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quinta-feira, 2 maio 2024

Todo mundo é capaz de cantar e de tocar um instrumento musical

Qualquer pessoa é capaz de tocar um instrumento e de cantar, do mesmo modo que é capaz de falar, de enxergar e de ouvir

Por Atilano Muradas

Ministro aulas de música há mais de 40 anos. Em todo esse tempo, lembro-me de ter encontrado apenas dois alunos completamente desafinados, mas que, com o tempo, consegui recuperar. Digo “recuperar”, porque no DNA dessas pessoas já havia uma capacidade inata de cantar e tocar algum instrumento musical. O problema é que, até aquele momento, tal capacidade ainda não havia sido desenvolvida.

Essas duas experiências me fizeram acreditar que qualquer pessoa é capaz de tocar um instrumento e de cantar, do mesmo modo que é capaz de falar, de enxergar e de ouvir. E se não consegue, é porque algo de errado aconteceu no meio do caminho, tipo a pessoa possuir alguma limitação física ou intelectual que a impede. Só não fala, não enxerga e não ouve, quem tem algum impeditivo. Se uma pessoa tem dedos que funcionam normalmente, ela será capaz de aprender a tocar um instrumento, da mesma forma como aprende a usar o computador, o garfo e a faca. Se tiver pregas vocais, será igualmente capaz de cantar. Simples assim!

Não se precipite! Não estou afirmando que qualquer pessoa pode, apenas pelo treino, cantar como os melhores cantores e tocar como os melhores instrumentistas. Absolutamente! Em qualquer área, sempre existirá uma gradação de 1 a 10. Uns serão nota 10, outros, 7, e outros, 2. Mas, TODOS, sem exceção, poderão cantar e/ou tocar em algum nível. Para comprovar essa afirmação, basta entrarmos em uma igreja e observarmos as pessoas cantando. Mesmo em tons inadequados, o povo vai se virando pra cantar junto, e é fácil perceber que praticamente todos estão afinados. Quem, porventura, “aparenta” desafino ou falta de ritmo, são apenas os menos treinados. Caso recebam alguma instrução musical básica, na certa, ficarão melhores.

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Sejamos sinceros: toda pessoa, em algum momento da vida, “sonha” cantar e tocar um instrumento musical. Todavia, mesmo aqueles com quadro genético favorável, acabam não cantando ou tocando, e isso, por inúmeras razões, dentre as quais: falta de treinamento, falta de incentivo, desinteresse, preguiça, falta de alguém por perto que seja da área artística, etc. E o lamentável é que boa parte dos que rompem esses obstáculos e, finalmente, se aventuram no estudo da música, desiste já nos primeiros meses, ou diante da primeira palavra depreciativa que recebe. E isso acontece porque essas pessoas esperam que a formação musical se complete em apenas seis meses. Como isso seria possível, se qualquer curso técnico tem duração média de 1 a 2 anos, e um curso superior dura, no mínimo, 4 anos? Música é uma ciência tão complexa como qualquer outra, que requer disciplina, esforço e, sobretudo, anos de estudo e dedicação. E não falo isso para desestimular. Muito pelo contrário. Meu objetivo é que as pessoas estudem música, mas entendendo que poderá demorar um pouco mais do que imaginam até que se desenvolvam a contento. O segredo será a persistência.

A música, portanto, está acessível a todos, e quem se dispuser a estudá-la, seja profundamente, ou apenas superficialmente, aprenderá, em algum nível – o que já será muito útil –, por duas razões bem simples: primeiro, porque vai melhorar a própria vida da pessoa, pois, comprovadamente, a música ajuda em muito no desenvolvimento mental; e, segundo, porque essa pessoa passaria a entender, minimamente, o que os músicos estão fazendo. Está esperando o que pra começar a estudar música?

Atilano Muradas é pastor, jornalista, teólogo, escritor, compositor e palestrante. Possui 11 CDs gravados e 5 livros publicados. Recebeu o Prêmio Areté, pelo livro “A música dentro e fora da Igreja” (Editora Vida) e participou como comentarista da Bíblia Brasileira de Estudos (Editora Hagnos). Morou por 7 anos nos EUA, onde foi Secretário da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABIInter) e pastor-titular da Brazilian Presbyterian Church, em Houston, no Texas. É autor de vários musicais e articulista de periódicos no Brasil e no exterior

Este artigo foi publicado originalmente em 19 de Outubro de 2021 no portal da Revista Comunhão. As pessoas ouvidas e/ou citadas podem não estar mais nas situações, cargos e instituições que ocupavam na época, assim como suas opiniões e os fatos narrados referem-se às circunstâncias e ao contexto de então.

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