração de outros voluntários. É importante ressaltar que todos que participam precisam ter o compromisso de fazer no mínimo uma visita por mês e que estejam dispostos a deixar várias opções de lazer nos sábados à tarde, abraçando essa causa de levar consolo, amor, alegria e humanização às crianças hospitalizadas”.

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Fábio diz, ainda, que no ambiente hospitalar, a equipe aposta no riso como um dos remédios. “Levamos alegria a fim de tirar o foco da doença. Nós entramos nas enfermarias já provocando muitas gargalhadas, cantando canções ao som do violão, soltando bolinhas de sabão. Estas, por sinal, são um sucesso entre as crianças menores. Usamos alguns truques de mágica, entre outras coisas. Buscamos interagir com alguma situação encontrada no ambiente, sempre no improviso. Assim, seguimos por todas as enfermarias, sem deixar de brincar com os profissionais de saúde, limpeza e seguranças, entre outros, encontrados pelo caminho”.

Outro grupo que faz o bem dentro dos hospitais é a juventude da Igreja Adventista do Sétimo Dia de Cidade Continental, que desde o início de 2014 trabalha com ações sociais na Unidade de Pronto-Atendimento de Carapina. Cerca de 20 jovens se reúnem a cada 15 dias, sempre às sextas-feiras, para levar a Palavra e entregar lanches a acompanhantes, pacientes e funcionários da UPA. Além de bolos, pães, torradas, sucos, leite e outros alimentos, eles oferecem materiais de leitura, como livros e folhetos.

Os temas são a Bíblia, Deus e reflexões sobre saúde e qualidade de vida. Em datas comemorativas, preparam atividades especiais, como no Dia das Mães, quando visitaram o Hospital Jayme dos Santos Neves, distribuindo lembrancinhas para elas. O pastor Vilson Machado, da Igreja Batista do Planalto,em Linhares, também transmite os ensinamentos de Cristo aos doentes. Ele serve no Hospital Geral de Linhares há três anos. “Mantido pela Convenção Batista do Estado do Espírito Santo, Igreja Batista Memorial em Linhares e Igreja Batista no Bairro São José, também no município, meu trabalho é de assistir os enfermos, seus acompanhantes, servidores, médicos e enfermeiros em suas necessidades espirituais.

O trabalho é realizado todos os dias da semana, de domingo a domingo. Para isso, a capelania conta com mais de 250 visitadores religiosos. Além de visitarmos os internos e o pronto- socorro sistematicamente, queremos pôr em prática os projetos chamados ‘Sete Minutos’ e ‘Pós-Alta’, assim como o ‘Internação’, que consiste em preparar os que se internam para cirurgias”. Vilson explica que o paciente que recebe a Palavra de Deus é mais receptivo ao tratamento médico. “Eles exercem fé. São mais dóceis ao quadro técnico. Com isso, os resultados são sempre positivos. Daí a valorização dos hospitais que têm o serviço de capelania”.

Natanael Gomes, pastor aposentado da Metodista, também é um voluntário em casas de saúde. “Estava pastoreando a comunidade de Vila Garrido, em Vila Velha, quando decidi usar uma parte do meu dia de descanso semanal para dar assistência espiritual a pacientes internados no Hospital Evangélico. Aquilo que começou espontaneamente, graças a Deus, está completando 12 anos. Há uma equipe de voluntários que trabalha sob a supervisão de dois capelães contratados pelo hospital, e eu tenho a honra fazer parte dela. Atualmente, meu trabalho tem sido realizado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Quando Jesus disse ‘Eu estava enfermo e me visitastes’ (Mt 25.36), logo a seguir Ele se identifica com o vulnerabilizado. Então, é nosso dever estar ao lado do sofredor. É muito agradável sentir que posso ser útil às pessoas, levando-lhes um pouco de ânimo”. Segundo o pastor Natanael, a Igreja, em geral, tem desempenhado relevante papel junto aos necessitados. “Na prática de atos dadivosos, por meio de sua intervenção, com atendimento sócio-espiritual, que muitas vezes estão fora do alcance do poder público, a Igreja consegue atingir o paciente oferecendo-lhe mudança de vida e proporcionando novas esperanças para famílias e, muitas vezes, comunidades inteiras”, finaliza.

Nas Escrituras

Essas e tantas outras demonstrações de amor ao próximo comprovam que as boas ações fazem parte do dia a dia das igrejas. E não é para menos, já que nas Escrituras Sagradas o voluntariado aparece em diversas passagens. Tiago diz que a fé sem obras é morta (2:14-17); o salmista pede a Deus para “restituir a alegria da salvação e sustentá-lo com um espírito voluntário” (51.12); João afirma que o nosso dever não é só de palavras, mas com ação e em verdade (João 3:17-18); e Jesus, com seu exemplo, ensina aos Seus discípulos que será bendito no Reino de Deus todo aquele que atender ao necessitado na sua necessidade (Mateus 25:34-36). Com isso, as denominações evangélicas têm se empenhado para fazer o bem ao próximo.

Segundo o pastor-presidente da Assembleia de Deus de Maruípe, Vitória, Natanael Ferreira Nunes, o voluntariado constitui-se de importante ferramenta das entidades do terceiro setor, onde se inserem as igrejas, no desenvolvimento de relevantes trabalhos com intuito de promover o bem social. “É o conjunto de ações de interesse social e comunitário em que toda a atividade desempenhada é revertida em favor do serviço e do trabalho.

“É feito sem recebimento de qualquer remuneração ou lucro e motivado por causas que não são de benefício próprio, mas de interesse social, com o objetivo de proporcionar uma qualidade de vida melhor a alguém ou a um grupo social”, disse. Para Natanael, desempenhar trabalhos voluntários é, sobretudo, uma ferramenta para selar a união das pessoas com o Pai, “tendo em vista a resposta de Jesus ao doutor da lei, em Lucas 10.27, que indagando acerca do que fazer para herdar a vida eterna, o Mestre respondeu: ‘Amarás ao Senhor teu Deus de todo coração, alma, forças e entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo’.

“Trata-se do amor na prática da misericórdia por meio de atos de entrega pelos necessitados, como atitudes características da própria natureza de Deus”, explica. José Areias, titular da Igreja Redenção (antiga Missão Cariacica), concorda com Natanael acrescentando que a Palavra de Deus é direta ao dizer que podemos ter fé, mas devemos desenvolver também nossas obras.

“Caso contrário, a fé que efetuarmos será morta. Thiago diz que as obras são as respostas daquilo que cremos, obedecemos e praticamos (1:17). “Quando realizamos as obras em direção ao próximo, seja nas ruas, nas cadeias ou nos hospitais, estamos obedecendo à Palavra, que diz que devemos ter o mesmo amor para com o próximo, como temos por nós mesmos (Mc 12: 31)”. Natanael explica que o voluntariado é de fundamental importância, por reproduzir a essência do amor na prática. “Seu valor é reconhecido, haja vista o resultado alcançado na vida de muitas pessoas que, inclusive, experimentaram mudança de vida socioespiritual quando são alvos de atitudes dadivosas”.

O pastor José diz que as ações sociais são essenciais à Igreja. “O corpo precisa ser atuante e não estagnado, a Igreja precisa fazer seu papel, pois o próprio Jesus disse que essa responsabilidade era nossa (Mt 25:35-36). Encontramos inúmeros casos de vidas reféns de doenças ou prisões, sem apoio familiar, financeiro ou do Governo, esquecidas pelos sombrios lugares da vida, sentindo a dor da solidão, a enfermidade incurável diante dos médicos, o definhamento do corpo, a repetição de um mesmo dia, dentro do mesmo quarto de um hospital. O voluntariado é uma grande oportunidade para levarmos as boas novas aos necessitados”.

Instituições e pacientes avaliam

Para a gerente do Núcleo Sócio-Terapêutico do Hospital Estadual Infantil e Maternidade Dr. Alzir Bernardino Alves (Himaba), Carolina Dellorto e Silva, o trabalho que as igrejas realizam nos hospitais é de extrema importância. “Percebo que é um serviço fundamental, pois as pessoas que estão fragilizadas. Tanto mães quanto crianças se sentem mais ‘fortes’. Quem faz este tipo de trabalho em casas de saúde leva apoio espiritual e acolhimento num momento muito oportuno. Vejo que quem recebe as orações, a palavra de apoio, obtém enorme conforto e fica fortalecido. E as mães ficam mais positivas em relação ao tratamento”, disse. Internada no Hospital das Clínicas por 10 dias por conta de problema nos rins, a cabeleireira Priscila Félix Cerqueira, 31 anos, membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia de Cidade Continental, Serra, se sentiu confortada. “São várias denominações que fazem visitas às pessoas internadas. Isso é muito bom porque como a Bíblia diz ‘Ide e pregai o Evangelho a todas as criaturas’. Esse trabalho leva a Palavra a quem está doente. Nos sentimos mais confiantes. Nesses momentos, sentimos que Deus está agindo onde os médicos não estão”, contou.

Seja um voluntário

• Hospital Geral de Linhares – pr. Vilson Machado  – 99605-5743 e [email protected]
• Operários da Alegria – Fábio de Assis – [email protected] e facebook.com/operariosdaalegria

A matéria acima é uma republicação da revista Comunhão. Fatos, comentários e opiniões contidos no texto se referem à época em que a matéria foi escrita.

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